quarta-feira, 29 de novembro de 2017

130º Capitulo

Quando Ricardo e Flávio ainda estavam em minha casa me passando algumas dicas de como cuidar da minha peruca, meu pai chegou sem entender nada, Alice estava enjoada em seu colo, devia estar com sono, e já se jogou para o meu colo assim que me viu.

-Oi gente-disse meu pai os cumprimentando-o que fizeram com a minha bebê?-sorriu me olhando

-Gostou pai?-sorri dando uma voltinha
-Ficou linda minha filha, não é Alice-conversou com ela que balbuciava algo-olha como sua mamãe ta linda
-Agora sim, tô me sentindo um pouco mais renovada-disse pegando Alice que queria meu colo
-E eu tô muito feliz, te vendo com esse sorriso-disse meu pai beijando minha testa-obrigado por virem aqui e transformarem ela desse jeito-meu pai os olhos agradecido
-Imagina senhor Santana, o que me satisfaz no meu trabalho é ver esse sorriso, como o da sua filha Nicole-disse Flávio
-Eu só dei uma ajeitada no corte da peruca, como sei que a Nick gosta-disse Ricardo
-Obrigada meninos-os agradeci mais uma vez-desculpa pelo meu choro, e minha incerteza quando chamei vocês, mas valeu a pena ter enfrentado o meu medo

Como eu não aguentava andar muito, nem ficar de pé, voltei com a ajuda do meu pai para o meu quarto, e fiquei ali com Alice que lutava contra o sono, enquanto meu pai foi acompanhar Ricardo e Flávio até a porta, para irem embora.


-Ta com soninho meu amor?-perguntei a Alice que coçava os olhinhos deitada em meu colo-a mamãe não aguenta ficar com você muito tempo, ta muito gordinha-apertei de leve suas bochechas e ela me olhou bravinha-daqui a pouco seu vovô vem te fazer dormir

-Cheguei-disse meu pai entrando em meu quarto minutos depois-quer que eu pegue ela?
-Sim-o entreguei Alice, e ele a ajeitou em seu colo
-Ta toda enjoadinha hoje, mal quis comer lá na minha mãe, só quis ficar no colo, por isso nem demorei vir embora
-Ela deve ta com sono, tenta fazer ela dormir
-Vou sim-disse beijando o rostinho de Alice-coisinha gostosa do vovô

Meu pai ficou um bom tempo com Alice fazendo birra em seu colo, até ela finalmente dormir, ele a deixou no quartinho dela e depois voltou no meu se sentando em minha cama pra gente conversar.


-Nem me contou que tinha decidido mudar o visual-disse todo curioso mexendo em meu novo cabelo

-Eu não queria que vocês criassem expectativas, pois foi bem de ultima hora, quase que desisto
-Mas ainda bem que não desistiu-sorriu alisando meu rosto-você ta tão linda Nick, até seu rostinho abatido melhorou
-Nem tanto-sorri sem humor-só fiz o que era certo, meu cabelo inteiro já estava caindo, então tive que o raspar de vez e tentar seguir em frente com um novo estilo-suspirei
-Então você raspou?-perguntou sem acreditar e assenti ainda achando aquilo tudo muito forte-mas nem parece filha, essa peruca parece ser o seu cabelo
-É o que quero acreditar pai, quando me olhar no espelho
-O Lucas vai amar te ver assim
-Será?
-Claro que vai, ele estava doido para você tomar essa atitude
-Na verdade vocês estavam, pois todos ficavam insistindo pra mim raspar meu cabelo e me adaptar a usar perucas, foi tudo no meu tempo, e aqui estou eu
-Ta linda demais-sorriu me abraçando-minha bebê-beijou meu rosto

Passei um bom tempo conversando com meu pai, e como ele controlava meus horários para comer e tomar remédios quando ele estava em casa, ele fez um lanche bem gostoso pra mim, um suco vitaminado, e mesmo com meu estomago rejeitando tudo, fui comendo devagarzinho, até sentir que não cabia mais. Lucas chegou da academia e eu estava quase dormindo, ele veio todo feliz me ver, pois tinha visto a foto que postei, ele e meu pai só sabiam me bajular e ficar me elogiando, mas como eu estava com muito sono, acabei dormindo e deixando os dois falando sozinhos.


-Nick, acorda-senti beijos em meu rosto-já dormiu demais meu amor-era Lucas

-Ta tão bom aqui-disse sonolenta
-Eu sei, mas você precisa tomar um banho, comer alguma coisa, ver a Alice, que ta fazendo uma bagunça com seu pai no quarto dele, quando ele ta em casa, nem de mim ela quer saber-disse todo dramático e ri de canto
-Mas deixa ela lá com ele, e fica aqui comigo-o puxei para me abraçar fazendo bico e ele me abraçou
-Ta dengosa amor-beijou meu pescoço
-Só um pouquinho
-Você ta tão linda-me fez olhar em seus olhos-a cada dia você só me deixa mais apaixonado
-Mentiroso-agarrei sua nuca-você é pior que meu pai, vê piriguete oferecida todo dia
-Ciumentinha, só para você saber, eu fico lá na academia e nem olho para ninguem, porque meus pensamentos estão todos aqui, nessa morena linda, dos olhos verdes-sorriu pra mim e selou meus lábios
-Continua mentindo mais ainda-ri de canto
-Nada que eu falo você acredita, assim fica difícil-ele riu-agora você precisa de um banho Nick
-Me leva?-o olhei manhosa

Com seu cavalheirismo, ele me levou no colo até o banheiro, mas o pedi para sair em seguida, pois meu corpo estava horrível, e eu não queria que ele me visse assim. Entrei na banheira, e fiquei lá um bom tempo relaxando, estava quase dormindo ali, eu realmente sentia um sono muito forte, e para despertar fui me enxaguar no chuveiro, mas fiquei só um pouco, pois já sentia fraqueza em minhas pernas. Coloquei meu roupão, e fui andando devagar até meu closet, Lucas estava no quarto e ficava de olho em tudo que eu fazia, cheguei em meu closet e tive que me sentar um pouco, pois estava cansada, meu celular estava carregando em cima da mesa dos meus produtos de beleza e de maquiagem, então como me via bonita no espelho, decidi tirar uma foto e postar no insta stories, sabia que meus fãs sentiam minha falta nas redes sociais, e por hoje eu estar me sentindo um pouco melhor, quis mostrar mais uma vez meu novo cabelo para eles.





Os dias pra mim demoravam a passar, e com o passar dos dias eu comecei a ter uma piora, muitas vezes fui parar no hospital por estar muito desnutrida e fraca. Entrando no mês de dezembro, veio a notícia que destruiu o fim de ano de toda família, minhas células estavam abaixo do normal, e o câncer estava me debilitando mais e mais, pois até meus movimentos eu estava perdendo, não conseguia nem sair da cama sozinha, muito menos pegar minha filha no colo, ela estava tão linda, com 11 meses, já engatinhava para todo canto, e arriscava dar alguns passinhos se segurando nos móveis, além de querer falar de tudo, do jeito embolado dela é claro, eu realmente sentia que meu fim estava próximo, e queria ao menos estar aqui para ver Alice completar um aninho, começar a falar, e a andar sozinha, mas a cada dia que eu acordava, era mais um dia de luta e sem perspectivas boas pra mim.


*Kemilly on.


O mês de dezembro chegou e eu estava mais acumulada de trabalhos do que nunca, ainda mais agora que sem eu aceitar nada, Javier saiu dizendo que estávamos namorando, e Morgan logo fez questão de publicar isso, claro que eu fiquei brava com os dois, mas não pude fazer nada, eu teria que manter esse namoro forçado, devido tantas campanhas que surgiram pra mim pousar com Javier. As férias da faculdade chegaram, e com isso tambem fui liberada do meu estagio no jornal, mas eu voltaria no ano que vem quando retomasse as aulas da faculdade, então a unica coisa que me prendia em Nova York eram as campanhas para o inverno, para as festas de fim de ano, e para algumas marcas que queriam que eu pousasse com meu namorado.


