Depois daquela conversa que tive com Luan, sobre termos outro filho, nem se fosse por inseminação artificial, tentei outra vez falar com ele, mas o meu marido pediu um tempo para pensar em tudo isso. Fiquei chateada por ele não demonstrar empolgação, muito menos interesse em termos mais um filho, e resolvi deixar quieto esse assunto por enquanto, sei que ele esta com novos planos e projetos para a sua carreira, para os seus shows, e não quero ficar enchendo a mente dele, pois sei o quanto Luan já se esforça para se dedicar a sua carreira, a seus fãs, e a nossa família. Tudo estava indo bem com a nossa família, com o meu centro de moda, e tambem acabei me esquecendo desse assunto, devido meu dia a dia ser tão corrido, era trabalho, filhos, marido, tudo pra mim cuidar, e acho que realmente, ter um bebê agora não seria boa ideia. Estava terminando de fechar uma nova parceria para o centro de moda, quando a minha secretária entra na minha sala para me chamar.
-Com licença Kemilly-disse constrangida-desculpa interromper, mas é urgente
-Não precisa se desculpar, já ia encerrar a reunião, obrigada por tudo-me despedi da mulher com que fechei negócio
-Obrigada você, tenho certeza que vamos nos dar muito bem-ela agradeceu e logo saiu
-E então, o que é tão urgente?-perguntei a minha secretária
-Acabaram de ligar da sua casa, tentaram falar com você pelo seu celular, mas acho que você deve ter desligado pois estava em reunião, então ligaram aqui, e me pediram para te avisar, que a sua mãe não esta nada bem e foi levada para o hospital
-Minha mãe esta no hospital?-perguntei já me desesperando
-Sim, eu...
-Meu Deus, preciso ir até lá agora, pede um uber pra mim-disse pegando meu celular e estava tão nervosa que nem lembrava como liga-lo
-É para já-disse saindo apressada da minha sala e eu não sabia o que pensar, só queria ver a minha mãe, pois sabia que ela precisava de mim
Mal arrumei as minhas coisas, só peguei a minha bolsa e por sorte o uber não demorou chegar, então logo segui para o hospital, se passava mil coisas na minha mente, e o medo de perder a minha mãe estava gigante.
-Cade a minha mãe? como ela esta?-vi Nicole e Lucas na sala de espera
-Ela foi levada lá para dentro, estamos aguardando notícias-disse Nicole
-Vocês quem trouxeram ela? o que aconteceu?-perguntei toda perdida
-Eu estava terminando de fazer a Isa dormir, quando a Cida entrou no meu quarto desesperada, dizendo que a minha vó estava passando mal, só estava eu em casa, fora as empregadas e as crianças, até que o Lucas chegou por sorte bem na hora, então ele pegou a minha vó, a colocou no carro para trazer para o hospital, eu vim junto e no caminho tentei te ligar um monte de vezes, mas o seu celular devia estar desligado, então liguei para a sua secretária te dar o recado
-Obrigada por avisar, eu estava em uma reunião importante, mas agora o que importa é a minha mãe-disse com um certo medo-não quero perde-la
-Minha vó é forte, não vamos perde-la, tenta se acalmar-disse Nick me abraçando e deixei lágrimas cair
-Você avisou o Luan?-a perguntei
-Tentei ligar para o meu pai, mas pelo horário, ele deve estar pegando voo para a cidade do show, então esta fora de área
-E as crianças?
-Minha vó Marizete foi lá cuidar delas, fica tranquila, que esta tudo sobre controle
-Não gosto de ficar alugando a minha sogra para cuidar das crianças, ela já olha o Bento quando estou trabalhando
-Ela gosta de ficar com eles, com os netos e bisnetos, agora se acalma, que daqui a pouco aparecem com notícias de como esta a minha vó
Não conseguia nem ficar sentada, enquanto não tivesse notícias da minha mãe, era angustiante demais essa espera, só pedia a Deus para que a minha mãe ficasse bem, eu não iria suportar a perder assim tão de repente.
