Chegou o dia que Luan marcou para fazermos a doação e a visita ao orfanato, confesso que eu estava receosa, e sem saber o que encontraria ali, eu amo crianças, mas não sei se sentiria vontade de adotar alguma, acho que isso é algo sério demais e precisa ser muito bem pensado, só estava torcendo para Luan não se apegar a nenhuma criança, o que é difícil, já que ele é igual doce, toda criança ama.
-Bom dia, sou a Inês, dona do orfanato, e é um prazer recebe-los aqui-disse a dona nos recepcionando, assim que entramos
-Bom dia, eu que agradeço a senhora por nos receber-disse Luan todo sorrisos
-Tambem queria agradecer a doação que fizeram, os agradeço em nome das crianças
-Imagina dona Inês, foi de coração-sorri a olhando
-Com certeza, eu e a minha mulher viemos aqui de coração, fazer essa doação e conhecer as crianças-disse Luan
-Serão sempre bem vindos aqui-sorriu para nós-agora venham comigo conhecer um pouco o orfanato, e as crianças
-Aqui tem crianças de que idade?-Luan a perguntou enquanto saíamos da sala dela
-Recebemos crianças de todas as idades, algumas chegam com meses de vida, ou mais de um ano, mas graças a Deus logo são adotadas, tambem chegam algumas mais velhas com mais de 4 anos, e essas ficam com a gente por um bom tempo, pois os casais preferem os bebês
-E tem algum bebê no momento?-Luan perguntou
-Tem dois bebês, uma menina de oito meses, e um menino de 10, mas já tem um casal vindo os conhecer e acho que um dos dois terá um lar
-Que bom, que Deus abençoe, que esses bebês consigam uma boa família-disse Luan
Luan ficou conversando com a dona do orfanato, e eu me mantinha em silêncio os escutando, ela começou a nos mostrar cada pedacinho do orfanato, era um lugar bem organizado, e bem colorido, um pouco precário por viver de doações, mas as moças que trabalham ali e a dona demonstram sentir muito amor pelas crianças e cuidar delas com muito carinho.
-As crianças geralmente gostam de ficar no pátio, no jardim, ou no parquinho brincando, dificilmente encontra alguma nos quartos-disse a dona rindo, nos levando até a parte mais aberta, onde estavam as crianças-hoje as reunimos aqui, para receber vocês, algumas até conhecem suas músicas-olhou para Luan
-Sério? que legal-ele sorriu bobo-ainda bem que trouxe meu violão, para cantar para essa moçada
Assim que chegamos no pátio, um monte de crianças veio nos abraçar, foi até engraçado e divertido, elas até podiam conhecer as músicas do Luan, mas mal sabiam quem ele era, por não verem TV, ou acessarem a internet, ali elas são apenas crianças, inocentes, e carentes de carinho, por isso querem abraçar todos que chegam.
-Você toca violão?-um menininho que grudou em Luan o perguntou, vendo o violão
-Toco sim rapaiz, e você sabe tocar?
-Não-o menininho riu-mas eu acho legal quem toca
-Você é muito linda-disse uma menininha me olhando
-Obrigada-sorri para ela, sem saber o que dizer-você que é linda
-Vocês parecem ser legais, me leva com vocês-pediu uma das crianças, eu e Luan nos entreolhamos sem reação
-Se a gente pudesse, levava todo mundo aqui, mas não iria caber lá em casa-disse Luan comovido
-Então vocês vem nos visitar de novo?-perguntou a mesma criança
-Claro que sim-respondeu Luan-não é amor?-perguntou me olhando e concordei
-Sim, a gente sempre que puder, vai vim ver vocês
-Crianças, assim vocês os deixam sem jeito, eles vieram ser amigos de vocês, então se comportem-disse dona Inês, vendo toda a situação
-Que tal juntar a criançada, e fazer uma roda para ouvir umas moda?-disse Luan dedilhando o violão, fazendo as crianças se animarem
As moças que trabalham no orfanato, fizeram as crianças sentar enfileiradinhas no chão, ficando de frente pra mim e Luan, que tambem nos sentamos no chão.
-E então, fala uma música que vocês gostam?-disse Luan e as crianças começaram a falar juntas, nos deixando sem entender nada-vamos fazer assim, eu vou começar uma música aqui, se vocês souberem cantem comigo, beleza?
