quinta-feira, 23 de junho de 2016

5º Capitulo

As duas primeiras aulas não teve nada de interessante, tipico do primeiro dia, apenas conheci dois professores novos, e a sala toda se apresentou. Na hora do lanche fiquei meio perdida e como tudo ali era caro demais nem comi nada, apenas olhava de longe as coisas e tinha coisas ali que nunca imaginava nem o gosto ou sabia que era de comer, então vi que a biblioteca estava vazia e fui pra lá ler um livro de literatura que eu amava. Fui uma das primeiras a retornar pra sala de aula, e vi que muitos ali já conversavam entre si e iniciavam uma amizade, eu ainda me mantive no meu canto, e segui sem manter contato com ninguem dali até terminarem as duas ultimas aulas com um outro novo professor.

-Como foi o dia na faculdade Kemy?-dona Roberta me perguntou assim que cheguei na pensão
-Foi bem, nossa lá parece outro mundo, é enorme, pena que lá uma maça custa mais de R$ 05,00
-E você nem comeu nada menina?-dona Roberta me repreendeu-espera que vou esquentar o que sobrou do almoço pra você
-Obrigada dona Roberta, to mesmo com fome-sorri vendo a preocupação dela comigo, já a considerava muito

*Luan on.

Hoje foi o primeiro dia de Nicole na faculdade, e eu a esperava na porta da faculdade ansioso para ver sua reação, e o que ela me contaria de sua nova fase.

-E ai filha, como foi?-a perguntei assim que ela entrou no carro
-Pai me tira desse inferno, que coisa chata, minha sala fica no ultimo andar, os elevadores lotados, uma aglomeração de gente pra lá e pra cá, sem contar que os professores começaram com uma matéria super chata, desisto, amanhã já não venho mais-disparou toda irritada
-Não deve ser tão ruim assim Nick, é porque hoje era o primeiro dia, muitos ainda deviam estar perdidos, mas logo tudo vai se normalizar
-Sério pai, eu cansei de estudar, poxa eu já conclui o ensino médio, ta ótimo, não preciso de faculdade
-Nicole eu já deixei o primeiro semestre todo pago, tenta cumprir só esse semestre, você não vai morrer, só vai adquirir mais experiências pra vida
-Que seja, mas agora vamos pra casa logo, porque já não aguento mais ficar aqui na frente

Apenas ri dela e seguimos pra casa, eu estava feliz que ela havia começado a faculdade, não seria fácil fazer ela continuar, mas eu tinha sempre minhas formas de a convencer quando eu queria.

*Kemilly on.

Uma semana havia se passado, e eu estava cada vez mais decidida e confiante com a minha escolha, ninguem da minha turma ainda havia se prontificado a falar comigo ou se aproximar de mim, mas como eu sempre fui acostumada a não ter amizades achei tudo normal, e todo dia na hora do intervalo eu ia para a biblioteca ler, ou escrever o que entendi da aula do dia.
Todos os dias quando estava a caminho da faculdade eu passava em frente uma lanchonete, e como eu precisava de um emprego para comprar minhas coisas, e me manter em São Paulo, decidi pegar um ônibus que passava mais cedo e fui na lanchonete conversar com a dona ou o dono do local para ver se eu conseguia alguma coisa.

-Bom dia-disse entrando na lanchonete que estava vazia e uma mulher acabava de colocar uma placa de "aberto"
-Bom dia, no que posso ajudar?-me perguntou toda simpática
-Bom eu me mudei a pouco tempo pra São Paulo pra fazer faculdade, e sempre passo aqui em frente, então vim perguntar se precisam de alguem para trabalhar aqui, pode ser pra fazer qualquer coisa, limpar o chão, lavar banheiros, eu só queria uma oportunidade
-Olha moça, qual seu nome?
-Kemilly
-Bom Kemilly, estamos mesmo precisando de uma moça para trabalhar aqui, porém é só á noite, e é para servir as mesas
-Á noite daria certo pra mim-disse sorrindo-e posso tentar servir as mesas, apenas quero uma chance de poder começar
-Eu preciso ver com meu marido, que é o dono daqui, mas traz um currículo, e qualquer coisa eu entro em contato com você
-Ok senhora muito obrigada-a agradeci

Sai da lanchonete super feliz e pedindo a Deus que desse certo, porém eu não tinha nenhum currículo e nem sabia como fazer um, então segui para a faculdade e lá pensaria em alguma forma de arranjar um currículo. Assim que deu o horário do intervalo corri para a biblioteca, ali havia muitos computadores, mas eu nunca tive nada tecnológico então não sabia nem como ligar a maquina e não aparecia ninguem para me ajudar.