-Familiares da senhora Célia dos Santos-disse um médico aparecendo por ali
-Sim, somos nós, sou filha dela, como ela esta?-disse com o coração batendo acelerado
-Ela se encontra melhor do que chegou, por pouco não teve uma parada cardíaca, a pressão dela caiu muito, conseguimos normalizar, mas achamos melhor deixar ela em observação
-Graças a Deus-disse aliviada sentindo o abraço de Nicole-posso ir vê-la?
-Sim, me acompanhe
Fui com o médico até o quarto em que estava a minha mãe, e ela parecia cansada, mas estava acordada e esboçou um sorriso assim que me viu.
-Dona Célia me passando susto-a abracei-não faz mais isso comigo mãe
-Eu estou velha minha filha, a tendência é piorar-suspirou me olhando
-Mãe, não fala assim-segurei sua mão-a senhora esta se entregando fácil demais, sabe o quanto isso me entristece?
-Me desculpa minha filha, mas eu não vou durar por muito tempo-levou uma de suas mãos até o meu rosto o alisando-pelo menos vou partir feliz, sabendo a mulher incrível que você se tornou, e a família linda que pude te ver formar
-Mãe, melhor a senhora descansar, não gosto quando fala assim
-Vou tentar mesmo-ela suspirou-acho que me medicaram pra mim dormir
-Então pode dormir tranquila, que eu vou ficar aqui com a senhora
Minha mãe estava tão frágil, ela não demorou dormir, e eu fiquei velando o seu sono, tinha tanto medo de perde-la, fiz carinho em seu rosto enrugado, castigado pelo tempo e pelas dificuldades da vida, ela é tão forte, tão guerreira, então não pode desistir agora. Enquanto minha mãe dormia, fui pedir para Nick e Lucas voltarem para casa, pois ela estava melhor e os dois tem uma bebê pequena para cuidar, eu ficaria de acompanhante da minha mãe, mas iria os ligar caso precisasse de alguma coisa, e só pedi para cuidarem de Bento e Maria, caso eu precisasse ficar um pouco a mais com a minha mãe no hospital. Nesse meio tempo Luan me ligou, e eu o contei o que aconteceu, mas não era para ele se preocupar, pois a minha mãe estava melhor, ele já queria voltar para casa e vim ficar comigo, mas como não era nada grave, ele não precisava deixar de cumprir a sua agenda e voltar ás pressas, ele me deu foças, falou comigo um tempinho e pediu para o deixar informado de tudo.
-Ela vai ter alta logo doutor?-perguntei ao médico que veio ver a minha mãe outra vez
-É um pouco mais complicado do que eu imaginava-ele suspirou me olhando e eu respirei fundo-fizemos alguns exames na sua mãe, e constatamos que uma pneumonia esta se instalando nela, e como os idosos são bem frágeis a qualquer doença respiratória, acho melhor mante-la internada
-Mas ela vai ficar melhor?
-Sim, vamos a medicar, e ficar de observação caso os sintomas apareçam e se agravem
-Tudo bem-suspirei olhando a minha mãe-vou avisar a família que ela vai ficar internada
Eu realmente sentia medo em saber a que minha mãe precisava ficar um tempo a mais no hospital, então fui ligar para Nicole e a avisar que passaria a noite com a minha mãe no hospital, o meu coração já estava apertado de saudade dos meus pequenos, mas iria voltar para casa no dia seguinte, e ver se Cida poderia ficar com a minha mãe no hospital, para que eu pudesse ir descansar. Os dias foram passando, e era agoniante saber que a minha mãe continuava internada, Luan já estava em casa, e ele estava me ajudando muito, meu marido sempre ao meu lado nos momentos que mais preciso, Cida estava ficando toda noite com a minha mãe, já que durante o dia íamos a visitar, e a cada dia sentia algo apertar mais em meu peito, era o medo de no outro dia minha mãe não estar mais ali.
-Ta pensativa de novo-sentia os carinhos de Luan-esta pensando na sua mãe?