-Siiiim-disseram as crianças e Luan começou a tocar e a cantar
-Aonde foi parar, o seu juízo...
No fim, as crianças amaram Luan, que cantou muita música para elas, era lindo de ver como ele interagia e sabia lidar com os pequenos, eles eram muito carentes e amorosos, toda hora queriam nos abraçar, nos elogiavam, e meu coração se encheu de amor, por cada pequeno gesto daquelas crianças. Passamos boa parte do dia ali, as crianças não queriam nos deixar ir embora, elas se encantaram com Luan, que brincou, cantou, dançou, e até tentou fazer uns bichinhos com massinha de modelar junto das crianças, realmente o meu marido merecia um filho, pena que eu ainda não consigo gerar um fruto nosso, e me senti um pouco mal, por saber que jamais o daria essa alegria, então disfarcei enquanto o via interagir com as crianças e fui perguntar a uma das moças que trabalham ali, aonde ficava o banheiro.
-Moça, pode me dizer onde é o banheiro?
-Claro, me acompanhe
Gentilmente, a moça me levou até o banheiro, e me deixou á vontade ali, respirei fundo, lavei o rosto, toquei minha barriga, e naquele momento sozinha, fechei os olhos e pedi a Deus, para que acontecesse algum milagre e eu proporcionasse ao meu marido ser pai outra vez. Aproveitei para fazer xixi, e respirar mais um pouco sozinha, enquanto pensava na minha vida, no meu problema, até que escuto alguem chorar baixinho, e no ultimo banheiro, vejo por baixo da porta dois pézinhos e percebi que o choro vinha dali.
-Oi, esta tudo bem?-perguntei batendo na porta e o choro continuou-esta tudo bem?-perguntei de novo e não ouvi resposta-por favor, deixa eu falar com você-pedi sentindo que aquela criança precisava de ajuda-não quer mesmo falar comigo?-perguntei mais uma vez e depois de um tempo ouço destrancar a porta, com cuidado a abri e entrei, vendo uma menininha toda encolhida, sentada, chorando, em cima da tampa do vaso sanitário-oi, porque você esta chorando princesa?-perguntei me abaixando para ficar na altura dela e ela parecia assustada-se acalma-alisei o rostinho dela-esta tudo bem?-perguntei e ela negou com a cabeça, ainda chorando-esta sentindo alguma coisa?-perguntei preocupada com aquela menininha e ela me surpreendeu me abraçando, na hora me arrepiei, e então apenas a abracei
Fiquei o tempo necessário abraçada com ela, que parecia assustada, chorava, e era tão pequena, tão indefesa, tentei a dar o máximo de carinho possível, e eu não queria deixar ela ali sozinha, pois eu não sabia o que estava acontecendo com ela.
-Para de chorar princesa-enxuguei as lágrimas dela-agora esta tudo bem, eu tô aqui com você-tentei a acalmar e aos poucos ela foi cessando o choro-qual é o seu nome?-a perguntei e ela continuava calada-se não quiser me dizer, tudo bem, sei que você não me conhece, mas eu não quero te ver chorando de novo-alisei o rostinho dela e ela assentiu fungando
-Até que enfim, achei essa menina-disse uma das moças do orfanato entrando no banheiro-sumiu desde cedo, olhei em todo canto, menos aqui
-Ela estava chorando, parecia assustada, aconteceu alguma coisa com ela?-perguntei a moça
-Ela é sempre fujona-olhou para a menininha, que continuava com o olhar assustado-ela esta tendo problemas em se adaptar ao abrigo, por isso vive se escondendo, mas agora eu vim te buscar, vamos meu amor-a pegou pela mãozinha e ela estava receosa em sair dali
-Acho que ela não quer sair
-Mas deve, ela precisa aprender a interagir com as outras crianças, ficar sozinha e trancada, não é bom para nenhuma criança
-Eu sei-suspirei olhando a menininha e meu coração se partia, a cada vez que eu a olhava com aquela carinha de dor
-Vamos lá fora Maria, vamos brincar-a moça tentava a animar e ela estava um pouco relutante, para sair do banheiro com ela
-Deixa eu tentar-pedi a moça, que suspirou concordando-e comigo, você aceita sair do banheiro?-a perguntei e ela ainda estava muito assustada, mas assentiu com seu jeitinho meigo-então vamos-peguei na mãozinha dela e saímos do banheiro
Ela quis chorar outra vez quando saímos, mas eu me abaixei para a abraçar de novo, e ela pareceu ter ficado um pouco melhor. A menininha segurava na minha mão com força, como se confiasse em mim, e como Luan estava todo entretido com as outras crianças, resolvi a levar até ele, para o conhecer e interagir com as outras crianças.