-Moça, pode me dar uma ajudinha aqui?-pedi educadamente a uma mulher que entrava ali com um crachá da faculdade
-Claro, o que precisa, pesquisar algo? algum livro?
-Eu queria pesquisar como faz um currículo, teria como me ajudar?
-Sim, é raro vir estudantes nessa biblioteca e me procurar para alguma ajuda-diz a mulher rindo

Ela me ajudou montar um currículo, e eu teria de imprimir, porém era paga a impressão, e o único dinheiro que eu tinha era o de pagar a passagem do ônibus para voltar para a pensão.

-Vai imprimir ou colocar no pen drive?-a mulher me perguntou
-Quanto fica pra imprimir? e quanto fica pra colocar nesse tal de pen drive?
-Olha depende do tanto de folhas que quiser pode dar R$ 01,00 ou mais a impressão, mas se tiver um pen drive ai sai de graça-ela riu
-Moça é que eu preciso arrumar um emprego, não tem como você imprimir pra mim e assim que eu receber o meu primeiro salário eu venho aqui e lhe pago

A moça me olhou um pouco, e já pensei que ela não aceitaria.

-Olha vejo que você é uma menina esforçada e não entende muito de tecnologia, nem tem muitas condições, então fica tranquilo que pra você eu faço uma impressão sem cobrar nada, mas só dessa vez-disse sorrindo pra mim
-Nossa, nem sei como agradecer... Silvia-disse lendo no crachá dela
-Espero te ver mais vezes aqui na biblioteca... Kemilly-ela disse lendo o meu nome na folha que acabava de ser impressa e rimos
-Muito obrigada, e eu venho aqui todos os dias
-Ok então, até amanhã e boa sorte

Eu era tão grata a Deus por existir pessoas boas e Ele as colocar no meu caminho, tinha certeza que Silvia iria ser uma grande amiga pra mim ali dentro. Assim que sai da faculdade fui correndo na lanchonete entregar o meu currículo, e se tudo desse certo, ali seria mais um grande passo dado na minha vida.
Um mês se passou, e a cada dia eu estava mais feliz e me adaptando a essa vida nova da cidade grande, o emprego na lanchonete deu certo, eu estava amando minha faculdade, e conversava com Silvia na biblioteca todos os dias no horário do intervalo, já que as coisas da faculdade não cabiam em meu bolso para comprar e comer. Algumas pessoas da minha turma vieram conversar comigo, e até vi que alguns eram legais ali dentro, mas ainda me evitavam fora da sala de aula quando eu os cumprimentava perto de outras pessoas. Eu estava emagrecendo muito, só comia um pão com café cedo na pensão antes de ir pra faculdade, almoçava o que sobrava da comida na pensão assim que chegava, e á noite nem sentia fome pois era muito corrido na lanchonete e ali eles não davam comida para os funcionários, pois no horário que eu trabalhava já era para ir jantada, e a janta da pensão saia no horário que eu estava trabalhando e eu tinha medo de fazer barulho nas penelas á noite e acordar os outros hospedes no horário que eu chegava.
Eu havia acordado me sentindo um pouco mal e com dor de cabeça naquela manhã, só estava com o café da manhã de cedo no estomago e nada que os professores falavam entrava na minha cabeça, mas aguentei até o horário do intervalo, e assim que pude sair, corri para o banheiro e fui lavar meu rosto.

