terça-feira, 30 de janeiro de 2018

153ºCapitulo

*Kemilly on.

Chegou o dia que Luan marcou para fazermos a doação e a visita ao orfanato, confesso que eu estava receosa, e sem saber o que encontraria ali, eu amo crianças, mas não sei se sentiria vontade de adotar alguma, acho que isso é algo sério demais e precisa ser muito bem pensado, só estava torcendo para Luan não se apegar a nenhuma criança, o que é difícil, já que ele é igual doce, toda criança ama.

-Bom dia, sou a Inês, dona do orfanato, e é um prazer recebe-los aqui-disse a dona nos recepcionando, assim que entramos
-Bom dia, eu que agradeço a senhora por nos receber-disse Luan todo sorrisos
-Tambem queria agradecer a doação que fizeram, os agradeço em nome das crianças
-Imagina dona Inês, foi de coração-sorri a olhando
-Com certeza, eu e a minha mulher viemos aqui de coração, fazer essa doação e conhecer as crianças-disse Luan
-Serão sempre bem vindos aqui-sorriu para nós-agora venham comigo conhecer um pouco o orfanato, e as crianças
-Aqui tem crianças de que idade?-Luan a perguntou enquanto saíamos da sala dela
-Recebemos crianças de todas as idades, algumas chegam com meses de vida, ou mais de um ano, mas graças a Deus logo são adotadas, tambem chegam algumas mais velhas com mais de 4 anos, e essas ficam com a gente por um bom tempo, pois os casais preferem os bebês
-E tem algum bebê no momento?-Luan perguntou
-Tem dois bebês, uma menina de oito meses, e um menino de 10, mas já tem um casal vindo os conhecer e acho que um dos dois terá um lar
-Que bom, que Deus abençoe, que esses bebês consigam uma boa família-disse Luan

Luan ficou conversando com a dona do orfanato, e eu me mantinha em silêncio os escutando, ela começou a nos mostrar cada pedacinho do orfanato, era um lugar bem organizado, e bem colorido, um pouco precário por viver de doações, mas as moças que trabalham ali e a dona demonstram sentir muito amor pelas crianças e cuidar delas com muito carinho.

-As crianças geralmente gostam de ficar no pátio, no jardim, ou no parquinho brincando, dificilmente encontra alguma nos quartos-disse a dona rindo, nos levando até a parte mais aberta, onde estavam as crianças-hoje as reunimos aqui, para receber vocês, algumas até conhecem suas músicas-olhou para Luan
-Sério? que legal-ele sorriu bobo-ainda bem que trouxe meu violão, para cantar para essa moçada

Assim que chegamos no pátio, um monte de crianças veio nos abraçar, foi até engraçado e divertido, elas até podiam conhecer as músicas do Luan, mas mal sabiam quem ele era, por não verem TV, ou acessarem a internet, ali elas são apenas crianças, inocentes, e carentes de carinho, por isso querem abraçar todos que chegam.

-Você toca violão?-um menininho que grudou em Luan o perguntou, vendo o violão
-Toco sim rapaiz, e você sabe tocar?
-Não-o menininho riu-mas eu acho legal quem toca
-Você é muito linda-disse uma menininha me olhando
-Obrigada-sorri para ela, sem saber o que dizer-você que é linda
-Vocês parecem ser legais, me leva com vocês-pediu uma das crianças, eu e Luan nos entreolhamos sem reação
-Se a gente pudesse, levava todo mundo aqui, mas não iria caber lá em casa-disse Luan comovido
-Então vocês vem nos visitar de novo?-perguntou a mesma criança
-Claro que sim-respondeu Luan-não é amor?-perguntou me olhando e concordei
-Sim, a gente sempre que puder, vai vim ver vocês
-Crianças, assim vocês os deixam sem jeito, eles vieram ser amigos de vocês, então se comportem-disse dona Inês, vendo toda a situação
-Que tal juntar a criançada, e fazer uma roda para ouvir umas moda?-disse Luan dedilhando o violão, fazendo as crianças se animarem

As moças que trabalham no orfanato, fizeram as crianças sentar enfileiradinhas no chão, ficando de frente pra mim e Luan, que tambem nos sentamos no chão.

-E então, fala uma música que vocês gostam?-disse Luan e as crianças começaram a falar juntas, nos deixando sem entender nada-vamos fazer assim, eu vou começar uma música aqui, se vocês souberem cantem comigo, beleza?
-Siiiim-disseram as crianças e Luan começou a tocar e a cantar
-Aonde foi parar, o seu juízo...

No fim, as crianças amaram Luan, que cantou muita música para elas, era lindo de ver como ele interagia e sabia lidar com os pequenos, eles eram muito carentes e amorosos, toda hora queriam nos abraçar, nos elogiavam, e meu coração se encheu de amor, por cada pequeno gesto daquelas crianças. Passamos boa parte do dia ali, as crianças não queriam nos deixar ir embora, elas se encantaram com Luan, que brincou, cantou, dançou, e até tentou fazer uns bichinhos com massinha de modelar junto das crianças, realmente o meu marido merecia um filho, pena que eu ainda não consigo gerar um fruto nosso, e me senti um pouco mal, por saber que jamais o daria essa alegria, então disfarcei enquanto o via interagir com as crianças e fui perguntar a uma das moças que trabalham ali, aonde ficava o banheiro.

-Moça, pode me dizer onde é o banheiro?
-Claro, me acompanhe

Gentilmente, a moça me levou até o banheiro, e me deixou á vontade ali, respirei fundo, lavei o rosto, toquei minha barriga, e naquele momento sozinha, fechei os olhos e pedi a Deus, para que acontecesse algum milagre e eu proporcionasse ao meu marido ser pai outra vez. Aproveitei para fazer xixi, e respirar mais um pouco sozinha, enquanto pensava na minha vida, no meu problema, até que escuto alguem chorar baixinho, e no ultimo banheiro, vejo por baixo da porta dois pézinhos e percebi que o choro vinha dali.

-Oi, esta tudo bem?-perguntei batendo na porta e o choro continuou-esta tudo bem?-perguntei de novo e não ouvi resposta-por favor, deixa eu falar com você-pedi sentindo que aquela criança precisava de ajuda-não quer mesmo falar comigo?-perguntei mais uma vez e depois de um tempo ouço destrancar a porta, com cuidado a abri e entrei, vendo uma menininha toda encolhida, sentada, chorando, em cima da tampa do vaso sanitário-oi, porque você esta chorando princesa?-perguntei me abaixando para ficar na altura dela e ela parecia assustada-se acalma-alisei o rostinho dela-esta tudo bem?-perguntei e ela negou com a cabeça, ainda chorando-esta sentindo alguma coisa?-perguntei preocupada com aquela menininha e ela me surpreendeu me abraçando, na hora me arrepiei, e então apenas a abracei

Fiquei o tempo necessário abraçada com ela, que parecia assustada, chorava, e era tão pequena, tão indefesa, tentei a dar o máximo de carinho possível, e eu não queria deixar ela ali sozinha, pois eu não sabia o que estava acontecendo com ela.

-Para de chorar princesa-enxuguei as lágrimas dela-agora esta tudo bem, eu tô aqui com você-tentei a acalmar e aos poucos ela foi cessando o choro-qual é o seu nome?-a perguntei e ela continuava calada-se não quiser me dizer, tudo bem, sei que você não me conhece, mas eu não quero te ver chorando de novo-alisei o rostinho dela e ela assentiu fungando
-Até que enfim, achei essa menina-disse uma das moças do orfanato entrando no banheiro-sumiu desde cedo, olhei em todo canto, menos aqui
-Ela estava chorando, parecia assustada, aconteceu alguma coisa com ela?-perguntei a moça
-Ela é sempre fujona-olhou para a menininha, que continuava com o olhar assustado-ela esta tendo problemas em se adaptar ao abrigo, por isso vive se escondendo, mas agora eu vim te buscar, vamos meu amor-a pegou pela mãozinha e ela estava receosa em sair dali
-Acho que ela não quer sair
-Mas deve, ela precisa aprender a interagir com as outras crianças, ficar sozinha e trancada, não é bom para nenhuma criança
-Eu sei-suspirei olhando a menininha e meu coração se partia, a cada vez que eu a olhava com aquela carinha de dor
-Vamos lá fora Maria, vamos brincar-a moça tentava a animar e ela estava um pouco relutante, para sair do banheiro com ela
-Deixa eu tentar-pedi a moça, que suspirou concordando-e comigo, você aceita sair do banheiro?-a perguntei e ela ainda estava muito assustada, mas assentiu com seu jeitinho meigo-então vamos-peguei na mãozinha dela e saímos do banheiro

Ela quis chorar outra vez quando saímos, mas eu me abaixei para a abraçar de novo, e ela pareceu ter ficado um pouco melhor. A menininha segurava na minha mão com força, como se confiasse em mim, e como Luan estava todo entretido com as outras crianças, resolvi a levar até ele, para o conhecer e interagir com as outras crianças.