-O que você esta fazendo, meu bem?-o peguntei e ele estava distraído, ensinando as crianças a fazer algo com a massinha de modelar
-Tô ensinando as crianças a fazer alguns animais, já fizemos vários, olha que lindos-disse mostrando os animais já prontos e eu ri
-Animais bem exóticos-continuei rindo-meu bem, achei essa mocinha perdida no banheiro, ensina ela tambem
-Opa, claro que ensino-disse se virando para nós e a menininha se assustou um pouco com ele-oi, precisa chorar não, sou tão feio assim?
-Ela já estava chorando, esta bem assustadinha, tenta fazer ela interagir-o pedi
-Vem aqui com o tio, me fala que animal você gosta?-perguntou carinhoso a olhando e ela se agarrou na minha perna, com medo dele
-Amor, acho que ela não quer-suspirei o olhando
-Ela é sempre assustada assim mesmo, mas você precisa aprender a interagir Maria-disse uma outra moça, que cuida das crianças
-Tio, me ensina a fazer a borboletinha-uma outra menininha cutucou Luan, chamando a atenção dele
-Ensino sim uai-disse Luan voltando a concentração para as massinhas de modelar
-Acho que é melhor você ajudar o seu marido, com as massinhas e as crianças, deixa que ela vem comigo-disse uma das moças pegando a menininha no colo e meu coração se partiu, ao ver ela se distanciar de mim
Voltamos para casa muito felizes, Luan transbordava de felicidade, veio o caminho todo comentando sobre as crianças, ele amou essa visita ao orfanato, e já queria que fossemos de novo, eu tambem gostei de conhecer as crianças e poder ter ajudado um pouco aquele abrigo, mas o que não me saía da cabeça era a menininha que conheci no banheiro, tão frágil, pequena, assustada, carente de carinho, ela foi a que mais me tocou, principalmente pelo seu apego a mim, que durou tão pouco, mas o suficiente, pra mim não conseguir esquece-la.
-Ta toda pensativa-Luan beijava meu pescoço-porque esta com essa carinha de preocupação?-perguntou me abraçando, enquanto estávamos deitados em nossa cama
-Estava lembrando de hoje, a visita no orfanato-suspirei-as crianças são tão carentes, todas tem um futuro tão incerto
-Elas são bem cuidadas pelas moças que trabalham ali, mas realmente, nem todas vão ter sorte na vida, de encontrar uma boa família-ele suspirou-sinto pena de ver que são tão pequenas, e foram abandonadas pelos pais
-Não sei o que leva o ser humano, a fazer isso com o próprio filho-deixei uma lágrima cair indignada-enquanto a gente tenta de todas as formas, e daria tudo para ter um filho, quem pode ter, não valoriza essa benção que Deus os deu, e abandona
-Infelizmente existe gente assim, amor-Luan suspirou me abraçando-mas agora esquece isso-selou meus lábios
-Ta difícil-confessei o olhando-é triste ver a dor do abandono no olhar delas, eu não vou conseguir dormir tranquila, depois de hoje
-Se eu te conheço bem, tem alguma coisa a mais te incomodando-me olhou nos olhos-é alguma daquelas crianças, não é?