-Kemy, você esta tão acabada-eu dizia olhando meu reflexo no espelho e escorada na pia do banheiro, minha cabeça doía muito
-Garota sai de cima da pia, preciso colocar minhas coisas ai em cima-disse uma moça loira que entrou no banheiro acompanhada de mais três
-Desculpa-apenas assenti e deixei que ela colocasse suas coisas ali

Eu não estava nada bem, me escorei em um corrimão para deficientes, e ali fiquei escorada sentindo minha cabeça latejar, e ouvindo aquelas moças rindo e conversando sem parar sobre assuntos nada agradáveis.

-Amiga ontem transei com o Thiago, ele é um arraso na cama-uma gargalhava-o panaca ta comendo na minha mão, hoje acordei com milhões de mensagens dele, coitadinho achando que vou o responder-ria mais alto ainda
-Você só gosta de transar com os boys, e depois jogar fora, mas tem que ser assim amiga, pegar e não se apegar-a tal loira dizia
-E você Nicole, filha do maior cantor gato sertanejo, viu o que saiu na mídia sobre você?ontem você bebeu demais e nem deve ter visto quantos pegou-outra dizia rindo enquanto passava batom
-Pior que nem lembro, nem sei se foi o Renan, Alan, Pedro ou o Lucas, eu tava doídassa ontem, meu pai foi fazer show então sai mesmo, e quero nem ver quando eu chegar em casa hoje o sermão que vou levar, já que o chato vai ta em casa
-Você ainda leva sermão do papai?-uma começou dizer rindo-pensei que o Santana era um pai super liberal
-Vocês mal conhecem a peça-a moça revirou os olhos-a unica coisa boa é que ele me da grana pra fazer o que eu quiser, mas eu to amando que a agenda dele ta lotada, e agora pego o carro que ele me deu e vou pras baladas mais tops todos os dias que o chato não ta em casa
-Isso ai amiga, queria eu que meu pai vivesse fora de casa pra mim sair pra curtir as noitadas-disse a loira
-Melhor coisa Re, nem ligo para o que o meu pai fala, ele me obrigou e entrar na faculdade, então venho pra cá todos os dias certinho pra cumprir o papel de boa filha obediente, mas á noite faço a festa, inclusive acho que daqui duas semanas o velho vai emendar a agenda, e vai ser folga da empregada, então to pensando em fazer uma baladinha lá em casa
-Demorou gata-disse a outra morena-agora vamos comer logo, pra depois aguentar aula daquela professora nariguda

E saíram rindo, eu mesmo passando mal fiquei horrorizada com as conversas delas, ainda mais essa menina que parece que tem o pai famoso, ela não sabe a dor de ter um pai doente, acamado e já que tem um pai com saúde e condições pra fazer o melhor pra ela, acaba não o valorizando. Como o banheiro estava vazio acabei sentando ali no chão, e meu estomago começava a doer, eu não tinha forças pra levantar dali, talvez minha pressão estava baixa, então apenas fechei os olhos e fiquei ali me sentindo cada vez mais fraca.

*Nicole on.

Essa vida de faculdade é um tédio, uma chatice, o bom que logo fiz amizades, e já começamos a sair praticamente todos os dias, o que com certeza logo o meu pai iria me chamar a atenção, mas eu nem estava esquentando com isso, pois isso já é tipico dele. Tinhamos acabado de sair do banheiro falando de boys, festas e se maquiando, quando me dei conta que esqueci minha outra metade, minha vida toda, o meu celular.

-Para tudo amigas, esqueci meu celular no banheiro-só notei quando já haviamos chegado no refeitório
-Sério Nicole? não vou voltar pro ultimo andar agora nem a pau-Renata reclamava
-Esperem que já volto, e guardem lugar pra mim na mesa

Elas assentiram e peguei o elevador mais que depressa para chegar no banheiro e encontrar o meu celular ainda com vida.

-Te achei amor da minha vida-disse aliviada assim que vi meu lindo Iphone intacto em cima da pia

Foi quando ia saindo, que notei uma moça sentada no chão e debruçada, ela parecia tremer de frio, e estar nada bem.