-O que você esta fazendo, meu bem?-o peguntei e ele estava distraído, ensinando as crianças a fazer algo com a massinha de modelar
-Tô ensinando as crianças a fazer alguns animais, já fizemos vários, olha que lindos-disse mostrando os animais já prontos e eu ri
-Animais bem exóticos-continuei rindo-meu bem, achei essa mocinha perdida no banheiro, ensina ela tambem
-Opa, claro que ensino-disse se virando para nós e a menininha se assustou um pouco com ele-oi, precisa chorar não, sou tão feio assim?
-Ela já estava chorando, esta bem assustadinha, tenta fazer ela interagir-o pedi
-Vem aqui com o tio, me fala que animal você gosta?-perguntou carinhoso a olhando e ela se agarrou na minha perna, com medo dele
-Amor, acho que ela não quer-suspirei o olhando
-Ela é sempre assustada assim mesmo, mas você precisa aprender a interagir Maria-disse uma outra moça, que cuida das crianças
-Tio, me ensina a fazer a borboletinha-uma outra menininha cutucou Luan, chamando a atenção dele
-Ensino sim uai-disse Luan voltando a concentração para as massinhas de modelar
-Acho que é melhor você ajudar o seu marido, com as massinhas e as crianças, deixa que ela vem comigo-disse uma das moças pegando a menininha no colo e meu coração se partiu, ao ver ela se distanciar de mim

Voltamos para casa muito felizes, Luan transbordava de felicidade, veio o caminho todo comentando sobre as crianças, ele amou essa visita ao orfanato, e já queria que fossemos de novo, eu tambem gostei de conhecer as crianças e poder ter ajudado um pouco aquele abrigo, mas o que não me saía da cabeça era a menininha que conheci no banheiro, tão frágil, pequena, assustada, carente de carinho, ela foi a que mais me tocou, principalmente pelo seu apego a mim, que durou tão pouco, mas o suficiente, pra mim não conseguir esquece-la.

-Ta toda pensativa-Luan beijava meu pescoço-porque esta com essa carinha de preocupação?-perguntou me abraçando, enquanto estávamos deitados em nossa cama
-Estava lembrando de hoje, a visita no orfanato-suspirei-as crianças são tão carentes, todas tem um futuro tão incerto
-Elas são bem cuidadas pelas moças que trabalham ali, mas realmente, nem todas vão ter sorte na vida, de encontrar uma boa família-ele suspirou-sinto pena de ver que são tão pequenas, e foram abandonadas pelos pais
-Não sei o que leva o ser humano, a fazer isso com o próprio filho-deixei uma lágrima cair indignada-enquanto a gente tenta de todas as formas, e daria tudo para ter um filho, quem pode ter, não valoriza essa benção que Deus os deu, e abandona
-Infelizmente existe gente assim, amor-Luan suspirou me abraçando-mas agora esquece isso-selou meus lábios
-Ta difícil-confessei o olhando-é triste ver a dor do abandono no olhar delas, eu não vou conseguir dormir tranquila, depois de hoje
-Se eu te conheço bem, tem alguma coisa a mais te incomodando-me olhou nos olhos-é alguma daquelas crianças, não é?
-Sim-assenti deixando uma lágrima cair-lembra daquela menininha que te apresentei, e ela não quis ir com você?-ele assentiu-eu a conheci de uma forma estranha e intensa, assim que eu vi ela, eu senti algo diferente aqui dentro, como se eu precisasse a ajudar de alguma forma, e ela sentia tanto medo, tanta insegurança, mas em mim ela confiou, ela pegou na minha mão e aceitou sair comigo de dentro do banheiro, aonde ela estava escondida chorando, e eu realmente não sei explicar isso que aconteceu, quando a moça do orfanato a pegou no colo e a levou para longe de mim, eu senti que algo em mim estava incompleto...-deixei mais lágrimas cair
-Que lindo meu amor-ele sorriu, enxugando as minhas lágrimas-me fala mais dessa menininha, eu vi ela só um pouco, mas achei lindinha, estava bem assustadinha agarrada em você-ele sorriu-sabe o nome dela?
-Parece que é Maria-suspirei-de todas as crianças daquele orfanato, com ela eu senti uma conexão especial, que eu não consigo explicar
-Eu sei, acredito em você-alisou o meu rosto-talvez seja essa menininha, aquilo que a gente tanto deseja
-Ta querendo dizer o que?
-Kemy, não é atoa que ela cruzou o seu caminho, e você mesmo mal a conhecendo, sentiu essa forte conexão, e só de te ouvir falar dela, eu senti vontade de saber mais sobre ela, porque eu vi em você um lado maternal, ao falar dela-sorriu pra mim-não se assuste, nem negue esse sentimento, se você quiser, amanhã mesmo a gente volta no orfanato, pergunta sobre essa menininha e vai atrás de todo o processo para a adotar
-Eu não sei se quero a adotar-disse confusa-preciso pensar melhor nisso tudo, deve ter sido emoção demais, pelo calor do momento, a menininha já é grandinha, não sei se saberia cuidar, se...
-Amor, isso a gente aprende juntos-olhou em meus olhos-o que você decidir, eu estou com você
-Eu sei-sorri de canto alisando o rosto dele-melhor a gente dormir
-Só dormir é?-me olhou safado
-Por hoje sim-respirei fundo-preciso pensar melhor, nisso tudo
-Então pode pensar-beijou a minha testa e me puxou para deitar sobre o seu peito-pensa com carinho, ouve o seu coração, porque eu tenho certeza que ele vai te dar a resposta certa

Tentei seguir os conselhos do meu marido, e pensei muito em tudo o que senti quando vi aquela menininha, a Maria, talvez eu demore entender o que se passa dentro de mim, mas eu esperava em breve resolver essa confusão de sentimentos, e decidir enfim qual caminho seguir. Algumas semanas se passaram, e por mais que eu tentasse esquecer, todo dia eu me pegava lembrando daquela menina, fui na minha ginecologista e tive mais uma vez, uma resposta negativa sobre o meu sonho de ter um filho com o meu marido. Depois de mais uma decepção, eu sabia que de mim não sairia criança nenhuma, Luan ainda queria ser pai, e tocava no assunto para adotarmos, eu tentei relutar contra isso, mas quando eu me lembrava do meu problema para engravidar, e me lembrava de Maria, meu sentimento por aquela pequena falou mais alto, então percebi que essa era a resposta que Deus me deu, quando eu pedi em silêncio um milagre para dar um filho a Luan, e a Maria era esse milagre.

-Meu bem, eu sei que parece loucura, mas a Maria precisa ser a nossa filha-decidi dizer a Luan, que abriu um sorriso largo
-Eu sabia-sorriu me pegando no colo e me erguendo no alto-eu amo você, e pode ter certeza, que vou amar muito a nossa filha

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Depois de conversar com Luan, nem precisou de muito para ele aceitar, na hora ele já ligou no orfanato, agendou outra visita nossa, e dessa vez eu contava os minutos para chegar o dia de ver outra vez a pequena Maria.