-Sim-assenti deixando uma lágrima cair-lembra daquela menininha que te apresentei, e ela não quis ir com você?-ele assentiu-eu a conheci de uma forma estranha e intensa, assim que eu vi ela, eu senti algo diferente aqui dentro, como se eu precisasse a ajudar de alguma forma, e ela sentia tanto medo, tanta insegurança, mas em mim ela confiou, ela pegou na minha mão e aceitou sair comigo de dentro do banheiro, aonde ela estava escondida chorando, e eu realmente não sei explicar isso que aconteceu, quando a moça do orfanato a pegou no colo e a levou para longe de mim, eu senti que algo em mim estava incompleto...-deixei mais lágrimas cair
-Que lindo meu amor-ele sorriu, enxugando as minhas lágrimas-me fala mais dessa menininha, eu vi ela só um pouco, mas achei lindinha, estava bem assustadinha agarrada em você-ele sorriu-sabe o nome dela?
-Parece que é Maria-suspirei-de todas as crianças daquele orfanato, com ela eu senti uma conexão especial, que eu não consigo explicar
-Eu sei, acredito em você-alisou o meu rosto-talvez seja essa menininha, aquilo que a gente tanto deseja
-Ta querendo dizer o que?
-Kemy, não é atoa que ela cruzou o seu caminho, e você mesmo mal a conhecendo, sentiu essa forte conexão, e só de te ouvir falar dela, eu senti vontade de saber mais sobre ela, porque eu vi em você um lado maternal, ao falar dela-sorriu pra mim-não se assuste, nem negue esse sentimento, se você quiser, amanhã mesmo a gente volta no orfanato, pergunta sobre essa menininha e vai atrás de todo o processo para a adotar
-Eu não sei se quero a adotar-disse confusa-preciso pensar melhor nisso tudo, deve ter sido emoção demais, pelo calor do momento, a menininha já é grandinha, não sei se saberia cuidar, se...
-Amor, isso a gente aprende juntos-olhou em meus olhos-o que você decidir, eu estou com você
-Eu sei-sorri de canto alisando o rosto dele-melhor a gente dormir
-Só dormir é?-me olhou safado
-Por hoje sim-respirei fundo-preciso pensar melhor, nisso tudo
-Então pode pensar-beijou a minha testa e me puxou para deitar sobre o seu peito-pensa com carinho, ouve o seu coração, porque eu tenho certeza que ele vai te dar a resposta certa
Tentei seguir os conselhos do meu marido, e pensei muito em tudo o que senti quando vi aquela menininha, a Maria, talvez eu demore entender o que se passa dentro de mim, mas eu esperava em breve resolver essa confusão de sentimentos, e decidir enfim qual caminho seguir. Algumas semanas se passaram, e por mais que eu tentasse esquecer, todo dia eu me pegava lembrando daquela menina, fui na minha ginecologista e tive mais uma vez, uma resposta negativa sobre o meu sonho de ter um filho com o meu marido. Depois de mais uma decepção, eu sabia que de mim não sairia criança nenhuma, Luan ainda queria ser pai, e tocava no assunto para adotarmos, eu tentei relutar contra isso, mas quando eu me lembrava do meu problema para engravidar, e me lembrava de Maria, meu sentimento por aquela pequena falou mais alto, então percebi que essa era a resposta que Deus me deu, quando eu pedi em silêncio um milagre para dar um filho a Luan, e a Maria era esse milagre.
-Meu bem, eu sei que parece loucura, mas a Maria precisa ser a nossa filha-decidi dizer a Luan, que abriu um sorriso largo
-Eu sabia-sorriu me pegando no colo e me erguendo no alto-eu amo você, e pode ter certeza, que vou amar muito a nossa filha
Depois de conversar com Luan, nem precisou de muito para ele aceitar, na hora ele já ligou no orfanato, agendou outra visita nossa, e dessa vez eu contava os minutos para chegar o dia de ver outra vez a pequena Maria.
-Olá, é tão bom recebe-los aqui outra vez-disse dona Inês sorridente, nos recebendo em sua sala
-Pois é, a gente prometeu que voltaria, então voltamos mesmo-disse Luan, todo sorrisos
-As crianças vão adorar passar o dia, com você cantando para elas de novo-disse animada
-Eu tambem vou adorar cantar para as crianças, mas hoje, a gente veio aqui para ter uma conversa com a senhora, para ver como funciona a adoção
-Então vocês gostaram de alguma criança, em especial?