-Moça? ta bem?-perguntei a vendo de longe

Ela parecia ser pobre, o cabelo estava com um coque mal feito, sem hidratação, e a roupa parecia que não via água e sabão a um bom tempo, ta exagerei, mas naquela faculdade só ia filhos de milionários pra cima, talvez ela fosse alguem da faxina que resolveu ir chorar no banheiro ou sei lá, mas fiquei incomodada a vendo naquele estado.

-Moça?-a chamei outra vez
-Me traz um copo d'água-ouvi a moça me pedir quase sem voz e sem nem levantar o rosto
-Mas você ta bem?-perguntei me aproximando
-Só preciso de um pouco d'água-disse finalmente levantando um pouco o rosto, e vi o tanto que ela estava pálida e com os lábios quase roxos
-Meu Deus, você ta nada bem-me abaixei até ela-vou na enfermaria pedir pra virem ver você
-Não, daqui a pouco tenho que entrar-disse num fio de voz
-Entrar onde? você trabalha aqui?
-Eu estudo-disse arrumando seu óculos que caia no rosto e fiquei espantada em saber que ela era aluna
-Mesmo assim, você ta nada bem, deve ter tido queda de pressão ou sei lá, quer que te ajude de alguma forma?
-Me traz um copo d´água, só isso-disse me olhando com uma cara de fraca, e juro que nunca senti tanta pena assim na minha vida
-Olha me espera aqui, já venho

A moça apenas assentiu, e sai daquele banheiro sentindo uma coisa estranha, vendo ela naquela situação mexeu comigo, eu posso ser tudo de ruim, e fazer coisas malucas até demais, mas eu não aguento ver ninguem mal, talvez tenha puxado isso do meu pai, nunca vi homem mais caridoso e humilde do que ele. Cheguei no refeitório pensativa, e fui na cantina comprar meu lanche de peito de peru, mas peguei um a mais, e uma água mineral.

-Nick a gente aqui-Brenda me gritou vendo eu passar direto da mesa onde estavam sentadas
-Já venho meninas-as avisei e outra vez peguei o elevador para ir no ultimo andar

Entrei outra vez no banheiro e a pobre moça ainda estava do mesmo jeito que a vi pela ultima vez.

-Moça? cheguei-disse me agachando perto dela-aqui sua água-a entreguei a garrafinha de água e ela sorriu pra mim
-Muito obrigada-disse abrindo a garrafinha meio tremula e tomando tudo de uma só vez
-Ta melhor?
-To melhorando-deu um sorriso de canto pra mim, e percebi que ela olhava meus lanches
-Olha, eu não sei se você gosta, mas trouxe pra você-a entreguei um lanche e ela me olhou com lágrimas nos olhos
-Não precisava gastar comigo moça, eu sei quanto um pãozinho desse custa aqui
-Come, você precisa se alimentar, se não vai passar mais mal ainda
-Obrigada, só vou aceitar porque realmente estou com muita fome-disse a moça sorrindo sem graça e abrindo o saquinho do lanche
-Espero que fique bem, mas agora preciso ir porque deixei minhas amigas me esperando
-Obrigada mesmo-ela me agradecia com a boca cheia e tive que rir
-De nada

Sai do banheiro com uma sensação tão boa, diferente, e fui comendo meu lanche no elevador e pensando no que eu havia acabado de fazer.

-Até que enfim Nick-disse Brenda assim que me sentei na mesa com elas
-Desculpa meninas, tinha esquecido de novo meu celular lá
-Hoje você ta esquecendo tudo em, o efeito da cachaça ainda não passou?-Renata brincou rindo
-Não sei, deve ta dentro do cérebro ainda-disse rindo

Conversamos só um pouco, e logo deu o horário de ir pra mais uma aula chata e entediante que eu entendia merda nenhuma, mas já que eu estava ali, pelo menos ia fingir que estava entendendo alguma coisa como sempre fiz.

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Olá amores, vou postar capitulos mais curtos ok? bom nossos personagens começaram a se cruzar haha, espero que estejam gostando e comentem sua opinião, critica ou o que deve melhorar na fic, bjooooooooooooos





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