-Olá, é tão bom recebe-los aqui outra vez-disse dona Inês sorridente, nos recebendo em sua sala
-Pois é, a gente prometeu que voltaria, então voltamos mesmo-disse Luan, todo sorrisos
-As crianças vão adorar passar o dia, com você cantando para elas de novo-disse animada
-Eu tambem vou adorar cantar para as crianças, mas hoje, a gente veio aqui para ter uma conversa com a senhora, para ver como funciona a adoção
-Então vocês gostaram de alguma criança, em especial?
-Sim-disse decidida-o nome dela é Maria, eu queria saber mais sobre ela e se temos chances de adota-la
-Fico feliz que vão dar um lar a uma de nossas crianças-sorriu sincera-mas preciso saber qual a criança que você se refere, pois por nome, aqui tem muitas Marias
-Então a gente pode ir vê-la?-a peguntei cheia de ansiedade, em ver a pequena de novo
-Sim, mas sejam discretos, não demonstrem ainda o interesse que vão adota-la, pois precisa de todo um processo para preparar vocês e a criança antes
-Tudo bem-assenti concordando-a gente só quer ver ela, por enquanto
-Isso é bom, para saber qual das crianças é a que vocês tem interesse, me acompanhem

Seguimos com dona Inês até o pátio onde as crianças brincavam, e mais uma vez fomos recebidos com um monte de abraços, discretamente dona Inês conversou com as moças que cuidavam das crianças, para separarem as Marias, e saberem qual delas é a que eu e Luan tínhamos interesse em adotar, e enquanto isso eu olhava para os lados a procurando, em algum canto eu tinha certeza que a minha pequena iria estar.

-Bom, aqui está as meninas-disse dona Inês nos levanto para um cantinho mais reservado, com um monte de menina com o nome de Maria
-Oi princesas-disse Luan já interagindo com elas-vocês são muito lindas
-São sim-sorri concordando com ele, mas ela não estava ali
-Bom, vou deixa-los com as crianças-disse dona Inês indo sair dali, mas fui até ela
-Dona Inês, acontece que a Maria que a gente procura, não é nenhuma delas
-Como não?-me olhou sem entender-essas são todas as meninas com o nome de Maria que temos na instituição, e se ela não está ali, lamento em dizer, mas já deve ter sido adotada
-O que?-a olhei sentindo o meu coração sangrar-mas ela estava aqui a semanas atrás, não é possível que...
-Eu sei-ela suspirou-na semana seguinte que vocês estiveram aqui, algumas crianças foram adotadas, e eu me lembro que tinha uma pequena com o nome de Maria, talvez seja a mesma que vocês queriam
-Eu não acredito-deixei lágrimas cair-eu demorei muito em decidir isso, e acho que cheguei tarde, mas se ela foi adotada, tomara que esteja com uma boa família-enxuguei minhas lágrimas
-Foi sim-ela sorriu de canto-mas ainda tem outras crianças aqui, se estão dispostos a adotar, vocês vão encontrar aquela que vai fazer o coração de vocês bater mais forte e vão sentir que ela nasceu para ser de vocês
-Eu já senti isso dona Inês, mas pena que não percebi antes-respirei fundo-se agora não tem mais nada para fazer o tempo voltar atrás, vou ver o que o Luan decide, se ele gostar de alguma criança, avisamos vocês
-Tudo bem querida, fiquem á vontade com as crianças

Olhei para Luan que conversava com as menininhas, o sorriso dele era tão puro, tão lindo, ele estava tão feliz porque aceitei adotar uma criança, e se eu dissesse que a criança que eu queria não estava mais ali, e desisti da ideia, sei que ele iria ficar muito chateado comigo. Estava sendo impossível segurar as lágrimas, então para ao menos me recompor, entrei no primeiro banheiro que vi, e me pus a chorar, parece que tudo dava errado pra mim, se eu não podia gerar um filho, porque a unica criança que senti algo forte o suficiente para chamar de minha, não podia mais ser minha? era uma dor tão grande, de perder aquilo que nunca foi meu. Chorei um pouco no banheiro, e depois de tentar me aliviar, lavei o rosto, respirei fundo, e precisava sair dali com a ideia formada de escolher qualquer criança, só para deixar o meu marido feliz, até que quando eu estava saindo do banheiro, ouço alguem chorar e meu coração pulsou mais forte, voltei correndo para o banheiro, e quando olhei em baixo de uma das ultimas portas, vi outra vez aqueles pézinhos, então o que eram lágrimas de tristeza, se transformou em lágrimas de felicidade, outra vez o destino a colocou perto de mim, e dessa vez eu não vou desperdiçar essa chance.

-Maria, é você?-perguntei batendo na porta do banheiro-esta tudo bem, pode abrir a porta, confia em mim, tô aqui para cuidar de você-disse com toda paciência do mundo-Maria? sei que não gosta de se enturmar com as outras crianças, mas abre a porta pra mim, deixa eu conversar com você, e ser a sua amiga

Só ouvia ela chorar baixinho, e dessa vez ela estava demorando abrir a porta, ela precisava tanto de mim, e eu precisava mais ainda dela, bati outra vez na porta, e depois de um tempo finalmente ouço ela a destrancar, então mais do que depressa abri a porta, e vi a pequena que mal conheço, mas já amo tanto, toda encolhidinha chorando, no calor do momento a abracei e chorei abraçada a ela, era como se aquilo fosse a aliviar, e me aliviar ao mesmo tempo, nunca mais queria sair daquele abraço, ela realmente nasceu para ser minha, minha Maria.

-Ta tudo bem, eu tô aqui-a disse enquanto ainda estávamos abraçadas-eu prometo que nunca mais vou deixar você-a olhei em seus pequenos olhos, que refletiam medo-não precisa ter medo, eu tô aqui-fiz carinho em seus cabelos cacheados

A consolei como pude, e quando ela pareceu estar mais calminha, a peguei no colo e saí com ela de dentro do banheiro, eu queria a proteger de tudo lá fora, e era tão bom ter ela em meus braços, a levei até onde estava Luan e as outras menininhas, e assim que ele me viu, um sorriso largo se instalou em seu rosto.

-É ela-apenas o disse isso, e ele assentiu se levantando do chão e vindo até nós
-Eu sabia que tinha um motivo para você ter sumido-sorriu nos olhando-oi, tudo bem?-ele a perguntou, e ela escondeu a cabeça em meu ombro
-Acho que ela esta um pouco assustada ainda, a encontrei no banheiro de novo-suspirei o olhando
-Mas logo ela se acostuma com a gente-Luan alisou os cabelinhos dela-não quer falar comigo mocinha?-ela continuava escondendo o rosto em meu ombro
-Acho que ela quer só um pouco de carinho-beijei o alto da cabeça dela
-Você não tem ideia de como fica linda assim-sorriu feito bobo nos olhando
-Vai procurar a dona Inês, e diz que encontramos quem a gente procurava
-Ta bom-assentiu todo sorridente

Luan logo voltou com a dona Inês, e eu ainda estava com a Maria em meu colo.

-Eu sabia que ela ainda estava aqui-disse sorrindo para a dona Inês, assim que ela chegou
-Então era essa a menina-suspirou nos olhando-talvez vocês queiram conversar mais sobre ela, pois não é uma das crianças que recomendamos para a adoção, no momento
-Porque não?-perguntei de imediato-ela parece ser tão doce, só é um pouco assustada e gosta de ficar sozinha
-Existem razões e motivos para isso, vamos na minha sala conversar
-E ela?-perguntei ainda a segurando em meu colo
-Melhor deixar ela com as outras crianças
-Não-a disse firme-vou a deixar com uma das moças, e depois vou para a sala da senhora, para conversarmos

Procurei por uma das moças que cuidavam das crianças e deixei Maria com ela, a pequena me olhou como se pedisse pra mim ficar com ela, e doeu demais deixar ela com outra pessoa, mas eu precisava conversar com dona Inês e saber mais sobre a pequena, de onde ela veio, e tudo o que a envolve, já que com certeza deve ter algum trauma pelo seu isolamento e sofrimento. Segui para a sala de dona Inês, onde ela já estava sentada conversando com Luan, e o tinha entregado alguns papeis, me sentei ao lado do meu marido e estava disposta a ouvir tudo sobre a nossa futura filha.