-Não tem como não pensar-suspirei-ela já é de idade, e esta a dias internada, com uma pneumonia que surgiu de não sei aonde
-Amor, estão cuidando bem dela, fica tranquila-beijou minha testa-tenta dormir um pouco, você mal esta dormindo esses dias, mal esta comendo, e isso faz mal só a você mesma
-Mas como eu consigo ficar bem, sendo que a minha mãe esta lá naquele hospital sem nenhuma expectativa de alta, eu realmente estou com medo-o olhei deixando lágrimas cair e ele me apertou em um abraço
-Sei o quanto ama a sua mãe, o quanto cuida dela e se preocupa, mas faz parte da vida essas coisas amor, quanto mais fácil você aceitar que um dia ela vai partir, menos doloroso vai ser
-Eu não quero aceitar, eu já perdi o meu pai, os meus irmãos estão em outro país, tudo o que eu tenho aqui é a minha mãe, eu prometi que ia cuidar deles até o fim-deixava lágrimas cair
-E é o que você esta fazendo amor-disse enxugando as minhas lágrimas-seus irmãos logo vão se formar, e seguir o rumo deles, sei o quanto são gratos a você por tudo, e a sua mãe tem tanto orgulho de você, ela sabe que tudo o que você fez, foi por eles, mas ela já está frágil devido a idade, viver em depressão acaba com a pessoa, eu já passei por isso, sei o quanto é difícil, mas eu era jovem, e graças a Deus dei a volta por cima e superei, já a sua mãe não tem mais tanto tempo, e nem expectativas para o futuro
-Você fala como se ela já estivesse morrendo, e isso dói em mim-o olhei magoada
-Desculpa amor, mas a vida é assim, claro que eu queria ver a sua mãe se recuperar, ficar bem, e viver por muitos anos com a gente
-Então para de falar assim, porque já esta sendo difícil lidar com esse medo, e você falando desse jeito só piora as coisas
-Só estou tentando ser realista com você, mas se não quer me ouvir tudo bem, não esquece que eu estou aqui para cuidar de você-beijou minha testa
-Me abraça, só isso-o pedi em meio ao choro e logo senti seus fortes braços a minha volta
Eu mal estava conseguindo dormir, e quando pegava no sono já tinha que acordar, pois ouvia o choro e a birra de Bento no berço, então tinha que o pegar, o dar atenção, o dar mama, e ainda bem que Luan estava em casa para me ajudar com o nosso filho logo cedo. Deixei os dois brincando na cama, tomei um banho rápido, me troquei e precisava ir no hospital ver a minha mãe.
-Amor, eu já vou indo-selei os lábios dele
-Você nem vai comer nada? quer que eu te leve?
-A Nick vai comigo, só cuida do Bento-beijei o meu filho que falava "mamama" e apontava para a mamadeira
-Qualquer coisa me liga
-Você tambem
Havia combinado de ir com a Nicole cedo para o hospital, ela demorou um pouco pois tinha que amamentar a Bella, a trocar, e a levar no carrinho até o meu quarto para Luan ficar com ela, hoje era dia do meu marido se virar com o nosso filho e a neta dele, no fundo eu sei que ele gosta.
-Bom dia Cida, pode ir comer alguma coisa e ir descansar-a abracei assim que entrei no quarto da minha mãe-obrigada por estar ficando com ela
-Imagina dona Kemilly, sua mãe é sempre uma boa companhia
-Você que é a melhor companhia do mundo Cidoca-disse Nick a abraçando-já estou com saudades dos seus bolos, as novas empregadas não sabem fazer como você
-Logo a dona Célia saí do hospital, e eu prometo fazer o bolo que a senhorita tanto gosta-disse Cida sorrindo e saindo do quarto
-Bom dia mãezinha-beijei o rosto dela
-Bom dia vó, esta com uma carinha melhor hoje-disse Nick fazendo o mesmo
-Bom dia queridas, deve ser impressão sua-sorriu de canto
Ficamos conversando com a minha mãe e a fazendo companhia pela manhã, hoje ela parecia estar melhor, então Cida voltou a ficar com ela, e Nick me deixou no meu centro de moda, pois eu mal estava indo trabalhar esses dias, e agora que a minha mãe parecia melhor, seria bom eu voltar e ver como estava tudo por aqui, não gosto de deixar tudo por conta da Paola, pois nós duas trabalhamos juntas, e não é certo toda vez que aparece um problema na minha família eu a deixar trabalhando sozinha. Hoje tudo pareceu correr bem tanto em casa quanto no trabalho, Luan foi me buscar para voltar para casa, e Bento e Maria estavam com ele no carro.
