*Kemilly on.
Acho que se não fosse aquela moça me ajudar eu iria continuar ali sozinha naquele banheiro e passando mais mal ainda. Comer aquele lanche me fez bem, me levantei do chão, lavei mais uma vez o meu rosto e já entrei pra sala de aula, que logo começaria a próxima aula.
Os dias foram passando, e não passei mais mal na faculdade, acho que meu organismo já tinha se adaptado a rotina, e eu sempre tentava achar a tal moça que me ajudou para a agradecer, mas não me lembrava direito como ela era devido estar vendo meio embaçado aquele dia, e muito menos sabia seu nome.
-Ta pensativa Kemy?-dona Roberta me perguntava enquanto eu terminava de almoçar
-Tava pensando umas coisas aqui, tô com saudades de casa, dos meus pais, da dona Sonia, e mal tenho tempo de ligar pra eles pra peguntar como esta tudo lá
-Aqui na pensão eu sempre cobro dos meus hospedes quando vão usar o telefone, mas eu sei tudo o que passa, o quanto é batalhadora, quando quiser pode ficar á vontade e ligar para a sua familia
-Obrigada dona Roberta, mas o duro é que na casa dos meus pais não tem telefone, tem um orelhão lá perto de casa, mas fica meio difícil minha mãe ir me atender lá, esses dias tentei ligar lá de um orelhão no caminho da faculdade, mas ninguem atende e gastei dinheiro atoa, nem com a dona Sonia tenho falado
-Então vou ligar para minha irmã e você conversa com ela, e pergunta de sua familia
-Tudo bem
Dona Roberta logo a ligou, e ficou conversando um pouco com a irmã no telefone, para depois passar pra mim.
*Ligação*
-Dona Sonia?
-Kemy, querida, como esta?
-Tô bem, e você? meus pais? meus irmãos? to com tanta saudade
-Tô bem, e eles tambem estão bem, e felizes por você, estive na sua casa ontem e sua mãe reclamou de saudade, porém está muito feliz sabendo que você esta realizando seu sonho
-Tô com tanta saudade, eu tento ligar no orelhão lá perto de casa e nunca ninguem atende
-Hoje eu to cheia de coisas pra fazer, uns assuntos pra resolver, e acho que amanhã vou na sua casa de novo, e como sei que agora está trabalhando, te ligo nesse horário quando estiver chegado na pensão e você conversa com sua mãe
-Vou agradecer muito se fizer isso dona Sonia, manda beijo pra todos, e diz que os amo muito
-Pode deixar, e ter certeza que eles tambem amam muito você
-Quer conversar com a sua irmã?
-Quero-ela riu do outro lado-preciso ver se ela está cuidando direitinho de você
-Pode ter certeza que sim-disse sorrindo-mas então vou passar pra ela, porque preciso estudar
-Isso mesmo, estuda muito, beijos e fica com Deus
-Beijos, fica com Deus tambem
*Ligação*
Passei o telefone para a dona Roberta, e fui para o meu quarto estudar, pois já tinha provas marcadas, e como eu sou bolsista eu tenho que manter minhas notas sempre acima da média para honrar a bolsa que consegui. Estudei até dar a hora de ir pro meu emprego, tomei um banho, me arrumei, me despedi dos que vi pelo caminho da pensão e segui para mais uma noite de trabalho. Ali era um lugar que ia pessoas mais da alta sociedade, devido a localização, então era raro ter clientes mais humildes. Meu serviço era levar o cardápio para as mesas, anotar os pedidos, servir, e depois limpar as mesas, no começo eu achei que não ia dar conta, mas agora já estava adaptada a essa rotina. Estava entregando os cardápios das mesas, e vi que o pessoal de uma mesa perto da janela me olhavam cochichando e rindo, alguns rostos pareciam conhecidos, mas continuei o meu serviço até chegar na tal mesa.
-O que vão pedir?-os perguntei após os entregar o cardápio e eles se entreolhavam e riam
-Você por acaso é da primeira turma de jornalismo da faculdade aqui perto?-um carinha me questionou, e ai lembrei que ele era da mesma turma que eu
-Sim, porque?-o respondi inocente
-Por nada-disse o cara se entreolhando com os outros e rindo
Não entendi o porque daquilo, apenas anotei os pedidos deles, e depois continuei o meu serviço.