-Ai está o que temos sobre a criança que vocês se interessaram em adotar-nos mostrou os papeis-o nome dela é Maria, pois era chamada apenas assim, não tem certidão de nascimento, nem nenhum outro registo, calculamos que ela tenha 4 anos, ela foi encontrada dentro de um guarda roupas na casa que morava com os tios, a história dela é bem triste-dona Inês suspirou-parece que os pais dela eram usuários de drogas, e uma tia pegou a menina para criar, ela tinha uma irmã mais velha que tambem era criada por essa mesma tia, e segundo o relato dos vizinhos, que denunciaram os maus tratos, o marido da tia da criança era usuário de drogas e álcool, batia na mulher, e na irmã mais velha da menina-suspirou outra vez-parece que um dia tiveram uma briga feia, e os vizinhos acham que a irmã da menina a escondeu dentro do guarda roupas, para evitar que ela fosse abusada pelo tio, pois os vizinhos ouviram muitos gritos, tiros, e quando a polícia chegou na casa, encontraram a tia e a irmã da menina mortas e com sinais de estupro-suspirou e eu já estava em choque, com tanta barbaridade-então ouviram ela chorando escondida dentro do guarda roupas, a levaram para fazer exames, e só estava com sinais de desidratação e alguns hematomas, mas não havia sinal nenhum de abuso sexual, o canalha do tio fugiu, e desde então enviaram a menina para o abrigo, pois os vizinhos não queriam a responsabilidade de criar, nem sabiam nenhum outro parente que pudesse cuidar dela, por isso que mesmo ela sendo ainda muito pequena, ela demonstra esse medo das pessoas, a gente tenta faze-la interagir com as outras crianças, e não temos verba o suficiente para dar um tratamento psicológico a ela, pois aqui tem várias outras crianças que sofreram traumas e abusos, até piores que os dela, e supomos que esse jeito dela de se isolar, e sentir medo, é porque a irmã mais velha dela a escondia sempre que pudia, para evitar que o tio violento a machucasse, e então ela aprendeu a se esconder e fugir das pessoas

Eu e Luan estávamos em choque, meu coração sangrava ao imaginar que a pequena passou por tudo isso, eu fui abusada na infância, e mesmo que ela não tenha passado pelo o que eu passei, sei que o trauma deve ter sido muito forte, ainda mais para uma criança de 4 anos, que está aprendendo a conhecer a vida, eu não queria que nenhum mal a acontecesse, queria a proteger, e mesmo que ela tenha esse medo das pessoas, eu e Luan, nossa família, vamos a acolher com todo amor do mundo, e mudar a vida dela, vamos fazer todo trabalho com o psicólogo, ou qualquer outro profissional que ela precisar, mas eu quero essa menina, muito mais agora por saber a história dela, e finalmente a dar a chance de ser feliz.

-Triste demais tudo isso-disse Luan se manifestando depois de um tempo, e suspirou me olhando-tem certeza que ainda a quer como nossa filha?
-Mais do que nunca-respondi o olhando nos olhos-eu já sofri na minha infância, fui abusada, passei coisas horríveis na minha vida, e eu quero que com ela seja diferente, a gente tem possibilidade de cuidar dela, de a dar tudo de melhor, então porque vamos desperdiçar essa chance?
-Tem razão-sorriu de canto concordando comigo-ela é uma guerreirinha, igual a você-entrelaçou sua mão com a minha-então não importa o que ela já sofreu ou passou, porque isso ficou no passado, a partir de agora queremos a dar um futuro melhor, e estamos dispostos a ter ela, como a nossa filha
-Como a decisão é de vocês, vou entrar em contato com a assistência social, para conhecer a casa de vocês, a vida de vocês, e saber se vocês tem as condições necessárias para criar a criança, e se quiserem, já podem ir entrando com os papéis de adoção

Três meses se passaram, e foram meses de luta e ansiedade, correr atrás do processo de adoção não é nada fácil, a assistente social, veio de perto acompanhar nossas vidas, nossa convivência, conhecer os amigos próximos, a família, e até ás vezes que eu e Luan viajamos devido os shows, tudo isso conta em um processo de adoção, sem contar que a gente pode poucas vezes ir ver a Maria e saber como ela estava, me deixava triste saber que a pequena continuava se escondendo e tinha medo das pessoas, mas eu queria mudar isso nela, então consegui ir um pouco mais de vezes no orfanato para interagir com ela, que mal falava, eu sabia que ela iria ser muito feliz comigo e Luan, e aos poucos ela iria perder esse medo e essa falta de confiança nas pessoas, pois nem todo mundo é ruim, e tem um monte de gente esperando por ela, para a encher de amor, tanto eu como Luan, quanto toda a nossa família, estávamos muito ansiosos para enfim a Maria vir passar um tempo com a gente e ver se iria se adaptar.

-Amor, será que vão trazer ela hoje mesmo?-eu estava inquieta e quase fazia um buraco no chão da sala, andando de um lado para o outro
-Claro que vão Kemy, só fica calma, que daqui a pouco chegam
-Mas e se...-fui interrompida ouvindo a campainha-finalmente-meu coração deu um solavanco e eu corri para abrir a porta, mas Luan não deixou
-Deixa que a Cida abre a porta, nós vamos esperar eles entrarem aqui-me abraçou pela cintura e beijou o meu pescoço-relaxa, que vai dar tudo certo

Cida abriu a porta, e logo entrou a assistente social, uma outra moça com um bloco de anotações na mão, e uma das moças do orfanato segurando a mão de Maria, que fez meu coração bater mais forte, assim que a vi.

-Bom dia-nos cumprimentou a assistente social-como vocês já sabem, a menina vai passar alguns dias com vocês e depois iremos vir acompanhar de perto, como está sendo o processo de adaptação dela com a família
-Sim, a gente sabe-respondi ansiosa
-Assinem os termos de responsabilidade, pois por uma semana a Maria vai ficar na casa de vocês e convivendo normalmente com todos que aqui vivem-disse a moça que segurava o bloco de anotações, nos entregando uma caneta para assinarmos ali
-Acho que esta tudo certo-disse a assistente social, olhando as nossas assinaturas
-Ela é uma boa menina-disse a moça do orfanato que segurava a mão de Maria, que olhava ao redor toda receosa-Maria, esses são o Luan e a Kemilly, eles vão cuidar de você por alguns dias, tudo bem?-a disse e ela a olhou sem entender, mas assentiu-da um abraço-Maria a abraçou-tenho certeza que você vai ser muito feliz aqui, pequena
-Te garanto que sim-sorri me aproximando delas-oi Maria, lembra de mim?-me abaixei para falar com ela, e ela assentiu me olhando-o que acha de ficar alguns dias comigo? você quer?-a perguntei e ela assentiu de novo
-Ela não é muito de falar, mas se você conversar com ela com jeitinho, ela vai interagir com você-me disse a moça do orfanato
-Esta tudo certo, agora tudo depende de vocês e da adaptação da criança-disse a assistente social
-Pode deixar, que ela vai ser muito bem cuidada-garanti

Cida acompanhou elas até a porta, e enfim Maria ficou a sós comigo e Luan, ele só sabia sorrir, e eu mais ainda, era a primeira vez que Maria veio para a nossa casa conhecer tudo, e eu queria que ela sentisse todo o amor que estávamos dispostos a dar a ela.

-Maria, eu sou a Kemilly, mas pode me chamar de Kemy-a disse com todo jeitinho e ela ficou me olhando
-Eu sou o Luan, me chama de Luan se quiser-ele a disse e ela o olhou
-Essa é a Cida-a apresentei Cida, que sorria a olhando encantada
-Oi Maria, você é muito linda, seja bem vinda-disse Cida
-Quer conhecer a casa?-a perguntei e ela me olhou em dúvida-vem comigo, tem um quarto só para você lá em cima, e um quarto cheio de brinquedos, quer conhecer?-depois de muito me olhar, ela assentiu, e então eu e Luan subimos com ela para o quarto de brinquedos, que na verdade era de Alice, mas agora seria das duas, da neta de Luan, e da nossa filha

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Olá amores, vocês pediram muito por isso, então posteeei, será que a Maria vai se adaptar a eles? gostaram da atitude do casal em adotar a pequena? será que depois de adotarem uma criança, vai vir outras surpresas? comeeeeeentem bastante, bjoos













domingo, 28 de janeiro de 2018

152ºCapitulo

*Luan on.