-Que bom ver os meus amores vindo me buscar-sorri beijando o meu marido e jogando beijo para os meus filhos, que estavam no banco de trás
-O papai falou que íamos buscar a mamãe e depois tomar sorvete-disse Maria animada
-Se o seu pai falou, então vamos-sorri olhando para o meu marido
-Tudo para ver esse sorriso lindo de volta-ele fez carinho em meu rosto
Seguimos para uma sorveteria, e foi gostoso aquele momento com eles, Bento se lambuzava todo com o sorvete já que eu o dava um pouquinho do meu, até que comecei a comer sozinha e ele chorou pois queria mais, Luan como é um pai babão, foi pegar uma casquinha pequena para ele, claro que eu reprovei a ideia do meu marido, não é certo ficar dando essas coisas para ele, mas Bento adorou comer sorvete sozinho, e principalmente se sujar.
-Ele adorou amor-Luan ria ao me ver toda brava limpando Bento
-Adorou ficar todo sujo e melado, péssima ideia trazer ele
-Mas ele gostou mamãe-disse Maria o vendo rir e se divertir por estar melado
-Gostou, porque toda criança gosta de bagunça e sorvete...-fui interrompida ouvindo o meu celular tocar-Luan, atende pra mim, preciso terminar de limpar ele, porque aonde ele colocar essas mãozinhas vai ficar grudando
-Atendo-Luan pegou o meu celular e o atendeu-sim, é o marido dela... tudo bem... eu entendo...-vi Luan fazer uma cara séria e suspirar-esta bem... tchau
-O que foi?-o olhei desconfiada e ele suspirou
-Era do hospital
-E o que disseram?-já o olhava agoniada e Luan estava tenso-fala logo Luan
-Parece que a sua mãe teve uma parada cardiorrespiratória, eles a reanimaram, mas ela teve uma piora e...
-Meu Deus, vamos logo para o hospital Luan-disse me desesperando sem pensar em mais nada
-Calma Kemy, vamos deixar as crianças em casa e depois seguimos para o hospital
Apenas assenti, coloquei Bento mesmo sujo na cadeirinha, entramos depressa no carro e fomos para casa, nem quis descer, e Luan quem desceu as crianças, estava agoniada com a demora dele dentro de casa, e logo ele voltou para enfim seguirmos para o hospital.
-O quadro da dona Célia se complicou-o médico veio conversar comigo, quando cheguei no hospital-no momento ela está entubada, e se o quadro se estabilizar, vamos autorizar as visitas
-Mas eu preciso ir vê-la agora doutor
-No momento estamos fazendo de tudo para ela ficar bem, se as visitas forem liberadas venho avisar-disse o doutor saindo dali e eu já chorava desesperada sendo abraçada por Luan
-Calma, vai ficar tudo bem amor
-Eu estou com medo Luan, do nada ela ficou mal, as coisas só estão piorando-chorava abraçada ao meu marido
-Mas vai ficar tudo bem, eu estou aqui com você, não vou te deixar sozinha-o senti beijar minha testa
Já estava de noite quando me liberaram para ver a minha mãe, e foi bem dolorido vê-la entubada, ela parecia dormir, e eu só sabia chorar, mal consegui a falar nada. Luan me convenceu a voltarmos para casa, pois eu precisava comer e descansar, tomamos um banho juntos cheio de carinho, e eu já fui me deitar antes dele, Bento queria atenção e Luan foi brincar com ele e depois o fazer dormir, quando o meu marido se deitou eu ainda estava acordada e chorava.
-Você nem quis comer nada, esta toda tristinha, sabe que eu não gosto de te ver assim-me puxou para se deitar em seu peito e me fazia carinho
-Sé me deixa quietinha Luan, não sei mais o que pensar
-Então não pensa-beijou minha testa-fecha os olhinhos, pensa em coisas boas, que eu vou cantar para você
Fechei os olhos e fiquei abraçada a ele sentindo os seus carinhos e o ouvindo cantar pra mim, por mais que a minha mente estivesse distante, consegui dormir confortada pelos cuidados e pelo amor de Luan. No dia seguinte Luan foi comigo bem cedo para o hospital, e recebi a notícia que minha mãe estava acordada, mas dizia coisas desconexas.