No dia seguinte, teria um trabalho em grupos na faculdade, e logo as panelinhas se juntaram, e eu fiquei sobrando, o professor que me encaixou em um grupo que tinha menos pessoas, e vi que eles não gostaram da minha presença ali. Começamos a desenvolver o trabalho, e eu via que eu era a unica que anotava as coisas ali, enquanto os outros riam, cochichavam, e conversavam assuntos nenhum pouco relacionados com o nosso trabalho.
-Gente, eu já anotei tudo do trabalho, e vocês não ajudam em nada-disse achando isso injusto
-É seu trabalho loirinha, anotar os pedidos dos outros-disse um moreninho do grupo e os outros riam
-É trabalho de todos do grupo ajudarem
-Nada disso, é seu trabalho, afinal não aprendeu isso ainda? garçonete-disse um outro cara do grupo e então me lembrei que era ele quem estava ontem na lanchonete
Todos começaram a rir sem parar, e eu não sabia o que fazer, eu era inferior a eles sim, era pobre sim, mas não precisavam me humilhar de tal forma.
-Meu trabalho é digno, pelo menos não sou filhinha de papai que tem tudo na mão, e ainda sai por ai humilhando os mais pobres
-Ninguem ta te humilhando queridinha-disse uma loira que lixava unha desde o começo da aula-mas se quer ser humilhada, eu faço questão de fazer isso direito-disse se levantando-GENTE UM MINUTO DA ATENÇÃO DE VOCÊS-gritou subindo em cima da mesa-QUEM QUISER FAZER ALGUM PEDIDO DE RODADA DE CERVEJA PRA NÓS, É SÓ PEDIR PRA ELA AQUI-apontou pra mim-A GARÇONETE DA SALA
Agora a humilhação foi completa, a sala inteira rindo de mim, eu respirei fundo e guardei minhas lágrimas, eles não teriam o gosto de ver eu sendo humilhada e chorar por isso. O professor logo conteve a bagunça, mas pra ele tanto fez, tanto faz o que falaram de mim, e agradeci a Deus por terminar logo aquela aula. Sai correndo para o banheiro e me tranquei ali, onde me permiti chorar, não estava sendo nada fácil passar por isso, longe das pessoas que amo, correndo atrás dos meus sonhos sozinha, e ainda convivendo com pessoas que só pisam em mim, eu não sabia até que ponto iria aguentar, mas eu chorei tudo o que tinha pra chorar ali naquele banheiro, e depois de me recuperar e lavar meu rosto, retornei pra aula seguinte de cabeça erguida, e fingia nem ligar para as risadinhas quando entrei, pois meu foco ali era os estudos, e não a opinião dos outros. Logo se espalhou na faculdade, que eu era garçonete, e via pessoas de várias turmas irem aonde eu trabalhava para me humilhar, inclusive sujar mesa, chão ou reclamar de algo só pra me prejudicar, eu não sei o que fiz pra eles, e nem o porque faziam isso comigo, mas eu estava suportando tudo com um sorriso no rosto e tendo a certeza que um dia eu vou dar a volta por cima dignamente.
*Luan on.
E não havia se passado nem três meses que Nicole havia entrado na faculdade e minha dor de cabeça já era grande, as festas, as baladas, era onde minha filha ia parar quase todos os dias. Ultimamente não estamos nos dando bem, quando estou em casa faço questão de a levar e a buscar da faculdade, e realmente vejo que ela faz de tudo para me pirraçar, mas não me dou por vencido, tento puxar assunto, perguntar como está indo, e ela apenas reclama e faz careta, além de me xingar por a colocar naquele "inferno".