-Kemizita, vamos aproveitar nossa folga e andar como um casal pelo parque-disse Javier enquanto tomávamos café da manhã, em um dos raros dias que tínhamos folga

-Não sei Javier, queria ficar em casa hoje, a gente já saí juntos praticamente todos os dias
-Mas temos que aproveitar sozinhos tambiem-alisou minha mão por cima da mesa
-Tudo bem, vamos sair, afinal a gente mal aproveita a cidade que a gente mora

Eu e Javier decidimos tirar o dia para andar pela cidade, visitar alguns lugares turísticos, almoçar fora, e se curtir, afinal ele é meu namorado, e a gente ás vezes troca alguns beijos, mas não passa disso, ele nunca avança o sinal, e eu sempre fico na minha, achando estranho esse nosso namoro e o comportamento dele, me fazendo questionar se ele realmente gosta de mim, mas eu gosto da companhia dele e do jeito carinhoso que ele me trata.


-Por mais dias de folga assim-sorri me jogando em minha cama, e Javier logo entrou com minhas sacolas de compras em meu quarto

-Sí-sorriu se sentando em minha cama-foi ótimo passar o dia com mi amor
-Foi sim-cheguei mais perto dele o abraçando pelo pescoço-a gente trabalha tanto e mal tem tempo para aproveitarmos juntos
-Pois é-alisou meu rosto-nem tudo é trabalho
-Não-sorri de canto e o dei um selinho-tava pensando aqui, já faz dois meses que a gente namora
-Dois meses mais felizes de mi vida-selou meus lábios
-Javier, seja sincero comigo, você realmente gosta de mim?
-Claro que sí, tu eres mi amor
-É que ás vezes não parece-o olhei sincera-você mal me da atenção, só esses beijos secos, nunca demonstra que quer nada além disso comigo
-Nossa vida é corrida mí amor, me perdoe, fico muito cansado
-Mas a gente se vê todos os dias, moramos juntos, e você tem mais tempo livre do que eu, então não sei se você realmente fica cansado
-De onde estas tirando essas besteiras?-perguntou alisando meu rosto
-Não importa-suspirei-melhor eu tomar um banho-sorri para ele

Segui para o meu banho, e nem comigo deixando a porta apenas encostada ele apareceu, esse Javier é muito estranho, ele é tão diferente de Luan, que antes mesmo da gente namorar, ele já mostrava interesse em ir além comigo, sem contar que mesmo morrendo de cansado, ele se sacrificava vindo altas madrugadas para o meu apartamento só para dormir comigo, e ele sim era homem de verdade, tinha pegada, um beijo que me incendiava, um corpo maravilhoso, e na cama era incrível... tanta diferença de Javier, que não me faz nem ter vontade de ir para a cama com ele quando me beija, e que merda, porque eu estou pensando em Luan? me repreendi por pensar nele durante o banho, e a saudade daquele homem era maior que tudo, com certeza eu ainda o amo, mas eu preciso o esquecer, pois ele foi um cafajeste e só brincou comigo. Saí do banho, vesti minha camisola de seda e meu robe, fui até a cozinha e fritei um hambúrguer de queijo, estava com fome e logo Javier apareceu por ali sentindo o cheiro do que eu fazia.


-Interesseiro-disse enquanto colocava meu hambúrguer no prato e ele estava de olho

-Só um pouquito-disse rindo-mas fique tranquila mí amor, vou fazer minha parte
-Acho bom

Comemos nosso hambúrguer na cozinha mesmo, e antes de ir cada um para o seu quarto dormir, dessa vez o chamei para vir assistir filme comigo em meu quarto, ele aceitou e então nos deitamos em minha cama. Eu realmente achava ele estranho, só se deitou ao meu lado e ficou prestando atenção no filme, nem quis me abraçar, me beijar, ou me puxar para deitar em seu peito, então tomei atitude em me deitar sobre seu ombro e forçar um pouco até ele me abraçar.


-Ta legal o filme?-o perguntei enquanto alisava seu rosto tentando o fazer se virar para me beijar

-Sí-ria vendo o filme
-Achei que a gente iria namorar um pouquinho, durante o filme-o fiz me olhar e ele riu

O filme estava no final, e eu tentava o beijar, mas ele era muito sem graça, me deu alguns beijos secos, e nem quando subi em cima dele para ver se o beijo iria esquentar, ele não teve nenhuma atitude, não quis pegar em minha bunda, nem nada, esse Javier deve ser gay e finge gostar de mim por algum motivo. Então eu iria tentar apelar, e se nem assim ele demonstrasse que quer transar comigo, eu desisto desse cara, pois na verdade só queria testa-lo, e nem eu sentia essa atração toda por ele, pois até os beijos que trocamos acho sem graça.


-Queria tanto passar a noite com você-o disse após darmos alguns beijos e ele me olhou arregalado

-Quieres que eu durma aqui?
-Se você preferir, a gente dorme na sua cama-selei os lábios dele-mas acho que nosso namoro anda chato demais, queria que você e eu fossemos um casal de verdade
-Mas somos um casal
-Somos mesmo?-o olhei séria-pois parece que você nem gosta de mim
-Claro que gosto de ti
-Então vamos ir além no nosso namoro Javier, pois eu estou louca para ter você-disse o puxando para um beijo, na tentativa de ser mais intenso e ele logo parou
-És uma mulher de atitude-sorriu sem graça
-Que cara é essa?-ri o olhando-ás vezes acho que você nunca beijou uma mulher
-Claro que já beijei, mas a mais encantadora és você-selou meus lábios
-Você me acha atraente?-disse abrindo meu robe e ele olhou arregalado para o meu decote
-Muito
-Tambem te acho atraente-alisei o peitoral dele sobre a camisa que ele vestia-a gente namora, ta aqui sozinhos-selei os lábios dele-podíamos tentar fazer algo a mais
-Mí amor, me desculpa mas hoje não estoy bien-disse disfarçando e eu suspirei saindo de cima dele
-Tudo bem Javier, melhor você ir descansar no seu quarto
-Sí-sorriu de canto
-Boa noite querido-sorri para ele
-Boa noite, mí amor-selou meus lábios e saiu do meu quarto fechando a porta
-Boa noite amiga-comecei a rir assim que ele saiu

Depois dele ter fugido de mim, só tive a certeza que ele era gay, agora me restava descobrir porque ele quis forçar um namoro comigo, obvio que pensei que isso tudo foi por pressão de Morgan, porque ela vivia pedindo para namorarmos e que isso seria bom para nossa carreira como modelos. Mas eu sentia que tinha algo além dessa divulgação da agência em usar um namoro falso de dois modelos, e eu precisava descobrir a raiz disso, mas enquanto eu não fazia ideia do que era, iria continuar namorando Javier e rindo desse teatro que acabei entrando sem nem fazer ideia.


*Luan on.


Eu estava um caco, a cada dia minha filha ficava pior, e meu coração de pai só doía mais e mais a vendo sofrer, o que fez outra vez eu dar uma parada na minha agenda de shows, e me dedicar totalmente a Nicole, além de ter que ajudar a cuidar de Alice, que estava querendo começar a andar, a falar, e precisava de atenção mais do que nunca, nessa fase de descobertas e aprendizados para ela.