-Mãe, estou aqui-toquei em sua mão e ela me olhou
-Cadê a Kristine?-foi a primeira coisa que ela me perguntou assim que me viu
-Mãe, esquece aquela mulher, eu estou aqui para ver você
-Mas ela tambem é minha filha, preciso me despedir-dizia com a voz falha
-A senhora esta realmente delirando, então fica quietinha e descansa-beijei a testa dela
-Eu preciso ver a minha filha-pediu me olhando
-Mas eu sou a sua filha-a olhei magoada-mãe, por favor, não fala mais nisso
-Você é o meu orgulho Kemilly-segurou a minha mão e me olhava-mas eu quero me despedir da Kristine...
-Vou pedir para virem medicar a senhora, você esta delirando muito-suspirei a dando um ultimo beijo e saindo do quarto
-Ela esta bem?-Luan me perguntou assim que me viu
-Esta delirando muito
-Como assim?
-Ela esta falando coisas sem sentido Luan-suspirei-ela quer ver a Cristina, mas eu não vou deixar aquela mulher se aproximar da minha mãe, ela esta presa e vai continuar por lá apodrecendo na cadeia
-Kemy-ele suspirou e parecia querer me dizer algo-eu sei o quanto essa mulher prejudicou as nossas vidas, mas se a sua mãe quer tanto ver ela, eu acho que...
-Você não acha nada Luan-o olhei brava-não vamos deixar aquela mulher ser solta, para vir visitar a minha mãe
-Kemy, olha pra mim-Luan me fez o olhar-eu sei que você não quer aceitar isso, mas a sua mãe só não partiu ainda, porque precisa se acertar com a Cristina, ver ela, ou...
-Luan, para de maluquice, pelo amor de Deus, já esta sendo difícil pra mim ter a minha mãe aqui no hospital, não quero ver aquela mulher solta, só porque a minha mãe acha que quer se despedir dela
-Mas e se esse for o ultimo pedido dela? Kemy, eu sei que esta sendo difícil para você, mas pra mim esta sendo o dobro, pois eu não gosto de te ver sofrer-fez carinho em meu rosto-mas querendo ou não, a sua mãe ainda é mãe da Cristina, e por mais que eu e você tenhamos sofrido por culpa dela, vamos fazer pela sua mãe, a dona Célia só quer ver a filha pela ultima vez
-Aquela mulher é um monstro Luan, não confio em deixar ela perto da minha mãe, ela quis me matar, matar o nosso filho, sequestrou a Maria, te deu um tiro, quer mais o que? ela não vai sair daquela cadeia por nada nesse mundo, nem pelo ultimo desejo da minha mãe
-Kemy, assim você só complica mais as coisas-ele suspirou-mas não vou discutir com você, a mãe é sua, então faça o que quiser
Três dias se passaram, com a minha mãe internada no pior estado, ela só delirava pedindo para ver Cristina, e eu não estava aguentando isso, já discuti com Luan pela ideia dele de querer pedir para Cristina a visitar no hospital, meus irmãos souberam do estado da minha mãe, e chegaram a tempo de a ver, estavam revesando comigo em ir visita-la, mas tambem não estavam contentes, a vendo pedir para ver aquela mulher.
-Doutor o que sugere?-eu conversava com o médico que estava cuidando da minha mãe, e ele sabia o que minha mãe estava pedindo, e de toda história envolvendo Cristina, pois precisei ser sincera com ele
-Eu confesso que isso tudo é bem complicado-suspirou-mas pelos meus anos de experiência, eu sinto em lhe dizer, que a sua mãe só vai partir em paz, depois que ver essa tal Kristine ou Cristina que ela tanto fala
-Mas eu não quero que a minha mãe se vá-deixei lágrimas cair na frente dele
-Ninguem quer perder alguem da família, ainda mais a própria mãe, mas ela esta bem debilitada, os pulmões estão bem fracos, você acha certo manter a sua mãe sofrendo, respirando apenas com a ajuda de aparelhos, do que realizar o ultimo desejo dela, pois é sua maior inimiga a filha que ela tanto deseja se despedir?