-Como foi a aula hoje Nick?-a perguntei assim que ela entrou no carro
-To de exame em quase todas as matérias, pois entreguei em branco quase todas as questões das provas-disse toda irritada me entregando um papel com suas notas
-Mas você nem se esforça né Nicole, queria o que?-disse respirando fundo e vendo o preço que teria que pagar para ela refazer as provas-está na metade do primeiro semestre e você ainda não aprendeu a ter responsabilidades-disse super desapontando
-Sorry, a culpa não é minha-disse erguendo as mãos pro ar em sinal de defesa-você quem insistiu pra mim vir parar nesse inferno, então venho todos os dias de boa, mas se tiro nota ou não o problema é meu, afinal você quem vai pagar pra mim refazer as provas e não repetir de ano
-Nicole eu apenas queria que você evoluísse um pouco na vida, crescesse, se tornasse uma pessoa de responsabilidades, de sonhos, mas vejo que nada adiantou
-Nem vai adiantar papai-disse colocando seu óculos escuro e mexendo em seu celular-agora se seguir logo pra casa eu agradeço, cansa ficar nesse carro parada em frente a faculdade e falando com você
Resolvi não a dizer mais nada e seguimos pra casa, ela como sempre foi direto para o seu quarto, e eu para o meu escritório tomar uma garrafa de whisky assim que chegamos. Tomei uns dois copos enquanto lia um livro, essa era minha distração, além das minhas composições, até que ouvi batidas na porta.
-Entra-disse deixando o livro de lado e vendo Nicole entrar
-Pai, vou ser direta com você-disse se aproximando de mim-esse curso de administração é um saco, e não vai servir pra nada, eu não entendo nada, então como tenho uma amiga que faz jornalismo, e ela disse que é bem legal, então to querendo mudar de curso
-Sério?-fiquei surpreso ao ver ela querendo tomar um rumo
-Sim, e se puder ir amanhã mesmo conversar na faculdade pra trocar o meu curso eu agradeço, porque se for pra mim fazer alguma coisa, que seja algo legal pelo menos
-Fico feliz em ver você me pedindo isso, e não vou deixar pra amanhã coisa nenhuma, vou lá agora mesmo ver o que consigo, e quem sabe amanhã você já começa fazer jornalismo
-Por mim-disse dando de ombros-e se quando chegar em casa eu não estiver, fica tranquilo que tô na casa da Pri
-Chegando em casa antes da meia noite, tudo bem
-Que caretisse, eu sei me cuidar-disse revirando os olhos
-Mas tenha juízo, muito juízo
Ela saiu do meu escritório assentindo com a cabeça, e mesmo ainda sem entender esse pedido da Nicole eu segui até a faculdade pra ver se teria como ela mudar de curso. Demorei um bom tempo ali, eu tive que inventar mil motivos que levaram a troca do curso, e como ser o Luan Santana ajuda em muita coisa, consegui que trocassem o curso da minha filha, e no dia seguinte ela já poderia começar o curso de jornalismo.
*Kemilly on.
Finalmente havia chegado na minha sala de aula, pegar escadas não era fácil, já que aquele elevador vivia lotado. Logo no começo da aula entranhei o coordenador do curso aparecer na sala, e junto com ele havia uma moça, eu já devia ter a visto em algum lugar, mas não lembrava onde, talvez foi dos corredores da faculdade mesmo, ou algum dia que ela possa ter ido na lanchonete que eu trabalho.
-Bom dia turma, a Nicole Santana decidiu mudar de curso, e então a partir de hoje ela é da turma de vocês-disse o coordenador do curso
A sala começou a dar gritos, assovios e a bater palmas, e eu continuei na minha, mas assim que vi a moça correndo para sentar no fundão junto com os mais enjoadinhos da turma, vi que era só mais uma que estava ali e queria nada com a vida. A aula seguiu normalmente, e hoje o fundo estava terrível, conversaram a aula inteira, e agradeci a Deus quando deu o horário do intervalo, e que eu poderia finalmente ir para um lugar de paz, a biblioteca. Os dias foram passando, as provas chegando, e era engraçado que só nesse dia notavam minha existência, pois me imploravam pelas respostas da prova, e eu fingia nem ouvir, já que quem sacrificou a noite toda de sono para estudar foi eu, não eles.