Ainda estava inconformado, sem acreditar no que Kemilly foi capaz de esconder de mim, passei a noite toda trancado no quarto de hospedes, chorando e me perguntando, o que eu fiz de tão errado para ela não ter confiado em mim. Estava cansado, com a cabeça cheia, mas precisava comer alguma coisa, como era de madrugada, resolvi sair do quarto, e fazer qualquer coisa para comer, afinal nem fome eu sentia direito. Comi algumas bolachas, e tomei um suco que estava na geladeira, fiquei sentado pensativo no balcão da cozinha, até que sinto alguem tocar o meu ombro, respirei fundo, pois não estava com cabeça para falar com a Kemilly.

-Me da um tempo-disse sem nem a olhar
-Sou eu pai-olhei e era Nicole-esta tudo bem?-perguntou se sentando ao meu lado
-Não esta nada bem
-Eu sei-suspirou me olhando-a Kemilly me disse o que aconteceu, e eu dou razão a você-segurou minha mão
-Obrigado-sorri de canto
-Eu não quero me meter na relação de vocês, mas eu tambem achei super errado o que ela fez, não confiou em você, te fez criar expectativas, e eu sei o quanto você esta chateado com isso, era algo que você queria muito
-Queria-suspirei chateado-mas que infelizmente, nunca vai acontecer
-Não fica assim pai-deitou a cabeça em meu ombro e me abraçou-se te consola um pouquinho, você tem a mim
-Você não apenas me consola, você é tudo pra mim-a abracei e beijei sua testa-eu nunca entendi porque tive que ter você com aquela mulher, mas Deus sabe todas as coisas, e para não me deixar sem filhos, me mandou você, mesmo que para isso, eu tenha me relacionado com a pior pessoa desse mundo, pelo menos eu ganhei o melhor presente, que é você
-Talvez seja isso-sorriu de canto concordando-o lado positivo, é que eu vou ter sempre o meu paizinho, só pra mim-alisou minha barba
-Sim Nick, para sempre você vai ser o meu único bebê-a abracei apertado

Nicole sempre foi tudo de mais precioso na minha vida, e ela ter aparecido no meio da madrugada para conversar comigo na cozinha, me aliviou bastante, mesmo que eu não possa ter outros filhos, eu tenho ela, que vai ser eternamente a minha bebê, a minha filha amada. Alguns dias se passaram, e eu continuava sem falar com Kemilly, estava dormindo no quarto de hospedes, e para não cruzar com ela, pedi a minha filha para pegar minhas roupas no outro quarto, e Cida trazia minha comida por esses dias, Kemilly precisava desse gelo para aprender, e eu precisava desse tempo longe dela, para conseguir pensar se devo tentar conversar com ela ou não.

-Vovô, vamos comprar sorvete-Alice me enchia o saco ali no quarto comigo, deixei ela entrar para passar um tempo comigo, e toda hora ela queria sair
-Não Alice, já te disse que eu não quero sair, e para de ficar comprando sorvete, você eta ficando muito gordinha
-Então vamos brincar no parquinho
-Alice, eu não quero sair
-Chato-me chamou de chato na maior cara dura
-O que você disse Alice?-a olhei bravo
-Que você é chato-disse bicuda
-E na onde você esta aprendendo a falar isso? não pode, eu sou seu avô, me respeita
-Então me leva para comprar sorvete vovô
-Não Alice, criança chata não merece sorvete
-Chato é você-disse toda birrenta saindo do quarto
-Sou tão chato, que você não entra mais aqui-tranquei a porta e deixei ela para o lado de fora, Alice esta ficando muito chatinha e eu não estou com um pingo de paciência para aturar criança mimada

Mais á tarde eu teria que estar de malas prontas para cumprir a minha agenda de shows, e eu não estava com cabeça para nada, queria sumir, ficar sozinho, mas eu tinha que ir, mesmo que não quisesse, pois meus fãs me esperavam, e talvez por esses dias eu esfrie a cabeça e fique melhor, recebendo o carinho do meu público.

-Que milagre, resolveu sair da toca-disse Nicole, assim que apareci na sala
-Foi preciso-respirei fundo-já devem estar chegando para me buscar, tenho show para fazer
-Que bom que vai sair um pouco, assim você pensa melhor e se distraí
-Sim, quero ir logo-olhei no celular para ver se Rober tinha me mandado alguma mensagem-filha, você e a Cida arrumaram a minha mala como eu pedi?
-Acho que sim, sua mala esta do jeito que você pediu, se quiser pode conferir
-Não precisa-sorri de canto vendo a minha mala pronta perto da escada e ouvimos a campainha tocar-preciso ir
-Boa viagem paizinho-minha filha me deu um abraço
-Obrigado bebê-beijei sua testa-deixa um beijo para a Alice, mesmo se ela estiver brava comigo-ri de canto
-Ela logo te perdoa, o Lucas levou ela para brincar no parquinho, ela já até deve ter esquecido
-Tomara-sorri de canto dando mais um abraço em Nicole-agora vou indo-peguei minha mala e abri a porta, até que escuto alguem me chamar
-Luan, me espera-era Kemilly, descendo as escadas toda apressada com sua mala
-Onde você pensa que vai?-a perguntei sério, enquanto Rober colocava as minhas coisas na van
-Viajar com você, ou esqueceu que sou sua assessora?
-Então pode ter uma folga indeterminada, e tchau, porque já estou atrasado-a virei as costas, mas ela veio atrás
-Eu não preciso de folga nenhuma Luan, para de agir assim comigo-me virei para a olhar e ela estava com uma cara péssima, respirei fundo pedindo a Deus paciência
-Tudo bem, você pode vir, mas me deixa no meu canto

Subi na van sem olhar para ela, e acho que Rober a ajudou a pegar as coisas dela, para ela não sentar ao meu lado, fiquei perto de Wellington e acho que ela foi para o fundo da van. No jatinho foi a mesma coisa, me sentei no meu lugar de sempre, e estiquei minhas pernas para ela não se sentar de frente pra mim, fiquei mexendo no celular, e ela se sentou do outro lado, coloquei meus fones no ouvido, uma touca por cima e fechei os olhos fingindo dormir, para ela não me perturbar. Cheguei em Minas, sendo recepcionado por um grupo de fãs no aeroporto, tirei fotos, dei autógrafos, e elas tambem paparicaram Kemilly, deixei ela com as fãs e fui indo na frente para entrar na van. Como cheguei tarde na cidade, fomos direto para o local do show, e eu pedia paciência a Deus, porque não estava de bom humor para ficar recebendo gente, dando entrevista, nem ouvindo aqueles que sempre aparecem no meu camarim para puxar o meu saco.

-Luan, as fãs vão começar a entrar, e depois a imprensa-Kemilly me avisou
-Eu sei como funciona, não precisa me dizer
-Eu só vim te avisar que vão entrar aqui, para você tirar essa cara amarrada e fingir que esta tudo bem, pelo menos para as pessoas
-Ok, vou fingir sim, não sei se tão bem quanto você, mas vou tentar
-Você esta agindo feito um idiota-me olhou irritada
-Da para calar a boca e se posicionar, o Rober vai abrir a porta para os fãs entrar, então saí daqui, que o famoso sou eu
-Tudo bem senhor Luan Santana, se vira-Kemilly foi toda brava para a outra parte do camarim e eu comecei o atendimento aos fãs

Finalmente acabou o atendimento, e com a imprensa fui o mais breve possível, eles sempre fazem as mesmas perguntas, tem nem emoção em responder. Quando entrei no palco, a energia era outra, ali eu pude ser eu mesmo, fazer o que sei de melhor, que é cantar e dar o meu melhor, para aqueles que estavam ali só para me ouvir.