-Eu preciso pensar-respirei fundo-só não quero a minha mãe sofrendo, mais do que já está-deixei lágrimas cair
-Sinto muito com tudo isso, não é uma coisa fácil de se decidir, mas a decisão está em suas mãos, ela é sua mãe, e você quem responde por qualquer coisa que aconteça a ela nesse hospital
-Eu já disse que vou pensar doutor, deve ter outra saída
Voltei para casa abalada, e mais perdida do que nunca após a minha conversa com o médico, eu preferi ficar sozinha em meu quarto, e chorei muito sabendo que minha mãe estava nas ultimas, não queria a ver partir, e ainda estava confusa sobre essa história dela querer se despedir de Cristina, eu odeio aquela mulher, não queria ver ela nunca mais, mas eu não queria impedir o ultimo desejo da minha mãe, e mesmo estando com o coração em pedaços e com a mente em confusão, eu sabia o que era o melhor para se fazer.
*Cristina on.
A cada dia naquele inferno eu sentia mais ódio da minha irmãzinha, do cantorzinho e de todos próximos a eles, quando eu sair daqui todos vão pagar bem caro por um dia terem me colocado aqui.
-Tem visita para você-uma das policias veio em minha cela me avisar
-Pra mim? que milagre é esse-a olhei rindo
-Sim, hoje é o seu dia de sorte, então se levanta logo
Eu nunca recebo visitas, a ultima vez que tive uma visita foi aquela velha, será que ela quis de novo vir aqui? é muita coragem da parte dela. Fui levada até a sala de visitas, e eu não sei se aquilo era armação, mas me surpreendi ao ver a minha irmãzinha querida ali, é muita cara de pau e coragem para vir aqui, depois de tudo o que me fez.
-Se lembrou que colocou a sua irmã na cadeia, e resolveu visitar?-ri irônica me sentando de frente com ela
-Sem suas ironias Cristina, eu vim falar sério com você-disse com uma cara de quem chorou muito
-Largou do cantorzinho? juro que não tive culpa nisso, mas adoraria ter-ri irônica
-Para a sua informação, eu e meu marido estamos muito bem-fez questão de exibir sua aliança na minha cara-mas eu não vim falar sobre o meu casamento com você, uma porque não te interessa, e segundo porque você é tão desprezível, que só vim aqui ter o desprazer de olhar na sua cara, por algo muito urgente
-E o que seria tão urgente, irmãzinha querida?
-Minha mãe está muito doente no hospital, e infelizmente o ultimo desejo dela... é ver você-respirou fundo me dizendo e comecei a rir
-A velha não desiste mesmo...
-Cristina, por favor, não fala assim da minha mãe, eu estou aqui tentando conversar na boa com você por ela, será que seu coração é tão duro assim, que você não aceita nem o ultimo pedido daquela que te colocou no mundo?
-E o que eu posso fazer queridinha? eu estou aqui presa, não posso sair por aí, só para visitar uma velha que esta para bater as botas, por mim, que ela morra de uma vez, ainda não estou afim de fazer caridade
-Você é um monstro muito cruel e desprezível-me olhava com nojo-Cristina, essa é a unica coisa que te peço, eu já conversei com o delegado, e se você aceitar ir visitar a minha mãe, ele libera você
-Me libera para sempre?-a olhei empolgada
-Claro que não, você vai cumprir a sua pena até você apodrecer aqui-me olhava com raiva-mas só vão te liberar para ver a minha mãe, pois infelizmente, é o ultimo pedido dela
-A velha não merece esse esforço, mas se é pra mim sair um pouco desse lixo, ver a luz do dia, eu faço esse sacrifício em ver a velha, se quiser, ainda dou uma ajudinha para ela morrer de vez-ri me lembrando que matei o velho e ninguem nunca descobriu
-Você me inoja-disse Kemilly se levantando-o delegado vai vir falar com você como vai ser, porque eu não suporto mais olhar na sua cara
-Obrigada pela visita irmãzinha, volte sempre-disse irônica e ela saiu sem sequer olhar na minha cara
Eu estava surpresa pela coragem de Kemilly em aparecer aqui, e fiquei feliz em saber que a velha estava morrendo, pelo menos ela iria parar de me encher o saco e vir atrás de mim, mas essa ideia de poder sair da prisão era o que eu precisava para um plano de fulga, já planejei várias fulgas com algumas colegas de cela, pena que nunca acontecia nada para colocar o plano em prática, mas agora com essa visita da velha no hospital, eu vou ter uma chance de sair daqui de vez, e me vingar da minha irmãzinha. No mesmo dia, o delegado veio falar comigo, como funcionaria pra mim sair daqui e ir no hospital ver a velha, iriam alguns policiais comigo me escoltando, e me vigiando, e não poderia durar mais que uma hora o tempo que eu estivesse fora da penitenciária. Finalmente saí daquele lugar, e pude respirar aliviada, porém me algemaram e me colocaram atrás no carro, que droga, mal pude aproveitar a minha pequena liberdade.