-Vovô, fala vovô-eu tentava ensinar Alice a me chamar e ela estava nem ai, só queria brincar com seus brinquedos dentro do chiqueirinho

-Ela tem que falar papai primeiro, fala papai meu amor, papai-Lucas tambem tentava e ela nem dava bola
-Falar vovô é bem mais fácil, Alice-a chamei-Alice, olha para o vovô-a fiz me olhar-fala vovô
-Fala papai Alice, você tem que falar papai
-Ela tem que falar vovô
-Ela tem que falar papai
-Ela tem que falar...
-Ti... ti...-Alice começou a apontar Bruna que entrava na sala
-Oi princesa da titia-a pegou no colo-você tava me chamando?-a olhou toda boba
-Claro que não Bruna, ela não iria me dar um desgosto desses-disse indo cumprimentar minha irmã que ria
-Eu escutei ela falar titi-disse Bruna
-Ela falou ti e depois ti, assim como fala, pa... ma... só o começo de frase, não é nada completo ainda
-Mas eu entendi que ela se referia a mim, não é Alice-disse Bruna beijando Alice que apontava para o chiqueirinho-quer voltar a brincar meu amor?
-Quer sim-disse a pegando do colo de Bruna e a colocando no chiqueirinho
-Veio ver a Nick?-Lucas a perguntou e Bruna assentiu
-Vim ver como ela ta-suspirou nos olhando
-Continua na mesma-disse entristecido
-Ela tava dormindo quando a gente veio pra cá brincar com a Alice, não sei se já acordou, se quiser vou com você lá em cima ver ela, daqui a pouco ela tem que tomar remédio mesmo, é bom que acorde agora-disse Lucas
-Ta bom, vamos lá Lucas-Bru assentiu

Os dois subiram para ver Nicole, e eu continuei na sala com Alice, ás vezes eu evitava ficar indo lá em cima ver minha filha, pois ela está muito debilitada, magra, cheia de hematomas roxos pelo corpo, e ela fala muita bobeira, está bem desanimada da vida, isso me deixa muito mal, por isso eu prefiro passar o dia cuidando de Alice e vendo aquele sorriso puro, que não sabe de nada que acontece a sua volta, mas mesmo assim sorri me passando um pouco de alegria. Durante á noite, depois de ter deixado Alice por conta de Lucas, para a dar banho, mamadeira, e faze-la dormir, eu passei no quarto de Nicole para a dar um beijo, e fui para o meu quarto tentar descansar um pouco, mas a mente estava pesada e cheia demais, então fui para o meu escritório compor, e beber um copo de whisky, minhas noites sem dormir eu tenho passado aqui, compondo e bebendo, mas não a ponto de me embriagar.


-Luan, ainda bem que achei você-Lucas entrou desesperado em meu escritório-a Nicole ta passando mal, igual aquela ultima vez que teve que ir para o hospital-dizia preocupado, mas tentando se manter controlado

-Meu Deus, de novo não-respirei fundo sentindo meu coração doer
-O que a gente vai fazer?-me perguntou meio desnorteado
-Levar ela para o hospital é lógico-disse já subindo as escadas e ele vinha atrás
-Mas e a Alice?
-Deixa ela na minha mãe, que eu vou levar a Nicole no hospital

Entrei no quarto de Nicole e ela estava chorando desesperada, havia vomitado sangue, e estava reclamando de dor, a peguei no colo, e com a ajuda de Lucas a coloquei no banco de trás do carro, ele estava tão desnorteado quanto eu.


-Sogro leva ela logo, que assim que eu deixar a Alice na sua mãe, vou direto para o hospital

-Tudo bem Lucas
-Vai ficar tudo bem meu amor-disse beijando a testa de Nicole, que mal conseguia falar de tanta dor que sentia

Fui ás pressas para o hospital, e como o caso era urgente, a levaram direto para dentro e me fizeram ficar na recepção, eu estava tão angustiado com medo de perder a minha filha, que já não aguentava mais ver ela sofrer, sempre era essa correria, esse desespero para traze-la no hospital, e eu não tinha mais forças para aguentar tudo isso sozinho, e se perdesse Nicole, minha vida iria acabar de vez. Nem sei quanto tempo depois, Lucas chegou perguntando sobre notícias, e eu estava ali sem saber de nada ainda, o médico que a atendeu era um plantonista, e certamente pela manhã o médico que cuida de Nicole quem iria ver o real estado dela.


-Não posso dizer nada concreto para os senhores, apenas vou deixar a moça em observação durante essa noite, e o médico que cuida do caso dela que poderá os informar melhor como ela está reagindo ao tratamento, assim que ele atende-la amanhã-nos avisou o médico que a atendeu agora

-Tudo bem doutor, era o que eu esperava ouvir-suspirei-mas a gente pode ficar com ela no quarto?
-Os dois?-perguntou nos olhando
-Sou o pai dela, e ele é o namorado
-Por favor doutor, ela vai se sentir melhor quando acordar e ver a gente ao lado dela-disse Lucas
-As regras do hospital não permite mais de um acompanhante, mas como não tem ninguem supervisionando essas horas, eu deixo vocês ficarem com ela, mas um dos dois tem que sair por volta das seis da manhã do quarto
-Tudo bem doutor, a gente entendeu-sorri de canto o agradecendo

O médico nos acompanhou até o quarto em que minha filha estava, e ela agora dormia e tomava soro, estava tão pálida, tão fraca, meu coração se apertava quando eu a olhava, beijei sua testa, e a olhei por alguns instantes, ela é minha unica filha, a coisa mais preciosa que tenho na vida, ver ela assim é a pior coisa do mundo.


-Sogro, deita ali naquela poltrona-disse Lucas tocando meu ombro

-Se quiser pode ficar ali Lucas, eu sento na cadeira
-Não, pode deitar na poltrona, você tem mais idade, eu fico na cadeira
-Tudo bem, já entendi que sou o idoso aqui
-Não quis dizer isso, só queria que meu sogro ficasse mais confortável
-Obrigado então-sorri de canto para ele e fui me deitar na poltrona reclinável, enquanto ele se sentou na cadeira, ao lado da cama de Nicole

Acho que nós dois não iriamos conseguir dormir em paz, pois toda hora que eu olhava para o lado ele estava acordado e tambem olhava pra mim, o que fazia nós dois rirmos. Nunca imaginei que Lucas fosse um cara tão gente boa, e que eu fosse gostar tanto dele, ele realmente ama minha filha, cuida dela, e não a deixa em nenhum momento, torço para um dia ela sair dessa, e se casar com ele, mesmo que para um pai seja difícil aceitar que a filha cresceu e precisa de outro homem na vida dela para dar continuidade a família, se esse outro homem na vida da Nick for o Lucas, por mim tudo bem, desde que eu esteja sempre em primeiro lugar. Acho que acabei cochilando, e nem vi mais nada, só ouvia ao longe a voz bem fraca de Nick me chamando.


-Pai, pai... pai acorda-acordei meio desnorteado e quando a olhei ela estava acordada

-Oi meu amor-me espreguicei, me levantei e fui até ela-tudo bem?-perguntei segurando sua mão e beijando sua testa
-Não sei-suspirou tristinha
-Acordou agora?
-Sim, acordei e te vi dormindo ali todo torto-sorriu fraco-não precisava ter ficado aqui
-Mas claro que precisava, eu sou sei pai, tô aqui para cuidar de você-levei sua mão pálida e fria até minha boca e a beijei-o Lucas tambem ficou aqui, mas acho que ele saiu sem eu ver
-E a Alice? pensei que ele tinha ficado com ela
-Ela ta na minha mãe, sendo bem cuidada, fica tranquila filha
-Bom dia-disse o médico de Nicole entrando no quarto-soube que a senhorita veio dormir aqui essa noite-disse bem humorado, ele era bem otimista e nunca deixava nenhum paciente se abater
-Pois é doutor-Nick o olhou triste
-E o pai coruja sempre do lado-sorriu apertando minha mão e eu fiz o mesmo
-Sempre doutor, jamais vou deixar a minha bebê sozinha
-É lindo o seu amor pela sua filha senhor Santana, mas agora eu preciso ficar a sós com ela, para conversar um pouco, e depois fazer alguns exames, pode ir tomar um café, que assim que ela estiver no quarto de novo, eu mando avisar o senhor-disse o médico
-Tudo bem doutor, vou aguardar lá fora-sorri de canto para ele-e você fica tranquila, vai dar tudo certo-sussurrei para Nick a dando um meio abraço e beijando a testa dela-te amo
-Tambem te amo pai-me olhou sorrindo fraco

Encontrei Lucas na cafeteria que fica dentro do hospital, e ele estava ali desde ás cinco e meia da manhã, coitado, saiu mais cedo para ninguem ver ele, e estava um caco, pior do que eu.