-Boi, tem gente querendo vir se despedir de você-Rober me avisava, enquanto me ajudava a tirar os fios do retorno
-Testa, eu não quero receber ninguem, vamos embora logo, fala que eu estou com dor de cabeça ou algo assim-pedi para ele dar uma desculpa
-Desculpa, mas quem disse que você iria recebe-los, foi a sua assessora-olhei para a porta e Kemilly entrava com o povo, bufei e eu teria que mais uma vez atender gente puxa saco

Seguimos para o hotel, e eu conversava com Nicole por whatsapp, ela queria saber se estava tudo bem, se eu e Kemilly não tivemos nenhuma DR pública, e eu a tranquilizei, dizendo estar tudo em paz, afinal eu mal falei com ela, então se continuasse assim por toda a semana, iria estar tudo bem.

-Boi, você sabe que vai dormir no mesmo quarto que a Kemy né?-disse Rober assim que chegamos no hotel
-O que? eu pedi para alugarem um quarto a mais, Roberval
-Mas colocaram as coisas de vocês dois no mesmo quarto, afinal são marido e mulher
-E daí? eu quero dormir sozinho
-Desculpa me intrometer-disse Kemilly se aproximando de nós-mas eu como a sua assessora, acho que não seria boa ideia dormirmos em quartos separados Luan, porque para sair um boato aqui do hotel que você e eu não dormimos juntos, pouco custa, mas se você quer arriscar expor que estamos brigados para todo mundo, o azar é seu-deu de ombros entrando no hotel e eu respirei fundo indo atrás dela
-Me espera-peguei na mão dela-vamos pegar o nosso cartão, e resolvemos onde cada um vai dormir quando chegarmos no quarto
-Por mim tudo bem, você quem manda, patrão

Peguei o cartão do quarto que iria ficar com Kemilly, e nunca me senti tão incomodado em ter que dividir o mesmo quarto que ela.

-O meu quarto é o do lado, vocês não se matem, porque quero dormir-disse Rober indo para o seu próprio quarto
-Cala a boca-o mostrei o dedo do meio e enfim abri a porta do quarto, que eu iria ficar com a Kemy
-Ainda bem, que sempre deixam a melhor suite para você, que tem sofá e cama-disse Kemy assim que entramos no quarto
-Então você escolhe onde quer dormir, e licença que eu vou tomar banho

Peguei na minha mala, uma cueca e uma calça de moletom que gosto de dormir, e fui tomar o meu banho, assim eu já iria sair trocado, não quero gracinhas com Kemilly, ainda estou muito chateado com o que ela fez. Saí do banho, e ela estava deitada na cama digitando algo em seu notebook, devia estar postando algo em seu blog, não falei com ela e segui para a sacada do quarto, ali pedi um lanche pra mim, e fiquei na sacada pensativo até o meu lanche chegar.

-Não sabia que iria pedir lanche, tambem queria um-disse Kemy ao me ver abrindo a porta
-Se quiser, é só pedir, não estou te impedindo de nada

Abri a porta recebendo o meu lanche, e Kemilly não se manifestou se queria algo, então fechei a porta e deixei o moço que veio me entregar o lanche sair. Me sentei na sacada para comer, e depois só peguei o meu violão dentro do quarto e voltei para ficar tirando nota de algumas composições, queria ocupar minha mente, para esquecer os meus problemas e decepções.

-Luan, esta ficando tarde, vem dormir-Kemy apareceu ali na sacada, vestida com o seu robe e uma carinha de choro
-Tô bem aqui, tô compondo-não a dei atenção
-Mas esta esfriando, você não pode ficar doente, só vim aqui te avisar-me olhou entristecida e como não dei atenção, ela saiu

Fiquei mais um pouco ali na sacada, e realmente estava ficando frio, então fechei tudo e entrei no quarto, Kemy estava toda encolhida em um cantinho da cama, deitada de costas pra mim, e como eu estava muito cansado, não iria dormir no sofá, para depois acordar todo moído e quebrado, a cama tinha um espaço grande sobrando, então me ajeitei ali, me virei de costas para ela e fechei os olhos tentando dormir. Um tempo depois, eu ainda tentava dormir, quando senti ela me abraçar, passar a mão por meu braço, por meu peito, beijar e molhar as minhas costas com suas lágrimas, já que ela com certeza estava chorando, pois a ouvi fungar.

-Meu bem, eu só queria que você me perdoasse-disse em meio ao choro, e eu permaneci quieto na mesma posição, fingindo dormir-eu nunca quis magoar você, ferir seus sentimentos, destruir os seus sonhos e acabar com as suas expectativas-chorou mais um pouco-tudo o que eu fiz, foi para te poupar de sofrer comigo, eu tive medo, insegurança, e eu não queria te perder-me apertou um pouquinho mais forte e beijou minhas costas-eu te amo mais que tudo, eu preciso de você, me perdoa logo Luan, porque esta difícil te ver e não te tocar, ouvir você reclamar de mim, me ignorar, isso dói muito mais que o fato de que eu nunca vou poder te dar um filho-chorava mais ainda-só me perdoa meu amor, me perdoa...-continuou chorando agarrada a mim e eu não sabia se demonstrava que ouvi tudo ou continuava fingindo dormir
-Pensasse nisso, antes de me esconder que você não pode engravidar-disse depois de um tempo, me virando para ela, que ainda chorava
-Me perdoa, eu sei que devia ter te contado, confiado em você, mas meu medo falou mais alto e...
-Você sabia que devia ter me contado, mas porque não contou Kemilly?-a encarei e ela só sabia chorar
-Eu tive medo...-tentava se explicar em meio ao choro-medo de perder você
-Kemilly, se você tivesse me contado desde o inicio, eu iria entender, a gente teria pensado em alguma solução juntos, mas você quis esconder de mim, me enganar, e isso eu não consigo superar, ainda não acredito que depois de anos convivendo comigo, você nunca me disse nada e esperou eu descobrir por conta própria
-Eu não queria que isso acontecesse, porque desde o começo você já falava de ter filhos, e eu sempre adiei isso, pois achava que seria algo mais futuro, até que chegou o momento de você me cobrar, e ter razão em cobrar isso de mim, por estarmos casados, mas eu não queria te decepcionar...
-Mas decepcionou-a olhei chateado-você acabou comigo Kemilly, foi a minha maior decepção
-Me desculpa amor... isso dói mais em mim do que em você, pode ter certeza-chorava arrependida
-Não importa em quem dói mais Kemilly, porque continua doendo do mesmo jeito, e eu nunca vou entender os seus motivos
-Vamos conversar-tentou enxugar as suas próprias lágrimas-eu posso te explicar tudo...
-Acontece que eu não quero saber, e não sei se conseguiria acreditar em você-a olhei sincero-Kemilly, vira para o seu canto e dorme, porque eu ainda não estou com cabeça para falar com você
-Te entendo-me olhou chorosa-eu sei que a culpa é toda minha, só por favor, não esquece que eu te amo, e que eu não quero te perder-alisou o meu rosto chorando
-Kemilly, minha mente esta uma bagunça, meus sentimentos estão confusos, não vou te dizer nada agora para não te magoar, porque eu posso estar morrendo por dentro, mas prefiro ser duro com você, e te ignorar, do que falar sem pensar, tenta entender o meu lado
-E você o meu-ainda alisava o meu rosto-não quero ficar mais longe de você, nem nessa situação-deixou lágrimas cair-você é tudo o que eu tenho, me perdoa
-Melhor a gente dormir-suspirei desviando o olhar dela e tirando suas mãos de mim
-Deixa ao menos eu dormir com você-pediu manhosa
-Kemilly, realmente não da-suspirei-melhor cada um continuar no seu canto
-Mas...
-Sem mais, por favor-respirei fundo-boa noite, agora tenta dormir, porque eu vou fazer o mesmo-disse me virando de costas para ela
-Luan...-ela continuou a chorar e meu coração doía demais por ter que fazer isso com ela, mas eu ainda não iria conseguir a perdoar fácil assim

Tive uma noite péssima, ouvindo Kemilly chorar, e eu não conseguindo dormir por estar com o coração e a mente pesados. No outro dia, acordei com uma dor de cabeça terrível, e com o humor péssimo, mesmo acordando mais de quatro da tarde, o mal humor estava grande, e Kemilly só piorava isso, querendo se fazer de vítima pra mim, com a maior cara de quem chorou e sofreu a noite toda. Acabamos discutindo, e eu não quis atender ninguem na saída do hotel, no aeroporto, e nem quando cheguei na outra cidade, só coloquei um óculos escuro no rosto para disfarçar as olheiras e a cara péssima, e tentaria fazer o show com o bom humor, que hoje está em falta em mim. Durante toda a semana passamos assim, dividindo o mesmo quarto, mas cada um em um canto, ela sempre querendo conversar e eu fugindo, mas uma hora teríamos que ter essa conversa, para enfim decidir o que seria de nós. Voltamos para casa, e eu continuei a ignorando, fiquei no quarto de hospedes que estava ocupando antes, e ali eu tive um pouco de paz, pude ficar sozinho, pensar, refletir e enfim chegar a uma decisão, precisava conversar com Kemilly, e dessa vez seria com mais calma.