-Turma, hoje terá uma prova em dupla-anunciou a professora, e a turma já começou combinar quem faria com quem, e eu apenas observando-porém não se animem queridos, como eu vejo que a sala tem sempre suas panelinhas, resolvi fazer um sorteio
-SORTEIO NÃO-todos da sala começou a reclamar
Foi uma reclamação atrás da outra, e a professora já decidida em seu modo de aplicar a prova, iniciou o sorteio, o que fez a sala reclamar mais ainda. Acabou sim saindo um ou outro com um amigo que gostava, e eu na expectativa pra ver quem seria minha dupla, apenas torcia para não ser ninguem do fundo.
-Kemilly-disse a professora tirando o papelzinho com o meu nome-e... Nicole Santana
Eu nunca havia falado com essa tal Nicole, e vi a cara dela de insatisfação ao saber que seria eu a dupla dela, e as risadinhas de seus amigos.
-Oi-disse ela se sentando na mesa ao meu lado
-Oi-a respondi
A professora terminou de sortear as duplas e começou a distribuir as provas, que tinha mais de 30 questões, gerando insatisfação total na sala, e tambem na menina que eu estava de dupla.
-Essa professora não deve ter marido, namorado, nem ninguem na vida, pra ter tempo de fazer tanta questão assim-disse a minha dupla reclamando e eu ri
-Relaxa, é tudo fácil, todas questões estavam no livro que ela passou pra turma ler, você leu?-a perguntei
-Que livro? nem sabia que tinha livro pra ler
-Todas as matérias tem livros pra ler, e pelo menos eles estão de sobra na biblioteca, já que ninguem se prontifica em ir lá
-Tem biblioteca aqui?-me perguntou a moça
-É logico-respondi rindo, sem saber se ela foi irônica ou realmente não sabia-sério que não sabia?
-Eu nem me preocupo em ir em biblioteca-ela riu-lá em casa tem uma estante cheia de livros no escritório do meu pai, e tenho pavor de chegar perto
-Que legal, queria eu ter muitos livros-suspirei me lembrando que meus livros eram todos doação de dona Sonia
-Credo, eu prefiro ter muitos vestidos, muitos sapatos, muitas capinhas de iPhone, do que ter livros, não vou usar pra nada
-Livros são cultura, eu amo ler, mas vamos começar fazer essa prova logo, porque daqui a pouco acaba o horário
Acabei que respondi todas as questões sozinha, vi que Nicole gostava de conversar, mas os assuntos dela não eram de meu agrado, principalmente por ela dizer de boca cheia que tem tudo o que quer, e de sobra. Como eram muitas questões, e eu tive que ler e responder tudo sozinha, fomos as ultimas a sair da sala, já quase estourando o horário.
-Obrigada por ter feito a prova-disse Nicole assim que estávamos saindo da sala-sério eu nem sabia que a gente estudava sobre aquelas coisas
-Tudo bem-sorri de canto-acho que conseguimos uma nota boa
-Tomara que sim-ela riu e vi que ela estava me olhando demais desde a sala de aula
-Agora vou pra biblioteca, e você deveria fazer o mesmo, mas já deve ter compromisso com seus amigos-disse seguindo pro rumo das escadas
-Ei... espera-ela disse me fazendo virar-eu acho que já falei com você antes, só que não me lembro onde...
-Não me lembro de ter falado com você antes-fui sincera-mas você tambem não é totalmente estranha pra mim, devo ter te visto em algum lugar por ai
-Talvez deve ter visto em alguma capa de revista, ou site de fofoca-ela disse rindo-vivo na mídia porque sou baladeira e filha de gente famosa
-Legal-sorri amarelo, ela sempre fazia questão de se exibir-mas agora vou indo, Nicole né?
-Isso, ou Nick, prefiro assim
Apenas assenti com a cabeça e segui para a biblioteca, já que perder meu tempo conversando com essa dai não ia ser nada proveitoso.
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Olá amores, bom, não sei, mas parece que a fic ta meio confusa kkkk, comentem o que estão achando, e qualquer duvida me perguntem, os proximos capitulos prometem, haha, bjoooos
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