-Lucas vai para a casa descansar, a Nick ainda vai fazer alguns exames, então capaz que vai demorar um pouco

-Melhor eu ficar aqui sogrão, sei que é horrível ficar sozinho em hospital aguardando notícias, e em casa eu não vou ficar sossegado sabendo que a Nick ta aqui
-Tudo bem então, mas dependendo do que o médico dizer, se a Nick ficar internada até amanhã, você pode ir para a casa, para ficar com a Alice
-Calma, até lá a gente decide o que faz, inclusive é melhor você ligar para a sua mãe e perguntar como a Alice ta
-Depois eu ligo, essas horas ela ainda deve ta dormindo
-Deve mesmo

Ficamos conversando e tomando algumas xícaras de café para nos manter acordados, e depois voltamos para a sala de espera, aguardando alguma notícia de Nicole, enquanto isso, eu mexia no celular, falava com minha mãe por mensagem, e ela até mandou foto de Alice comendo fruta no café da manhã, ela estava super bem e sendo muito mimada pela bisa, que adorava ficar com Alice, mesmo que a situação seja complicada, o carinho que minha mãe dava a pequena, não tinha preço. Eram os piores minutos da vida ficar naquela sala, o celular já me deixava de saco cheio, e então comecei a ler as revistas que ficam em cima da mesinha de centro do hospital, apenas as folheava e mal prestava atenção no que estava escrito, queria apenas uma distração para passar o tempo, quando me deparo com uma foto de Kemilly, e uma matéria sobre ela, a intitulando a nova Gisele Bundchen, eu queria passar direto, mas a curiosidade foi maior e eu acabei lendo a matéria completa sobre ela, além de ver como ela estava linda nas fotos.








A matéria com certeza era antiga, pois ela estava loira nas fotos, e o entrevistador havia a perguntado se ela namorava, e ela até tinha me mencionado:


R: E uma moça linda, modelo internacional, não deve ser solteira, estou certo?

K: Sim-risos-eu tenho namorado, e vocês devem saber muito bem quem ele é-disse tímida
R: Então é sinal que você ainda namora o cantor Luan Santana?
K: Sim-sorriu apaixonada-estamos firmes e fortes
R: Mesmo com a distância? como esta sendo namorar um cantor brasileiro com você morando em Nova York?
K: A gente da o nosso jeito, nos falamos direto pelas nossas redes sociais, e sempre que ele tem uma folga maior, ele vem pra cá
R: Sorte a sua, ter um namorado com um jatinho particular, assim fica fácil morar em outro país-o entrevistador riu-mas ele é bem mais velho que você, não é?
K: Sim, mas mesmo ele sendo mais velho, o que importa é que ele é o homem da minha vida
R: As pessoas tem um pouco de preconceito em relação a essa diferença de idades, as famílias de vocês aceitaram numa boa esse namoro? pois todo mundo sabe que ele tem uma filha da sua idade, e ela como reagiu?
K: Bom, para alguns foi um pouco difícil aceitar, até mesmo para a Nicole-filha do cantor Luan Santana-mas o que importa é que eu e o Luan estamos felizes juntos...

Li e reli diversas vezes essa parte da entrevista, e meu coração doía em todas elas, pois me trouxe a memória tudo o que passei com Kemy, ela parecia ser a melhor coisa que aconteceu na minha vida, parecia estar disposta a enfrentar o mundo para ficar comigo, mas o destino não quis que fosse assim, e assim como eu virei aquela página da revista, Kemilly era apenas mais uma página virada na minha vida. Perdi o interesse em ver aquelas revistas, com medo de ver algo sobre Kemilly, e evitar que eu me machucasse mais, então saí um pouco daquela sala e fui outra vez tomar um café. Assim que voltei para a sala de espera, o médico de Nicole estava ali e conversava com Lucas, ele estava com uma cara nada boa, e eu senti que não viria nenhuma notícia agradável.


-E então doutor, minha filha ta bem?-perguntei com o coração na mão e ele suspirou antes de começar a falar, quando o médico suspira é porque vem bomba

-Não queria dar essa notícia a vocês, mas depois dos exames que fiz, e do estado que ela se encontra, chegou a hora que eu mais temi que tivesse que acontecer-nos olhou sério e eu já queria chorar temendo o que ele iria dizer
-Fala doutor, fala de uma vez-o pedi
-A Nicole está muito fraca, as células dela não estão mais respondendo a quimioterapia, e por isso ela vem passado mal constantemente, pois os efeitos da medicação está destruindo as células boas que a restam, isso só está a debilitando mais, então ela precisa parar com a quimio...
-Parar? mas porque? se ela parar, minha filha vai morrer-o olhei desesperado já deixando umas lágrimas cair
-Eu sei que é difícil aceitar que não tem mais tratamento, mas ainda nos resta uma chance, uma doação de medula
-Eu doou, eu sou pai dela, eu posso doar-disse desesperadamente-se é para salvar a minha filha eu dou até meu coração, tudo o que precisar
-Calma senhor, não é assim que funciona-o médico respirou fundo-pelos exames, a Nicole precisa de um transplante imediato, em questão de dias, no mais tardar algumas semanas, mas para achar uma medula compatível com a dela não basta ser o pai, ou alguem da família
-Ta querendo dizer que eu não posso salvar a minha filha?
-Não é isso senhor, primeiro você tem que ser submetido a uma bateria de exames, constar que não tem nenhuma doença infecciosa, e se sua medula for compatível, você tem que assinar alguns termos de responsabilidade e...
-Eu assino, eu faço, se quiser eu faço esses exames agora doutor, eu tenho certeza que eu posso salvar a minha filha-o olhei chorando-ela é sangue do meu sangue
-Tudo bem, se você e mais alguem da família quiser fazer os exames para ver se são compatíveis, até mesmo o namorado dela pode tentar
-Eu tambem posso?-Lucas perguntou, se manifestando pela primeira vez desde que o médico nos deu a notícia
-Sim, a compatibilidade não está ligada ao laço sanguíneo ou familiar, claro que a maioria dos casos um tio, um primo, um irmão, consegue ser compatível e doar, mas na maioria dos casos, são doadores anônimos sem nenhum vinculo familiar, e fique calmo senhor Santana, que mesmo que você ou algum familiar da Nicole não for compatível, a gente entra no banco de dados de todos os doadores do mundo, por isso tenha fé e certeza que vamos encontrar o doador certo para a Nicole, e se ela reagir ao transplante, ela já pode se considerar curada
-Então depois desse transplante, minha filha vai ser curada?-o olhei em lágrimas e Lucas tambem chorava ao meu lado
-Sim, todos os casos que fiz o transplante, os pacientes conseguiram viver por muito tempo e voltaram a viver normalmente
-Deus te ouça doutor, Deus te ouça-sorria e chorava ao mesmo tempo recebendo essa notícia, e agora torcia para que eu ou alguem fosse compatível com Nicole, e ela fosse curada dessa doença maldita

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Olá amores, estão gostando da fic? comentem bastante, bjooos






segunda-feira, 27 de novembro de 2017

129ºCapitulo

*Luan on.

Confesso que me senti um canalha por ter passado uma noite cheia de amor e sexo com Kemilly, depois ter saído do quarto sem ela perceber e ter deixado apenas aquela carta, como uma explicação de tudo o que fizemos durante aquela noite. A essas horas ela deve estar me odiando, e eu fiquei com a consciência pesada o dia todo, por ter tratado assim a mulher que eu amo, sim, eu ainda a amo mais que tudo, porém a dor da traição, e a sede de dar o troco nela foi maior, e acabei me arrependendo tarde demais, ainda mais quando vi uma foto dela toda gostosa se despedindo do Brasil e voltando para Nova York, só tive a sensação que a perdi de vez.