-Sim-disse decidida-o nome dela é Maria, eu queria saber mais sobre ela e se temos chances de adota-la
-Fico feliz que vão dar um lar a uma de nossas crianças-sorriu sincera-mas preciso saber qual a criança que você se refere, pois por nome, aqui tem muitas Marias
-Então a gente pode ir vê-la?-a peguntei cheia de ansiedade, em ver a pequena de novo
-Sim, mas sejam discretos, não demonstrem ainda o interesse que vão adota-la, pois precisa de todo um processo para preparar vocês e a criança antes
-Tudo bem-assenti concordando-a gente só quer ver ela, por enquanto
-Isso é bom, para saber qual das crianças é a que vocês tem interesse, me acompanhem
Seguimos com dona Inês até o pátio onde as crianças brincavam, e mais uma vez fomos recebidos com um monte de abraços, discretamente dona Inês conversou com as moças que cuidavam das crianças, para separarem as Marias, e saberem qual delas é a que eu e Luan tínhamos interesse em adotar, e enquanto isso eu olhava para os lados a procurando, em algum canto eu tinha certeza que a minha pequena iria estar.
-Bom, aqui está as meninas-disse dona Inês nos levanto para um cantinho mais reservado, com um monte de menina com o nome de Maria
-Oi princesas-disse Luan já interagindo com elas-vocês são muito lindas
-São sim-sorri concordando com ele, mas ela não estava ali
-Bom, vou deixa-los com as crianças-disse dona Inês indo sair dali, mas fui até ela
-Dona Inês, acontece que a Maria que a gente procura, não é nenhuma delas
-Como não?-me olhou sem entender-essas são todas as meninas com o nome de Maria que temos na instituição, e se ela não está ali, lamento em dizer, mas já deve ter sido adotada
-O que?-a olhei sentindo o meu coração sangrar-mas ela estava aqui a semanas atrás, não é possível que...
-Eu sei-ela suspirou-na semana seguinte que vocês estiveram aqui, algumas crianças foram adotadas, e eu me lembro que tinha uma pequena com o nome de Maria, talvez seja a mesma que vocês queriam
-Eu não acredito-deixei lágrimas cair-eu demorei muito em decidir isso, e acho que cheguei tarde, mas se ela foi adotada, tomara que esteja com uma boa família-enxuguei minhas lágrimas
-Foi sim-ela sorriu de canto-mas ainda tem outras crianças aqui, se estão dispostos a adotar, vocês vão encontrar aquela que vai fazer o coração de vocês bater mais forte e vão sentir que ela nasceu para ser de vocês
-Eu já senti isso dona Inês, mas pena que não percebi antes-respirei fundo-se agora não tem mais nada para fazer o tempo voltar atrás, vou ver o que o Luan decide, se ele gostar de alguma criança, avisamos vocês
-Tudo bem querida, fiquem á vontade com as crianças
Olhei para Luan que conversava com as menininhas, o sorriso dele era tão puro, tão lindo, ele estava tão feliz porque aceitei adotar uma criança, e se eu dissesse que a criança que eu queria não estava mais ali, e desisti da ideia, sei que ele iria ficar muito chateado comigo. Estava sendo impossível segurar as lágrimas, então para ao menos me recompor, entrei no primeiro banheiro que vi, e me pus a chorar, parece que tudo dava errado pra mim, se eu não podia gerar um filho, porque a unica criança que senti algo forte o suficiente para chamar de minha, não podia mais ser minha? era uma dor tão grande, de perder aquilo que nunca foi meu. Chorei um pouco no banheiro, e depois de tentar me aliviar, lavei o rosto, respirei fundo, e precisava sair dali com a ideia formada de escolher qualquer criança, só para deixar o meu marido feliz, até que quando eu estava saindo do banheiro, ouço alguem chorar e meu coração pulsou mais forte, voltei correndo para o banheiro, e quando olhei em baixo de uma das ultimas portas, vi outra vez aqueles pézinhos, então o que eram lágrimas de tristeza, se transformou em lágrimas de felicidade, outra vez o destino a colocou perto de mim, e dessa vez eu não vou desperdiçar essa chance.