-Oi, podemos conversar?-entrei no nosso quarto, onde ela estava
-Oi, podemos sim-assentiu enxugando as lágrimas, não aguentava mais ver essa mulher chorar pelos cantos
-Agora é com calma, sem drama, nem ninguem se exaltar, ok?-a disse enquanto me sentava na cama ao lado dela
-Eu entendi Luan-suspirou me olhando-e se quiser pode começar
-Na verdade, eu vim aqui para te ouvir-a olhei-preciso entender tudo isso Kemilly, ainda esta tudo bagunçado na minha cabeça, já tive tempo suficiente para pensar, somos casados, não podemos passar a vida toda assim, temos que nos entender, e dessa vez, por favor, me diz toda a verdade-a olhei nos olhos
-Eu vou dizer-segurou em minha mão-eu nunca mais vou te esconder nada Luan, eu já aprendi a lição, e nunca mais quero passar por isso-deixou uma lágrima cair
-Se não quer passar por isso de novo, começa me dizendo toda a verdade-enxuguei a lágrima dela-por favor Kemilly, só estou te pedindo para ser sincera comigo
-E eu vou ser-segurou minha mão que tocou o rosto dela e a beijou-obrigada, por me dar essa chance
-Eu iria te dar, só precisava de um tempo para pensar e ver o momento certo para isso acontecer
-Tudo bem, eu compreendo que para você não foi fácil descobrir o meu problema, mas se está disposto a me ouvir, vou começar te contando tudo-suspirou
-Fica á vontade para me dizer, sou todo ouvidos-Kemilly respirou fundo até tomar coragem em começar a me contar
-Você sabe que pra mim foi muito difícil confiar em você no começo, e ceder para termos a nossa primeira vez, devido o que sofri no meu passado...-suspirou demonstrando dor-mas você me fez superar isso, me fez confiar em você, até o dia que finalmente aconteceu-me olhou tímida-e como foi tudo coisa de momento, esquecemos de nos proteger, e eu como era bobinha, desinformada, fiquei com medo de ter engravidado, você até me disse para começar a ir no ginecologista, tomar remédio, pra gente se proteger, e enfim ter nossos momentos...-me olhava toda constrangida-eu demorei criar coragem para ir no ginecologista, e só fui porque era mulher, e a Nicole quem me indicou, eu não sabia como funcionava, então fiz alguns exames que a médica me sugeriu, e enfim... não preciso ficar te dizendo isso Luan, que ela avaliou tudo, me orientou e tudo mais-dizia toda vermelhinha e eu ri
-Ta bom, eu já entendi, não precisa entrar em detalhes Kemy
-Melhor assim-sorriu de canto ainda constrangida-eu fiz os exames certinho, e quando tive que voltar na próxima consulta, foi quando descobri, que eu era infértil-disse com lágrimas nos olhos-aquilo fez o meu mundo cair, eu não conseguia acreditar, pois toda mulher sonha em ser mãe, construir uma família, e eu já vi meu futuro ser destruído ali, naquele instante-deixou lágrimas cair-a médica que me deu o resultado na época, até disse que tinha tratamento, mas como eu ainda estudava, trabalhava como modelo, e nosso relacionamento era uma coisa somente nossa, eu preferi esquecer isso, então nunca mais voltei naquela ginecologista, nem em nenhuma outra, estava muito abalada e sofria sozinha com o fato de não poder ser mãe, mas me aliviava por saber que eu poderia trabalhar e estudar sem o risco de engravidar, e só me lembrava do meu problema, quando você começava a dizer que queria ter filhos e...
-Então por isso você sempre desviou do assunto, sempre fugiu, e nunca mostrou interesse-concluí a interrompendo-você sempre dizia que isso era uma coisa mais futura, que aconteceria no momento certo, sendo que já tinha plena noção, que nunca iria acontecer-a olhei chateado
-Luan, isso me incomodava, doía em mim, e ao ver você falar com tanta empolgação, alegria, eu só tinha menos coragem ainda de acabar com as suas expectativas, eu não queria que você tivesse aquele sofrimento, de saber que não poderia ser pai outra vez-ela voltou a chorar-poxa, se eu nunca te disse nada, foi porque eu quis evitar a sua dor...
-O que adiantou de nada Kemilly, porque descobrir que você me escondeu isso, doeu muito mais, do que saber que você não pode engravidar-comecei a me exaltar, mas respirei fundo-agora prossiga sua explicação, tô começando a entender e descobrir que você mente desde o incio
-Luan, eu não minto, eu só...
-Ta bom Kemilly, continua
-Então para de ficar me interrompendo, e dando seus comentários ofensivos-me olhou magoada e revirei os olhos-continuando, você sabe que o nosso relacionamento teve idas e vindas nesse meio tempo, desde que a Nicole descobriu o nosso namoro, fui para Nova York, voltei, e durante esse tempo, eu sempre guardei essa dor comigo, pois nosso relacionamento nunca foi firme de verdade, até que você me pediu em casamento-respirou fundo-na verdade, um pouco antes disso, quando reatamos o nosso namoro, tudo ficou bem entre eu e a Nick, e as nossas famílias, eu resolvi procurar outra vez uma opinião médica, fazer novos exames, e saber se eu tinha realmente algum problema para engravidar, então descobri a doutora Denise, que é minha ginecologista até hoje, contei toda a minha história para ela, fiz novos exames, e descobri que realmente tenho problemas-suspirou entristecida-tenho o útero pequeno, e meus óvulos são fracos, não chegam na tuba uterina onde ocorre a fecundação necessária para uma gravidez, ou então não chegam a se desenvolver, por isso fico até três meses sem menstruar, e foi um choque pra mim, saber tudo isso-me olhou chateada-eu estava desesperada Luan, eu queria resolver isso, então a perguntei todas as formas possíveis e impossíveis de me tratar, e foram meses até descobrir algum tratamento que ainda é incerto pra mim-lágrimas caíram-desde então eu estou seguindo esse tratamento, mas a medicação não esta se adaptando ao meu organismo, já tive que trocar diversas vezes, aumentar a dose, e por isso eu estou engordando, com alteração de humor, ás vezes fico cansada, meus hormônios estão totalmente desregulados devido o tratamento, e eu sei que ultimamente você estava me cobrando muito te dar um filho, e eu toda semana ia no consultório dela ver se estava dando certo, se tinha acontecido, mas nunca saia com um resultado positivo-deixou lágrimas cair-me perdoa se escondi isso de você Luan, só queria que soubesse que eu estava fazendo de tudo para te dar esse filho, que eu tambem queria muito, e infelizmente o destino não estava a nosso favor, e acho que nunca vai estar, só me perdoa, porque agora que sabemos que não vamos ter nenhum filho, quero ao menos que você continue ao meu lado, porque eu preciso de você-chorava desesperada e eu estava surpreso ao ouvir tudo isso
-Eu não fazia ideia dessas coisas Kemilly, claro que sempre achei estranho seu comportamento diante do assunto de termos um filho, mas eu nunca imaginei que o problema fosse você-suspirei-eu só descobri tudo isso, porque eu tambem procurei um médico, um especialista em infertilidade, fiz exames, e o médico me garantiu que eu tenho ótimas condições para ter um filho, e abriu meus olhos dizendo que se até hoje esse filho não existe, é porque o problema não estava em mim, mas sim em você
-Eu sei que eu sou o problema-chorava me olhando-só para de dizer isso, porque não é fácil saber que eu nunca vou poder ser mãe, que jamais vou gerar um filho seu
-Sei que não é fácil-suspirei a olhando-e agora eu me sinto na mesma condição que você, afinal sou seu marido, e vou ter que aprender a me conformar, que o sonho de ser pai de um filho seu, não será possível
-Não-chorou mais ainda-me desculpa Luan, por ser uma inútil, você não me merece, me perdoa por te fazer passar por isso, me perdoa...
-Ta tudo bem-a puxei para um abraço e ela me apertou chorando em meu ombro-eu tô aqui-fiz carinho em seus cabelos
-Me perdoa... só me perdoa-repetia em meio ao choro
-Eu te perdoo-disse começando a abrir meu coração para a entender-só tenta se acalmar, porque agora eu tô aqui