-Oi minha princesa-finalmente cheguei em casa depois de dias agitados de show, e após minha canalhisse com Kemilly, que eu queria esquecer
-Oi pai-disse Nick sorrindo pra mim, quando fui a abraçar
-Como você ta?-perguntei alisando seu rostinho triste e abatido, e notando seu cabelo um pouco ralo
-Tô viva-sorriu de canto
-Graças a Deus-a abracei e beijei sua testa-e cadê minha neta?-perguntei após a procurar pela casa e não achar Alice
-Ta na minha vó-sorriu de canto-a Tia Bruna veio aqui ver ela, e acabou a levando para passear na casa da bisa, mas eu já tô morrendo de saudade, e quase ligando para a Bruna trazer ela de volta
-Se quiser a gente vai lá buscar ela, tô com saudade dos meus pais e da Bubu mesmo
-Melhor não pai, não tô animada para sair de casa
-Mas você mal saí de casa filha, passa o dia todo nesse quarto, vamos lá na sua vó pelo menos, o único lugar que você vai é no médico, nunca mais quis nem sair para fazer compras, e eu sei que sua tia já veio várias vezes te chamar
-Pai, qual o sentido de sair para fazer compras, sendo que não vou nem usar nada, além de que eu tô feia, com o cabelo caindo cada vez mais, e do nada começo vomitar, ninguem quer uma pessoa dessas por perto e muito menos dar de topa na rua
-Nicole, não pensa assim, você é linda minha filha-alisei seu rosto-e eu já te falei que se quiser cortar seu cabelo mais curto vai ser melhor, e pode até usar uma peruca, lenços
-Você quer que eu fique careca de vez-me olhou chorosa-eu já tô horrível assim pai, meus cabelos...
-Nick-a olhei com o coração doendo e ela começou a chorar-meu amor, não sei o que fazer, nem o que te dizer mais-a abracei me segurando para não chorar na frente dela
-Essa doença ta me matando a cada dia pai-disse em meio ao choro-eu não tô aguentando mais...
-Nicole, não fala isso-a olhei deixando algumas lágrimas cair-você é forte minha filha, é mais forte do que imagina, e vai vencer essa doença sim-segurei forte em sua mão
-Eu não sei pai, só quero que a Alice seja para você aquilo que eu não fui...-me olhava chorando
-Para de falar assim Nicole, não gosto quando você fala isso-a repreendi
-Mas é essa a realidade pai, você não vai me ter por muito tempo...
-Chega Nicole, cala a boca, eu vou te ter para sempre minha filha, para sempre-a abracei apertado e nós dois choramos

Estava difícil chegar em casa, e me deparar com minha filha se definhando a cada dia, Nicole estava bem pessimista, e se entregando a doença, isso estava desestruturando toda a família, sei que meus pais, minha irmã e até mesmo Lucas estavam sofrendo junto comigo e com Nicole, mas nós tentávamos a animar, e usar Alice que é a unica coisa que ainda a motiva, para ver se ela reage e cria animo para não deixar essa maldita doença a vencer. Passei parte do dia com Nicole, a mostrando alguns vídeos de fãs, que eu gravava e elas com todo carinha a davam forças, a contei como está fazendo sucesso minhas novas músicas, conversando coisas que passo no dia a dia dos shows, tentando a animar e faze-la esquecer que está doente, escolhemos um filme para assistir, e eu até fui fazer pipoca, ela quis assistir abraçada comigo, mas devido seus remédios serem muito fortes e ela estar bem fraca, ela logo dormiu, mas eu fiquei ali abraçado com a minha bebê, sentindo o cheiro dela e pedindo a Deus em pensamento que não me tirasse a minha filha, a coisa mais preciosa que tenho na vida.

-Oi sogrão-disse Lucas entrando no quarto e me vendo ali com Nicole
-Oi Lucas-o cumprimentei
-Faz tempo que ela dormiu?-perguntou se referindo a Nicole, que estava toda aconchegada em meus braços
-Um pouquinho-sorri beijando a testa dela
-E cadê a Alice?
-Ta na minha mãe com a Bruna, passou o dia lá, falando nisso, vou ligar para a Bruna trazer ela logo, tambem tô com saudades da minha neta
-Mas é bom a Alice dar umas voltas, ela só fica dentro de casa, ela ta crescendo, precisa ter contato com outras pessoas, outras coisas lá fora
-Sim, mas é bom não dar muita confiança para a Bruna, porque ela é dessas de pegar a criança e passar o dia todo, só devolve quando o pai sente falta, ela vivia fazendo isso quando a Nick era pequena
-Imagino como era-disse rindo-agora licença que preciso de um banho, trabalhar em academia faz a gente soar pra burro
-Precisa de um banho mesmo, não quero ninguem fedido pegando na minha filha, nem na minha neta
-Ok sogrão-disse rindo e seguindo para o banheiro

Lucas foi tomar banho, e para ele sair á vontade do banho, ajeitei Nicole em cima da cama, que dormia feito pedra, beijei a testa dela, e decidi ir até a casa da minha mãe buscar Alice, pois sei que se depender de Bruna, ela leva Alice para a casa dela e não a trás de volta tão cedo. Cheguei na minha mãe, e Alice fazia festa sentada no tapete da sala cheia de brinquedos em volta, ela assim que me viu começou a dar seus gritinhos e fazer festinha, a peguei no colo e a enchi de beijos, a cada dia ela ficava mais linda, mais grande, mais esperta, amo tanto minha pequena, que é meu único motivo de sorrir em meio a tanto sofrimento. Fiquei um pouco com meus pais, que eram dois bisos babões, e Bruna uma tia mais coruja que tudo, até os filhos dela ficavam com um pouco de ciume, vendo Bruna cheia de amor para o lado de Alice, isso tudo é por não ter tido filha menina, ainda bem, pois a coitadinha ia sofrer com uma mãe chata dessas, de tanto mimar.

-Olha quem chegou-entrei no quarto de Nicole, e ela estava acordada comendo sopa, e Lucas ao seu lado jogando vídeo game
-Oi minha vida-sorriu vendo Alice, e ela já deu gritinhos vendo a mãe-finalmente te trouxeram embora
-Finalmente, porque eu fui buscar né-disse a colocando sobre a cama e ela queria ir até a mãe
-Oi princesa do papai-disse Lucas pausando o jogo e vindo a pegar-tambem senti saudades-a encheu de beijos e ela apontava para Nicole
-Quer a mamãe meu amor?-Nicole a perguntou e ela a apontava
-Então vem-disse Nick deixando a sopa de lado e pegando Alice que começou apontar para a sopa, começamos a rir entendendo que desde o primeiro momento ela queria a sopa
-Acho que não te deram comida bebê-disse Lucas rindo-quer que o papai te dê papinha?
-Ela comeu sim-afirmei lembrando que minha mãe falou que a deu frutas, papinha, suco
-Então isso é sinal que é gulosinha-disse Lucas mordendo a barriguinha dela
-Sabe se ela dormiu por lá pai?-Nick me perguntou
-Parece que sim, só sei que ela brincou muito, foi muito mimada, e comeu de tudo
-Novidade isso-disse Lucas rindo-mas agora a mocinha do papai precisa de banho então-disse a cheirando
-Precisa mesmo-Nicole riu-minha tia deu banho nela antes de a levar, e ela só levou fralda se caso a Alice sujasse
-Bruna é desmiolada-disse rindo-e você pode voltar a comer senhorita Nicole, que gente para dar banho na Alice tem de sobra
-Queria a dar banho, mas eu mal tô conseguindo me dar banho-riu sem graça
-Mas logo você consegue amor-disse Lucas beijando o rosto dela-agora come, que eu vou dar banho na nossa princesa
-Essa sopa ta ruim-fez careta
-Mas você precisa comer, quer que eu dê na sua boca bebê?-a perguntei
-Não pai, deixa eu comer sozinha pelo menos, já chega de depender dos outros para tudo
-Então bom apetite, que eu vou dar umas mordidas em uma gordinha gostosa, durante o banho-disse Lucas brincando com Alice que era toda sorrisos
-E falando em banho, tambem preciso de um-disse rindo-vou tomar banho, e depois venho aqui ver se comeu direitinho-beijei a testa da minha filha-e você cuidado para não afogar a minha neta na banheira-disse a Lucas
-Ela é minha filha, eu sei dar banho
-Não faz mais que sua obrigação

Segui para o meu banho, e só agora eu parava para pensar um pouco, respirar, e analisar a minha vida, estava preocupado com Nicole, com o crescimento de Alice, pois ela precisa tanto da mãe nessa fase, e sei que minha filha queria poder fazer tudo, a dar banho, papinha, trocar a fralda, mas ela está restrita de tanta coisa, que ás vezes até por pegar Alice no colo, e ela estar ficando gordinha, Nicole se sente um pouco fraca e com dores nos braços, eu tento ser forte, e passar forças a minha filha, mas é difícil demais ver tudo isso e apenas dizer que vai ficar tudo bem, mesmo sabendo que tem a grande chance de nada ficar bem.