-Maria, é você?-perguntei batendo na porta do banheiro-esta tudo bem, pode abrir a porta, confia em mim, tô aqui para cuidar de você-disse com toda paciência do mundo-Maria? sei que não gosta de se enturmar com as outras crianças, mas abre a porta pra mim, deixa eu conversar com você, e ser a sua amiga
Só ouvia ela chorar baixinho, e dessa vez ela estava demorando abrir a porta, ela precisava tanto de mim, e eu precisava mais ainda dela, bati outra vez na porta, e depois de um tempo finalmente ouço ela a destrancar, então mais do que depressa abri a porta, e vi a pequena que mal conheço, mas já amo tanto, toda encolhidinha chorando, no calor do momento a abracei e chorei abraçada a ela, era como se aquilo fosse a aliviar, e me aliviar ao mesmo tempo, nunca mais queria sair daquele abraço, ela realmente nasceu para ser minha, minha Maria.
-Ta tudo bem, eu tô aqui-a disse enquanto ainda estávamos abraçadas-eu prometo que nunca mais vou deixar você-a olhei em seus pequenos olhos, que refletiam medo-não precisa ter medo, eu tô aqui-fiz carinho em seus cabelos cacheados
A consolei como pude, e quando ela pareceu estar mais calminha, a peguei no colo e saí com ela de dentro do banheiro, eu queria a proteger de tudo lá fora, e era tão bom ter ela em meus braços, a levei até onde estava Luan e as outras menininhas, e assim que ele me viu, um sorriso largo se instalou em seu rosto.
-É ela-apenas o disse isso, e ele assentiu se levantando do chão e vindo até nós
-Eu sabia que tinha um motivo para você ter sumido-sorriu nos olhando-oi, tudo bem?-ele a perguntou, e ela escondeu a cabeça em meu ombro
-Acho que ela esta um pouco assustada ainda, a encontrei no banheiro de novo-suspirei o olhando
-Mas logo ela se acostuma com a gente-Luan alisou os cabelinhos dela-não quer falar comigo mocinha?-ela continuava escondendo o rosto em meu ombro
-Acho que ela quer só um pouco de carinho-beijei o alto da cabeça dela
-Você não tem ideia de como fica linda assim-sorriu feito bobo nos olhando
-Vai procurar a dona Inês, e diz que encontramos quem a gente procurava
-Ta bom-assentiu todo sorridente
Luan logo voltou com a dona Inês, e eu ainda estava com a Maria em meu colo.
-Eu sabia que ela ainda estava aqui-disse sorrindo para a dona Inês, assim que ela chegou
-Então era essa a menina-suspirou nos olhando-talvez vocês queiram conversar mais sobre ela, pois não é uma das crianças que recomendamos para a adoção, no momento
-Porque não?-perguntei de imediato-ela parece ser tão doce, só é um pouco assustada e gosta de ficar sozinha
-Existem razões e motivos para isso, vamos na minha sala conversar
-E ela?-perguntei ainda a segurando em meu colo
-Melhor deixar ela com as outras crianças
-Não-a disse firme-vou a deixar com uma das moças, e depois vou para a sala da senhora, para conversarmos
Procurei por uma das moças que cuidavam das crianças e deixei Maria com ela, a pequena me olhou como se pedisse pra mim ficar com ela, e doeu demais deixar ela com outra pessoa, mas eu precisava conversar com dona Inês e saber mais sobre a pequena, de onde ela veio, e tudo o que a envolve, já que com certeza deve ter algum trauma pelo seu isolamento e sofrimento. Segui para a sala de dona Inês, onde ela já estava sentada conversando com Luan, e o tinha entregado alguns papeis, me sentei ao lado do meu marido e estava disposta a ouvir tudo sobre a nossa futura filha.