Kemilly ainda ficou um bom tempo chorando, e sempre me pedindo para a perdoar, ela estava péssima, eu me senti mal por ver como ela estava, eu pelo menos já sou pai da Nicole, e não tenho nenhum problema, já ela é nova, e tem esse peso em cima dela, o fato de saber que não pode engravidar. Finalmente depois dessa tarde turbulenta, conseguimos nos acertar, Kemy se acalmou um pouco, e me contou mais sobre o seu tratamento, ela queria continuar tentando, e eu agora estava em dúvida se realmente queria ter outro filho, pois ela esta se desgastando demais, fisicamente e emocionalmente, sem contar que os efeitos estão surgindo no organismo dela, mas não estão ajudando em nada para ela engravidar, agora o sentimento de raiva, se transformou em pena, e eu não queria que ela continuasse passando por isso sozinha. No dia seguinte, eu iria a acompanhar na sua ginecologista, para eu conversar com ela, e entender melhor o que de fato impede eu e a minha mulher de termos um filho, e quais as opções que temos para tentar conseguir esse filho. Conversamos bastante com a doutora Denise, ela me explicou tudo, e disse que a Kemilly é persistente, pois sempre procura uma nova forma de tentar engravidar, e sobre essas tentativas, perguntei quais as outras opções, que Kemilly não concordava com nenhuma, fertilização in vitro, gravidez assistida, barriga solidária, e no último dos casos, adoção.

-Tem certeza que quer continuar com esse tratamento Kemy?-a perguntei assim que chegamos em casa e estávamos a sós no nosso quarto
-Tenho Luan, eu quero tentar de todas as formas, engravidar naturalmente
-Mas amor, temos outras opções mais rápidas, esse seu tratamento já dura a um ano, quer que dure mais quanto tempo? eu sei que não devia, mas eu tenho pressa, se for pra mim ter outro filho
-Podem ser opções mais rápidas, mas tão incertas quanto essa
-Não são incertas Kemy, hoje em dia a ciência evoluiu muito, se quiser podemos tentar a fertilização in vitro, eu achei a mais viável para nós dois
-Luan, eu não quero ter um filho fabricado em um laboratório, é de uma vida que estamos falando, não um experimento, e as outras opções menos ainda, não quero nenhuma outra mulher gerando o nosso filho
-Então só nos resta adotar-disse decidido-eu sempre quis adotar uma criança, acho esse gesto lindo, e conforme os anos se passaram, eu criando a Nicole, então guardei esse sonho comigo, e se a gente não pode gerar um filho nosso, porque não adotamos uma criança?
-Eu não quero uma criança qualquer, eu quero um filho nosso
-Mas Kemy, a gente pode adotar um bebê, assim a gente cuida desde pequeno e...
-Não Luan, eu não quero, se eu não conseguir engravidar com o tratamento, a gente segue a nossa vida sozinhos mesmo-me olhou chateada-porque eu só quero um filho com você, se for para ele ser gerado aqui-tocou sua própria barriga
-Você quem sabe Kemy-suspirei a olhando-a gente pode até continuar tentando que você engravide, mas ainda acho que a adoção é o melhor caminho
-Prefiro continuar tentando naturalmente-me abraçou-e faz tempo que a gente não tenta nada-me olhou manhosa
-Pois é-sorri de canto a olhando-se quiser, podemos tentar fazer o nosso bebê-alisei o rosto dela
-E se eu quiser agora?
-Não vejo nenhum problema-sorri a puxando para um beijo

Mais alguns meses se passaram, e a gente continuava na tentativa de fazer o nosso filho, só que continuava dando em nada, eu já estava com 45 anos, quase 46, e por mais que a gente tenha esperanças, eu sentia que toda tentativa seria em vão, a gente podia transar várias vezes ao dia, mas não iria acontecer de nosso filho ser concebido.

-Amor, queria te mostrar uma coisa-disse a Kemy assim que ela saiu do banho, e eu pesquisava sobre o assunto na internet
-O que meu bem?-veio se sentar ao meu lado e olhou na tela-instituição de adoção?-me olhou receosa
-Eu andei pesquisando algumas, achei uma aqui de São Paulo, a gente podia fazer uma visita, conhecer as crianças, ver como funciona...
-Não inventa Luan, eu sei o que você quer-disse brava
-Sim Kemilly, é exatamente isso o que eu quero-suspirei a olhando-eu quero ser pai, e vou adotar uma criança
-Mas Luan, é melhor a gente esperar mais um pouco, vai que...
-Vai que acontece um milagre e você engravida?-a olhei-Kemy, eu sei que a gente esta tentando, mas se até hoje não aconteceu, não vai acontecer, temos que abrir os olhos para a realidade, a quase dois anos estamos tentando e o tempo esta passando, eu quero sim ter mais um filho com você, e tambem sempre tive essa vontade de adotar, porque a gente não adota então? talvez nossa missão seja essa, não ter um filho do nosso sangue, mas sim um de coração
-Eu não sei se me sentiria mãe dessa criança Luan, que eu não gerei, além de que a gente não sabe se tem alguma doença genética, de que origem ela é, e...
-Amor, para de colocar barreiras onde não tem, é lindo adotar, vamos visitar um abrigo de crianças para adoção, ali a gente pode entender melhor como funciona, ver as crianças, apenas isso
-Luan, eu conheço você, e sei que não vai querer apenas visitar, com certeza vai gostar de um monte de crianças e querer trazer todos embora
-Bem capaz-ri concordando-mas eu quero que isso venha de você-alisei o rosto dela-se você se sentir bem vendo as crianças, e sentir vontade de que uma delas seja nossa, ai sim eu vou concordar, só estou te pedindo para ir comigo fazer uma visita, o que custa?
-Tudo bem-suspirou-podíamos aproveitar e fazer doação para as criancinhas dali
-Pensei nisso mesmo-sorri concordando-viu só como nois dois pensa igual
-Nem tanto-ela riu-mas talvez seja uma boa ideia visitar o orfanato, apesar de não parecer, eu gosto de crianças, só não sei se me acostumaria com a ideia de me tornar mãe de uma criança que não nasceu de mim
-Eu sei que para você, a maternidade significa você gerar um bebê e cuidar dele, mas pra mim que já sou pai, e por ter criado a Nicole sozinho, eu sei que ter um filho não basta apenas ser do nosso sangue, ele precisa ser gerado aqui primeiro-toquei no rumo do coração dela-porque só assim a gente sabe que ele nasceu para ser nosso filho
-Você é o melhor pai do mundo-sorriu tirando o notebook do meu colo e se sentando ali-talvez eu nunca te dê um filho da forma que queremos, mas se adotar uma criança te fazer feliz, eu vou tentar aprender como é ser mãe
-Vai ser a mamãe mais linda desse mundo...

Sorri a puxando para um beijo, e meu peito explodia de tanta felicidade, agora eu sentia que finalmente seria pai outra vez, não de um bebê gerado pela minha mulher, mas sim de uma criança linda que vai tocar os nossos corações.

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Olá amoreees, teve momentos tensos com essa do Luan descobrir que Kemy escondeu que não podia engravidar, mas como o nosso casal se ama, o amor falou mais alto, e juntos eles estão tentando ter esse bebê, nem que pra isso eles adotem... e ai, será que a visita no orfanato vai fazer bem ao nosso casal? será que vão gostar de alguma criança em especial? comenteeeem bastante, emoções estão por vir, bjooos