*Kemilly on.

Dois meses se passaram, e minha agenda estava cada vez mais lotada, meus trabalhos só cresciam em Nova York, várias marcas conceituadas me procuravam para fazer campanhas, e eu me surpreendia quando via minhas fotos nos telões da time square, nunca imaginei que um dia eu me tornaria uma modelo tão bem conceituada e disputada por marcas famosas em todo o mundo. Durante esse tempo eu estava pensando mais em mim, naquilo que me fazia bem, e naquilo que não fazia, sobre o tal Luan Santana, eu nunca mais ouvi falar nada dele, e nem procurei saber, ainda tinha contato com Paola e Ramon, mas nos falávamos bem pouco, devido minha vida estar cada vez mais corrida. Acabei dando uma chance a Javier para ser meu amigo, e até que ele era uma boa companhia, quando sobrava tempo a gente até saia para comer alguma coisa, andar pela cidade, ou então ficar em casa vendo séries e comendo comida industrializada, ele estava se adaptando bastante em falar português, para se comunicar melhor comigo, mas sempre com aquele sotaque galanteador espanhol, e devido essa nossa aproximação, ele diversas vezes quis me beijar, mas eu não conseguia ceder, ainda precisava de um tempo para ver se sentiria algo a mais por ele.

-Hoje você chegou mais tarde que eu-disse assim que Javier chegou em casa e eu estava jogada no sofá, comendo nachos de queijo e fazendo minha coluna do jornal no notebook
-Ás vezes acontece-riu de canto-estoy muito cansado-se jogou no sofá ao meu lado
-Você só trabalha e reclama que está cansado, agora eu estudo, faço estágio e ainda por cima tenho que trabalhar tambem
-Ok, você é mais forte que eu-riu deitando todo folgado em meu colo e pegando alguns nachos para comer
-Ta com fome?
-Sí
-Pensei em pedir lanche com fritas-o olhei e ele sorriu assentindo
-Ok, vamos pedir, mas sem a Morgan saber-disse rindo e eu tambem ri, pois ela pegava em nosso pé para evitarmos comer esse tipo de coisa, afinal somos modelos

Fizemos nossos pedidos, e enquanto não chegava ele foi tomar banho, eu estava terminando de escrever em minha coluna, e editando algumas coisas, gosto de que tudo esteja perfeito, bem a minha cara. Javier saiu do banho e se sentou no mesmo sofá em que eu estava com as pernas esticadas, ele todo cavalheiro colocou meus pés em seu colo e começou a fazer massagem, até que estava gostosa a massagem, porém ele queria abusar um pouquinho, começando a beijar os meus pés e alisar minhas pernas, subindo quase até a coxa.

-Javier, acho que já ta bom-disse tirando meus pés do colo dele
-Relaxa Kemizita-piscou pra mim, não deixando que eu tirasse meus pés-um pouco de massagem és bueno
-É bom sim, mas sem abusar
-Só quiero agradar-te

Eu iria reclamar, mas ouvimos a campainha tocar, ele se levantou e foi atender, era nossos lanches, então ele pagou tudo e colocou na mesa do centro da sala para a gente comer. Enquanto comíamos, íamos conversando, ele só sabia contar sobre seu dia fotografando, sobre a saudade que sentia da Espanha, e quando não tinha mais assunto começava me lançar algumas cantadas, e eu ria me sentindo super sem graça.

-Hora de ir dormir Javier-bocejei de sono-precisamos descansar, porque modelos de olheiras não da
-Parece a Morgan dizendo assim-ele riu
-Convivência né-ri de canto

Comecei a catar as bagunças para jogar fora, e ele me ajudou, levamos tudo para a cozinha, colocamos em cima da pia a louça suja, e jogamos fora os lixos, no dia seguinte a faxineira viria cuidar de tudo.

-Agora vou indo Javier, boa noite-me despedi dele na porta do meu quarto, mas ele me puxou
-Até quando irás resistir a mi?-perguntou me dando uma pegada forte
-Javier, não vamos estragar nossa amizade
-Kemizita, não quiero mais ser somente tu amigo
-Mas Javier, eu não me vejo tendo nada com você, respeita meu espaço
-Só depois de um beijo

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Ele me puxou para um beijo, e no começo eu pensei em relutar, mas acabei cedendo e deixando ele me beijar, não era o melhor beijo do mundo, mas era bom, ele tinha pegada, mas não era muito bom quando iniciava um beijo de língua, o que me fez interromper o beijo.

-Pronto Javier, conseguiu me beijar, agora pode ir para o seu quarto
-Queria um pouquito mais-sorriu de canto alisando meu rosto
-Quem sabe outro dia-pisquei para ele e entrei em meu quarto

Que loucura, ele era o único homem que eu havia beijado sem ser Luan, tinha tanta diferença entre eles, Luan era o amor da minha vida, então... era melhor parar de pensar naquele canalha, mas foi inevitável, o beijo dele deixa saudades, ainda mais depois de beijar alguem sem nenhum sentimento, como foi meu beijo com Javier. Algumas semanas se passaram, e aos poucos eu fui cedendo, e ficando com Javier, trocávamos beijos no sofá da sala á noite quando chegávamos em casa, e ele era muito fofo comigo, mas eu o achava muito sem graça, não conseguia sentir nada durante o beijo, mas como ele insistia tanto em ficar comigo, não seria nenhum sacrifício ficar com ele.

-Tô sabendo que você e o Javier estão se conhecendo melhor-dizia Morgan enquanto almoçávamos juntas
-Mais ou menos isso-ri de canto
-Vocês poderiam namorar e assumir de uma vez, isso iria ser maravilhoso para a imagem de vocês, já consigo até imaginar as campanhas com fotos de casal-dizia animada
-Morgan, eu e ele não somos nenhum casal
-Ainda-sorriu de canto

Depois do almoço, fui para uma sessão de fotos, de lá passei no jornal pois teria uma reunião com os estagiários, que não durou muito tempo, então finalmente estava liberada para ir para casa descansar.

-Oi mi amor-disse Javier vindo me receber me dando um selinho
-Oi-sorri de canto
-Que bom que chegou, se arruma para irmos jantar
-Eu tô cansada Javier, melhor pedir alguma coisa
-Não-disse me abraçando pela cintura-vamos jantar sí-me deu um selinho-te quiero bien gata
-Ta bom, mas vamos jantar onde?
-Pensei em um restaurante braziliano, sei que siente saudades de tu país
-Que fofo-sorri para ele-então vou me arrumar e a gente vai

Tomei um banho, me agasalhei, pois Nova York faz muito frio, ainda mais á noite, saí de meu quarto e Javier já estava pronto, fechamos tudo certinho no nosso apartamento e fomos de táxi até o restaurante que ele escolheu. Demorou um pouco para chegarmos, mas ali me senti em casa, tinha muitos brasileiros, e a comida era bem brasileira, fizemos nossos pedidos, e tocava uma música ambiente, de algum cantor brasileiro, parecia ser um pagode, e era bem animada a música. Jantamos enquanto conversávamos sobre como foi nosso dia, comentamos sobre a decoração do local, as comidas, e ficamos ali um pouquinho curtindo a noite.