-Ai está o que temos sobre a criança que vocês se interessaram em adotar-nos mostrou os papeis-o nome dela é Maria, pois era chamada apenas assim, não tem certidão de nascimento, nem nenhum outro registo, calculamos que ela tenha 4 anos, ela foi encontrada dentro de um guarda roupas na casa que morava com os tios, a história dela é bem triste-dona Inês suspirou-parece que os pais dela eram usuários de drogas, e uma tia pegou a menina para criar, ela tinha uma irmã mais velha que tambem era criada por essa mesma tia, e segundo o relato dos vizinhos, que denunciaram os maus tratos, o marido da tia da criança era usuário de drogas e álcool, batia na mulher, e na irmã mais velha da menina-suspirou outra vez-parece que um dia tiveram uma briga feia, e os vizinhos acham que a irmã da menina a escondeu dentro do guarda roupas, para evitar que ela fosse abusada pelo tio, pois os vizinhos ouviram muitos gritos, tiros, e quando a polícia chegou na casa, encontraram a tia e a irmã da menina mortas e com sinais de estupro-suspirou e eu já estava em choque, com tanta barbaridade-então ouviram ela chorando escondida dentro do guarda roupas, a levaram para fazer exames, e só estava com sinais de desidratação e alguns hematomas, mas não havia sinal nenhum de abuso sexual, o canalha do tio fugiu, e desde então enviaram a menina para o abrigo, pois os vizinhos não queriam a responsabilidade de criar, nem sabiam nenhum outro parente que pudesse cuidar dela, por isso que mesmo ela sendo ainda muito pequena, ela demonstra esse medo das pessoas, a gente tenta faze-la interagir com as outras crianças, e não temos verba o suficiente para dar um tratamento psicológico a ela, pois aqui tem várias outras crianças que sofreram traumas e abusos, até piores que os dela, e supomos que esse jeito dela de se isolar, e sentir medo, é porque a irmã mais velha dela a escondia sempre que pudia, para evitar que o tio violento a machucasse, e então ela aprendeu a se esconder e fugir das pessoas
Eu e Luan estávamos em choque, meu coração sangrava ao imaginar que a pequena passou por tudo isso, eu fui abusada na infância, e mesmo que ela não tenha passado pelo o que eu passei, sei que o trauma deve ter sido muito forte, ainda mais para uma criança de 4 anos, que está aprendendo a conhecer a vida, eu não queria que nenhum mal a acontecesse, queria a proteger, e mesmo que ela tenha esse medo das pessoas, eu e Luan, nossa família, vamos a acolher com todo amor do mundo, e mudar a vida dela, vamos fazer todo trabalho com o psicólogo, ou qualquer outro profissional que ela precisar, mas eu quero essa menina, muito mais agora por saber a história dela, e finalmente a dar a chance de ser feliz.
-Triste demais tudo isso-disse Luan se manifestando depois de um tempo, e suspirou me olhando-tem certeza que ainda a quer como nossa filha?
-Mais do que nunca-respondi o olhando nos olhos-eu já sofri na minha infância, fui abusada, passei coisas horríveis na minha vida, e eu quero que com ela seja diferente, a gente tem possibilidade de cuidar dela, de a dar tudo de melhor, então porque vamos desperdiçar essa chance?
-Tem razão-sorriu de canto concordando comigo-ela é uma guerreirinha, igual a você-entrelaçou sua mão com a minha-então não importa o que ela já sofreu ou passou, porque isso ficou no passado, a partir de agora queremos a dar um futuro melhor, e estamos dispostos a ter ela, como a nossa filha
-Como a decisão é de vocês, vou entrar em contato com a assistência social, para conhecer a casa de vocês, a vida de vocês, e saber se vocês tem as condições necessárias para criar a criança, e se quiserem, já podem ir entrando com os papéis de adoção
Três meses se passaram, e foram meses de luta e ansiedade, correr atrás do processo de adoção não é nada fácil, a assistente social, veio de perto acompanhar nossas vidas, nossa convivência, conhecer os amigos próximos, a família, e até ás vezes que eu e Luan viajamos devido os shows, tudo isso conta em um processo de adoção, sem contar que a gente pode poucas vezes ir ver a Maria e saber como ela estava, me deixava triste saber que a pequena continuava se escondendo e tinha medo das pessoas, mas eu queria mudar isso nela, então consegui ir um pouco mais de vezes no orfanato para interagir com ela, que mal falava, eu sabia que ela iria ser muito feliz comigo e Luan, e aos poucos ela iria perder esse medo e essa falta de confiança nas pessoas, pois nem todo mundo é ruim, e tem um monte de gente esperando por ela, para a encher de amor, tanto eu como Luan, quanto toda a nossa família, estávamos muito ansiosos para enfim a Maria vir passar um tempo com a gente e ver se iria se adaptar.