-Vamos estar de olho em você, qualquer gracinha, e a sua pena vai ser dobrada-disse uma das policiais que mais pegam no meu pé e eu revirei os olhos
Chegamos no hospital, e eu desci escoltada pelos policiais, as pessoas ficaram me olhando, me encarando, e eu encarava de volta, deve ser que nunca viram uma detenta na vida.
-Já estão se preparando para o enterro, que emocionante-não pude deixar de ser irônica com a minha irmãzinha e o cantorzinho, que estavam abraçados na sala de espera
-Cala a boca Cristina, será que podem sumir com ela daqui, por favor?-disse Luan me olhando com ódio, e Kemilly chorava abraçada a ele
-Anda, vamos logo-os policiais me puxaram lá para dentro e não vi mais o casalzinho feliz
-Vou entrar assim?-disse reclamando das minhas algemas e os policiais se entreolharam-eu vou ver a minha mãezinha querida desse jeito?
-Tudo bem, pode entrar sem as algemas, mas estamos de olho em tudo
Tiraram a minha algema, e então entrei no quarto para ver a velha, que logo notou a minha presença e começou a chorar, como os policiais estavam vendo pelo vidro da porta o que eu fazia, me sentei na cadeira ao lado da cama da velha para fazer cena.
-Você veio...-disse com a voz falha me olhando enquanto chorava
-Só para sair um pouco daquele inferno, que a sua filhinha me colocou
-Kristine, já é hora de tirar todo esse rancor do coração-disse vindo com a sua mão para perto do meu rosto-você tem tudo para ser feliz
-Eu não tenho mais nada para ser feliz, a sua filhinha, e aquele cantorzinho acabaram com a minha vida
-Quem destruiu a si mesma, foi você-disse ainda chorando-mas eu te perdoo, e sei que um dia eles vão te perdoar
-Não estou pedindo perdão de ninguem, e agora que já me viu, posso ir-disse me levantando, mas senti sua mão puxar o meu braço
-Fica mais um pouco minha filha, não me trata assim...
-Te trato como você merece, nem sei porque quis me ver, velha inútil
-Porque você ainda é minha filha, e eu te amo
-Amor não me deixa rica, não me solta daquela prisão dos infernos, então guarda para você e morre logo
-Mesmo me tratando assim, eu ainda te amo minha filha, e que pena que não vou mais estar aqui... para ver você, ser alguem melhor...-me olhou dando um ultimo suspiro e ouvi os aparelhos começarem apitar
Logo começou a entrar uma equipe médica ás pressas no quarto, e em meio aquela correria eu vi a chance de fugir, mas os policias me cercaram e me algemaram pra mim não fugir, que droga. Saímos por outra parte do hospital, e eu infelizmente não ia comunicar a minha irmãzinha que vi a mãe dela morrer, comecei a rir sozinha ao me lembrar da cena da velha morrendo, mas depois não achei mais graça naquilo, ela foi a unica que nunca desistiu de mim, mesmo com tantos erros, tantos crimes, ela ainda quis me ver e dizer que me ama antes de morrer... percebi que estava refletindo na atitude da velha, e realmente aquela velha era louca.
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Olá amores, será que a Kemy vai ficar como depois que vir a notícia? Cristina sendo fria até o ultimo suspiro da mãe, mas isso a deixou pensativa... comenteeeem bastante, ainda estão gostando e acompanhando? bjooos
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