-Amei o restaurante Javier-comentei com ele assim que chegamos em nosso apê
-Que bom-sorriu pra mim-deu para matar um pouquito da saudade do Brasil?
-Sim, mas na verdade só serviu para me deixar com mais saudade do meu país
-Pensei que gostaria, escolhi pensando em ti-alisou meu rosto-sabes que soy enamorado por ti
-Javier...-o olhei já sabendo que ele viria com aquele papo que é apaixonado por mim
-Kemilly, sem rodeios-disse me olhando-quieres namorar comigo?
-Oi?-o olhei sem entender
-Quiero ser tu namorado
-Javier, é cedo demais para você me fazer um pedido desses, eu preciso de um tempo para pensar
-Te dou o tiempo que precisares-selou meus lábios

Respirei fundo, e achei melhor ir para o meu quarto, não é legal ficar com alguem que você não sente nada, muito menos namorar, isso é algo serio demais para se viver com alguem que eu não consigo sentir nenhum sentimento sem ser de amizade.

*Nicole on.

Minha filha Alice, estava completando 9 meses, já tentava falar, e se embolava toda, estava a coisa mais linda do mundo, muito esperta, engatinhando pela casa toda, e era preciso ficar de olho nela, por causa das escadas e dos objetos mais baixos, Cida quem me ajudava a olhá-la quando Lucas estava para a academia, mas ele cuidava muito bem dela, meu pai tambem quando estava em casa só sabia mimar a pequena, que era o maior grude do vovô coruja. Mas em meio a toda essa felicidade de ver minha filha cada vez mais linda e esperta, minhas dores no corpo só pioravam, a quimioterapia era muito forte, me fazia passar muito mal, e eu não conseguia mais nem me olhar no espelho, só chorava ao ver dia após dia meu cabelo caindo, seja no banheiro, na escova, ou no travesseiro, eu me sentia horrível vendo meu cabelo cair, mas não queria raspa-lo.

-Bom dia mamãe-disse Lucas colocando Alice em cima da cama para me acordar
-Bom dia-os olhei sonolenta e Alice veio engatinhando até mim-oi meu amor-fiz carinho nela
-Vou trazer a frutinha dela, e a sua-disse Lucas me dando um beijo na testa e saindo do quarto
-O papai vai buscar nosso café da manhã-fiz um pouco de força para me sentar, e senti uma forte dor de cabeça, e quando olhei no meu travesseiro, estava cheio de cabelo, me desesperando logo cedo
-O que foi meu amor?-disse Lucas entrando no quarto com uma bandeja, me vendo chorar
-Olha isso-o mostrei o travesseiro e ele se sentou na cama me abraçando
-Nick, isso só está te fazendo mais mal, ficar todo dia contando o tanto de cabelo que está caindo
-Mas é inevitável Lucas, eu tô ficando careca, mesmo que eu não queira-disse chorando e Alice me olhava sem entender
-Eu já te disse o que você tem que fazer Nick, mas você é teimosa, prefere ficar vendo o cabelo cair, ao invés...
-Eu não vou raspar meu cabelo-o olhei irritada
-Então vai se preparando, para o dia que você acordar e estar careca de vez-disse pegando Alice no colo e a dando sua frutinha
-Que droga, eu odeio essa doença, me odeio por ter essa doença

Me levantei da cama irritada e fui para o banheiro chorar, me olhei no espelho e tinha falhas enormes em meu cabelo, eu estava horrível, eu não me reconhecia mais, preferia morrer de vez, ao ter que sofrer com essa doença, e seus efeitos sobre mim.

-Nicole?-ouvi Lucas bater na porta do banheiro-Nick, abre aqui pra mim
-Não
-Nick, para de complicar as coisas, vamos conversar
-Não quero conversar Lucas
-Para de ser teimosa Nick, abre pra mim

Depois dele muito insistir, abri a porta e já corri para o abraçar, chorei muito em seus braços, e ele me levou até a cama me fazendo deitar.

-Eu sou um monstro-dizia chorando
-Nick, você é linda-alisou meu rosto
-Eu sou horrível Lucas, porque você ainda ta aqui?-o olhei-você vê mulheres lindas, com o corpo maravilhoso na academia todos os dias, e pode muito bem seguir sua vida com alguma delas, mas você insiste em ficar aqui comigo por pena
-Não é por pena, é por amor-me fez o olhar-Nicole, eu amo você, e mesmo que você queira, eu não vou te abandonar, você precisa de mim, a Alice precisa de mim, e mesmo que você se sinta horrível, pra mim você é a mulher mais linda do mundo, porque eu simplesmente te amo-disse enxugando minhas lágrimas
-Mas eu não te mereço-chorava o olhando-eu nunca te mereci Lucas, você é apenas o pai da Alice, não tem nenhuma obrigação em estar aqui comigo
-Tô aqui por que quero-me abraçou-pois meu lugar é ao seu lado
-Mas você sabe que eu não vou durar tanto tempo-o olhei-a Alice precisa de você, por favor cuida dela quando eu...
-Fica quietinha-colocou seu dedo indicador sobre os meus lábios-se for para falar besteira, melhor ficar quieta
-Não é besteira, é a realidade Lucas
-Vamos parar de ser pessimista? isso só te faz mal Nicole, pensa positivo
-Como vou pensar positivo Lucas? olha minha situação, tô pior a cada dia, meu corpo, minha pele, meu cabelo...
-Já te disse que se quiser ir no salão...
-Eu não vou raspar meu cabelo
-Nicole, eu já não sei mais o que te dizer-respirou fundo-quer ao menos comer?-perguntou apontando para a bandeja
-Tô sem fome-disse me deitando novamente na cama-cadê a Alice?
-Levei para a Cida, ela ta a dando frutinha
-Melhor assim, não gosto que ela me veja nessa situação
-Por isso mesmo a levei para a Cida, ela ta crescendo, e te vendo todo dia do mesmo jeito, pois você não se ajuda
-Lucas, me deixa dormir-me cobri
-Tudo bem-suspirou-então dorme bem-beijou minha testa e depois de um tempo saiu do quarto

Fiquei chorando, e sentindo dores pelo corpo, senti vontade de vomitar, e então corri para o banheiro, me assustei vendo sangue no meu vômito, só coisa ruim acontecia comigo, lavei minha boca e voltei a me deitar, chorei muito até finalmente voltar a dormir. Acordei depois de não sei quantas horas, e me sentia muito fraca, só consegui alcançar o celular e ligar para Lucas, uma dor forte de cabeça fazia até meu cérebro doer, mal conseguia abrir os olhos de tanta dor, e só senti Lucas chegar e me pegar no colo, depois não vi mais nada. Acordei, e percebi que estava em um quarto de hospital, achei que tinha morrido, mas não foi dessa vez.

-Até que enfim-disse Lucas vindo até mim, e só então percebi que ele estava ali-passou um tempão dormindo e tomando soro, mas pelo menos acordou-sorriu beijando minha testa
-Não sei como não morri ainda
-Para de falar besteiras, e o seu médico vai te dar um fumo grande, porque você não está se alimentando direito
-Novidade-revirei os olhos-ele sabe que vou morrer mesmo
-Você só gosta de pensar negativo, credo

Passei a noite em observação no hospital tomando soro, e me forçaram a comer aquela comida horrível, sem contar que meu pai me ligou super bravo e falou um monte, eu apenas concordei com tudo o que ele disse, mesmo sabendo que não iria seguir suas recomendações. No dia seguinte, recebi alta após tomar o café da manhã do hospital, e assim que cheguei em casa, meus avós e minha tia estavam lá, eles que tomaram conta de Alice essa noite, e ela ficou toda feliz quando me viu.