-Amor, será que vão trazer ela hoje mesmo?-eu estava inquieta e quase fazia um buraco no chão da sala, andando de um lado para o outro
-Claro que vão Kemy, só fica calma, que daqui a pouco chegam
-Mas e se...-fui interrompida ouvindo a campainha-finalmente-meu coração deu um solavanco e eu corri para abrir a porta, mas Luan não deixou
-Deixa que a Cida abre a porta, nós vamos esperar eles entrarem aqui-me abraçou pela cintura e beijou o meu pescoço-relaxa, que vai dar tudo certo
Cida abriu a porta, e logo entrou a assistente social, uma outra moça com um bloco de anotações na mão, e uma das moças do orfanato segurando a mão de Maria, que fez meu coração bater mais forte, assim que a vi.
-Bom dia-nos cumprimentou a assistente social-como vocês já sabem, a menina vai passar alguns dias com vocês e depois iremos vir acompanhar de perto, como está sendo o processo de adaptação dela com a família
-Sim, a gente sabe-respondi ansiosa
-Assinem os termos de responsabilidade, pois por uma semana a Maria vai ficar na casa de vocês e convivendo normalmente com todos que aqui vivem-disse a moça que segurava o bloco de anotações, nos entregando uma caneta para assinarmos ali
-Acho que esta tudo certo-disse a assistente social, olhando as nossas assinaturas
-Ela é uma boa menina-disse a moça do orfanato que segurava a mão de Maria, que olhava ao redor toda receosa-Maria, esses são o Luan e a Kemilly, eles vão cuidar de você por alguns dias, tudo bem?-a disse e ela a olhou sem entender, mas assentiu-da um abraço-Maria a abraçou-tenho certeza que você vai ser muito feliz aqui, pequena
-Te garanto que sim-sorri me aproximando delas-oi Maria, lembra de mim?-me abaixei para falar com ela, e ela assentiu me olhando-o que acha de ficar alguns dias comigo? você quer?-a perguntei e ela assentiu de novo
-Ela não é muito de falar, mas se você conversar com ela com jeitinho, ela vai interagir com você-me disse a moça do orfanato
-Esta tudo certo, agora tudo depende de vocês e da adaptação da criança-disse a assistente social
-Pode deixar, que ela vai ser muito bem cuidada-garanti
Cida acompanhou elas até a porta, e enfim Maria ficou a sós comigo e Luan, ele só sabia sorrir, e eu mais ainda, era a primeira vez que Maria veio para a nossa casa conhecer tudo, e eu queria que ela sentisse todo o amor que estávamos dispostos a dar a ela.
-Maria, eu sou a Kemilly, mas pode me chamar de Kemy-a disse com todo jeitinho e ela ficou me olhando
-Eu sou o Luan, me chama de Luan se quiser-ele a disse e ela o olhou
-Essa é a Cida-a apresentei Cida, que sorria a olhando encantada
-Oi Maria, você é muito linda, seja bem vinda-disse Cida
-Quer conhecer a casa?-a perguntei e ela me olhou em dúvida-vem comigo, tem um quarto só para você lá em cima, e um quarto cheio de brinquedos, quer conhecer?-depois de muito me olhar, ela assentiu, e então eu e Luan subimos com ela para o quarto de brinquedos, que na verdade era de Alice, mas agora seria das duas, da neta de Luan, e da nossa filha
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Olá amores, vocês pediram muito por isso, então posteeei, será que a Maria vai se adaptar a eles? gostaram da atitude do casal em adotar a pequena? será que depois de adotarem uma criança, vai vir outras surpresas? comeeeeeentem bastante, bjoos
No começo eu achei nada ave de eles querer adotar. Mais agora eu gostei da Maria ela tem que fica com eles 😍🙏 mais eu acho que a kemy tem que engravidar, e seria muito legal se ela engravidasse agora e tivesse um menino 😍😍😍 continua por favor não demora 🙏🙏
ResponderExcluirQue lindo esse capítulo!!!!! 😍 Já quero Maria sendo filha deles e kemy engravidaaaaando!!! Por favorzinho 🙏🏼
ResponderExcluirQuero a Maria morando com eles já e quero a kemy grávida logo
ResponderExcluirAmeeeeeeei, continuaaa
ResponderExcluirEstou ansiosa pra eles ter a guarda definitiva da Maria e que a kemy engravide logo