-Nickta, você precisa se alimentar bem-minha tia me dizia enquanto conversávamos a sós em meu quarto, depois dos meus avós terem ido embora e Lucas ido para a academia
-É o que todos me dizem tia
-É para o seu bem, deixa de ser teimosa, você não pensa na Alice? que ela precisa de você
-Tia, eu apenas a gerei, pois não sei se vou continuar aqui para ver ela crescer-a disse já marejando os olhos
-Claro que vai, ainda vai a dar irmãozinhos, a ver crescer, ver a festa de 15 anos, formar na faculdade, se casar, te dar netos...
-Como você sonha longe tia, é mais fácil você ver tudo isso, do que eu
-Credo Nick, você ta muito pessimista, muito desanimada, apagada, ta precisando de um pouco de animo, de um up
-Tia, eu só quero ficar aqui na minha cama-disse me deitando-e vivendo até o dia que essa doença permitir que eu viva
-Não gosto de ver você falando assim, essa doença não vai decidir nada, ela já está sendo vencida, pois você é mais forte
-Eu sou fraca
-Fraca é a bateria do celular-disse minha tia rindo-eu quero te ver animada Nick, vamos no salão, no shopping, ou...
-Não, eu tô horrível, não quero sair de casa
-Se não quer sair, que tal o salão vir até você?
-Você tambem quer que eu raspe meu cabelo, e vai mandar virem aqui fazer isso-a olhei chorosa
-Não é isso Nick, eu sei que você ta mal por ver seu cabelo caindo, mas se não quiser raspar tudo bem, só pensei em chamar um amigo que entende tudo de perucas, ele vai te deixar linda
-Eu não quero usar peruca
-Mas Nick, vai ser por cima do seu cabelo
-Mesmo assim, eu não quero...

Minha tia era insistente, e eu mais ainda, mas mesmo contra a minha vontade, minha tia chamou aquele tal amigo dela para vir até a minha casa, e ele veio com um estoque de perucas, o que me assustou é claro, pois eu não queria usar aquilo.

-Nicole, essa é da cor do seu cabelo-me mostrou uma das perucas e eu não estava a fim de ver
-Mas o meu cabelo é grande, essa peruca é curta
-A gente pode alongar se você quiser, não quer nem experimentar?-o cara era insistente
-Experimenta essa Nick, tenta ver como fica-dizia minha tia
-Mas eu não quero ver, nem sei porque você veio-disse para ele na cara dura
-Olha, eu sei que para você que é mulher, perder os cabelos, mexe com o emocional, com a vaidade, e te faz se sentir para baixo, mas você pode tentar se olhar no espelho e se ver mulher outra vez, pois sua essência continua a mesma, com cabelo ou sem cabelo, o importante é aquilo que está dentro de você-disse o cara tentando me comover-tenta ao menos experimentar alguma peruca, apenas experimenta, se você experimentar e não gostar, te prometo que vou embora
-Vai embora mesmo?-o olhei receosa
-Sim-assentiu
-Vai experimentar então?-perguntou minha tia animada
-Já que seu amigo está aqui-respirei fundo o olhando-posso escolher alguma?
-Claro, fique á vontade

Olhava aquelas perucas, e nenhuma me agradava, eu amava meus cabelos, longos, e negros, e aquelas perucas a maioria eram curtas e de cores muito artificiais, a unica que gostei era um pouco curta, que lembrava a cor do meu cabelo.

-Gostou dessa?-minha tia me perguntou-acho que essa combina com você
-Será?-a olhei em dúvida e ela assentiu-como eu só vou experimentar, vai essa mesmo
-Ótima escolha-disse o cara-deixa eu colocar em você

Deixei ele arrumar a peruca em mim, e eu estava super desconfortável com isso, demorou um  pouco para ele a ajustar, e depois se afastou de mim indo para perto da minha tia e ficaram me olhando sorrindo.

-Nick, você ta linda-disse minha tia
-Maravilhosa-disse o cara
-Se olha no espelho-disse minha tia

Mesmo sem coragem de ver como fiquei, fui me olhar no espelho, e o impacto foi grande, pois o cabelo parecia ser meu, só que um pouco mais curto, não ficou tão horrível quanto imaginei.

-E então?-os dois perguntaram me olhando com expectativa
-É... ficou legal-sorri de canto e eles sorriram-mas eu não quero usar isso
-Tudo bem-disse o cara me olhando triste e minha tia fez o mesmo

Após esse dia maluco que aceitei experimentar a peruca, meu cabelo caia mais e mais, me deixando realmente preocupada, então acabei colocando uns lenços, pois sentia vergonha se alguem me vesse assim.

-Ta linda-disse meu pai me vendo de lenço
-Linda igual uma vovózinha
-Boba-ele riu-ta linda sim filhota, esses lenços são bem estilosos
-Não acho nada de estiloso nisso

Passei o dia com o meu pai, aproveitando que ele estava em casa, e Alice que estava no colo dele, toda hora agarrava meu lenço, ela devia achar aquilo estranho em mim, o que me fez ficar incomodada, por ela toda hora querer arrancar. Estava muito cansada, e desanimada, meus cabelos eu sabia que não teria mais, então mesmo doendo em mim, acho que chegou a hora de fazer aquilo que eu mais temia, liguei para um dos meus cabeleiros de confiança Ricardo Aprigio, que sempre cuidou dos meus cabelos, e o pedi para vir em minha casa, além dele, decidi ligar para o amigo da minha tia que tinha aquelas perucas, um tal de Flávio, só agora lembrei o nome dele, marcamos um horário e eles vieram.

-Olá Nicole, quanto tempo-me cumprimentou Ricardo
-Pois é-sorri sem humor
-Sei que você ta passando por uma fase difícil, mas tenho certeza que você vai vencer
-Obrigada-sorri de canto o olhando-sei que você deve estranhar o porque te chamei aqui em casa, pois eu lutei muito contra isso, mas como percebeu eu só tenho usado lenços pois meus cabelos estão caindo muito, e então eu decidi, os raspar-o disse sentindo uma dor enorme no peito
-Melhor escolha Nicole, sei que isso é muito triste e dolorido para você, mas seu cabelo vai crescer depois do tratamento, e vai voltar mais lindo e mais forte, já conheci muitas mulheres passando pelo mesmo que você
-Pois é-suspirei-mas então, tem como você fazer isso aqui em casa?
-Claro, trouxe algumas coisas, pois imaginei o que você iria pedir
-Aproveitei que não tem ninguem em casa hoje, meu pai foi na minha avó levar a minha filha para passear, o Lucas está na academia, a Cida de folga, e eu aqui sozinha enfrentando meu pior medo
-Fica tranquila, que não vai doer, se quiser evitar olhar no espelho vai ser melhor

Nos organizamos em uma parte mais aberta da casa, e eu estava com o coração na mão, logo em seguida chegou o cara das perucas, e o contei a minha decisão, ele tambem disse que era o melhor que eu poderia fazer. Quando Ricardo me colocou aquela capa de quando vai cortar o cabelo, e ligou a maquininha, eu fechei os olhos e deixei as lágrimas caírem, não queria ver meus cabelos caindo, era dor demais pra mim.

-Pronto-disse finalizando e eu me sentia péssima, como se um pedaço de mim tivesse ido embora
-Tô horrível, não tô?
-Claro que não Nicole, você é linda de qualquer jeito
-Obrigada pelo elogio, mas eu sei que não estou linda
-Está linda sim-disse Flávio-mas agora vai ficar maravilhosa, trouxe a peruca que me pediu
-Pois é, mesmo eu não gostando dessa coisa, ela vai ser parte de mim agora

Não quis em nenhum momento me olhar no espelho estando careca, e os dois juntos ajeitaram a peruca em mim, Ricardo ainda a fez um corte legal, e os dois me olhavam sorrindo no final.

-Agora é hora de se olhar no espelho e ver a nova Nicole-disse Flávio animado

Mesmo receosa, decidi encarar meu medo e me olhar no espelho, realmente aquilo foi uma injeção de animo em mim, e meu novo cabelo tinha ficado lindo.


@santananick : Enfrente seu maior medo, se olhe no espelho sorrindo e mostrando que você é mais forte que ele, pois ás vezes esse medo, é você mesmo que o alimenta.


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Olá amores, Luan se sentiu arrependido por ter sido cafajeste com Kemy, porém ela ta ficando com Javier agora e ele a pediu em namoro... Nicole decidiu enfrentar o medo, raspar o cabelo e colocar peruca... a história deu umas grandes reviravoltas hein, querem mais? haha, espero que estejam gostando da fic, tô parcialmente de férias, e espero que dê para postar logo, comentem bastante, bjoos