-Sua velha idiota, você tinha que entrar justo agora-bufei a olhando com raiva e joguei o travesseiro no chão, ouvindo os aparelhos apitar
-O que você fez com ela? minha filha, que tipo de mostro é esse que você se tornou?-começou a chorar me olhando
-Quem eu me tornei não te interessa, agora saí da minha frente-a empurrei e fui saindo do quarto ás pressas
-Filha, volta aqui, por favor...
-Eu não sou sua filha, sua velha louca-a avisei pela ultima vez e saí ás pressas daquele quarto, antes que alguem venha atrás de mim e me pegue, só estava torcendo para aquela garota ter morrido a tempo
Vi uma correria pelos corredores, com certeza foram socorrer a minha irmãzinha, eu tentei parecer o mais tranquila possível, e por estarem tão apavorados, eu passei despercebida por todos e logo consegui sair daquele hospital. Respirei aliviada quando já estava em meu carro, mas eu sabia que não teria muito tempo, com certeza aquela velha vai dar com a língua nos dentes, e antes que venham atrás de mim, preciso de algum lugar para me esconder, então acelerei o meu carro e fugi.
*Luan on.
O natal chegou, e dessa vez iriamos passar na casa da minha mãe, não estávamos naquele clima animado e feliz do natal, só iriamos fazer um almoço para a data não passar em branco. Passamos a ceia na casa da minha mãe, nos cumprimentamos quando deu meia noite, mas meu coração e meus pensamentos estavam em Kemy, naquele momento eu estava com o meu filho no colo que estava um pouco enjoadinho e assustado com os barulhos dos fogos lá fora que outras pessoas soltavam, então fui com ele para um canto mais tranquilo, e pela janela olhei para o céu, fechei os olhos, respirei fundo, e pedi a Deus que trouxesse a minha mulher de volta, o natal era para celebrar a vida, a família, e eu só conseguiria celebrar se ela estivesse comigo. No outro dia só esperei o almoço sair porque minha mãe insistiu que eu comesse, mas assim que acabei de comer, segui com a minha sogra para o hospital para ver Kemilly, dona Célia estava estranha, dizia que estava sentindo um sentimento ruim e que precisávamos chegar logo.
-Sogrinha, esqueci o meu celular no carro-disse analisando os meus bolsos-se quiser ir ver a Kemy primeiro, pode ir, vou lá pegar o celular, porque preciso ficar atento, se o Bento chorar ou qualquer coisa, a Nicole me avisa
-Tudo bem Luan, eu vou entrando então, sinto que a minha filha precisa de mim
Eu estava tão avoado ultimamente, e só voltei para pegar o celular pois Nicole podia me ligar a qualquer momento, Bento anda muito enjoadinho, e o único que o faz se acalmar sou eu. Voltei até a garagem onde estacionei o meu carro, e fui procurar o meu celular, pior que eu nem sabia aonde ele estava, demorei um pouco para achar, pois ele havia caído debaixo do meu banco, então foi automático olhar se não tinha nenhuma ligação, e quando eu ainda estava dentro do carro, vi uma mulher passar por ali correndo como se fugisse de algo, e isso me fez estranhar, pois ela não me era estranha, a doida saiu cantando pneus, e eu senti que isso era nada bom. Quando entrei no hospital, vi dona Célia sentada chorando na sala de espera, uma enfermeira aferindo a pressão dela, tentando a acalmar, e uma correria naquele hospital, parecendo que tinha algum bandido ali dentro, o que me assustou mais ainda.
-Meu Deus, o que aconteceu aqui? dona Célia, a senhora esta bem?-perguntei de imediato vendo o estado da minha sogra
-Luan, ela precisa de você, não deixa a minha filha ir...-dizia em meio ao choro
-Eu não vou deixar-me sentei ao lado dela segurando a sua mão preocupado-o que aconteceu?
-A culpa é toda dela-ela chorava mais ainda-eu não pude impedir, eu não pude fazer nada...-chorava se lamentando
-Senhora, se acalme-a enfermeira a pediu-toma um pouco de água-a entregou um copo com água e minha sogra só chorava
-O que aconteceu?-perguntei todo perdido olhando para a enfermeira
-Eu não sei direito-ela suspirou-mas parece que tinha uma mulher maluca dentro do hospital, tentando assassinar uma das nossas pacientes que esta em coma e...
-Eu não acredito-me levantei com toda a raiva do mundo caindo a ficha-eu preciso ver ela
Saí feito louco da sala de espera em direção ao quarto de Kemilly, meu Deus, isso não podia estar acontecendo, lágrimas de dor e de raiva corriam ao mesmo tempo, e antes que eu entrasse no quarto, alguem me barrou.
-Senhor, você não pode entrar aqui
-COMO NÃO? É A MINHA MULHER QUE ESTA AI DENTRO, EU QUERO VER ELA-gritava em meio ao desespero
-Se acalme, mas você não pode entrar
-EU ESTOU PAGANDO CARO ESSA DROGA DE HOSPITAL, E AGORA NÃO ME DEIXAM VER A MINHA MULHER?-eu estava totalmente fora de mim, mas precisava ver a Kemilly, para aliviar o meu coração
-Senhor, aqui é um hospital, por favor, faça silêncio-veio um segurança me barrar
-EU SEI PORRA, MAS...
-Se você não fica calmo por bem, eu vou te tirar daqui a força-me ameaçou o segurança
-Eu só quero ver a minha mulher-disse deixando lágrimas cair
-Melhor esperar o médico, para conversar com ele, mas agora ninguem entra aqui-disse o enfermeiro que me barrou e o segurança me olhava duro
Voltei para aquela sala de espera me desmoronando, minha sogra ainda chorava, e a enfermeira ainda estava ao lado dela, eu nem sabia mais o que pensar, ninguem me dizia nada, me sentia totalmente perdido, e um medo que nunca senti, tomou conta de mim, foi então que me lembrei da mulher que vi saindo ás pressas, só podia ser ela, aquela maldita, infeliz, aquela desgraçada que só quer arruinar a minha vida, senti tanto ódio, tanta raiva, que a minha vontade era de matar ela com as minhas próprias mãos, então saí sem pensar em mais nada daquele hospital, e fui atrás daquela mulher, se ela matou a Kemilly, eu juro que eu a mato. Nunca dirigi tão rápido e com tanta raiva na vida, só sei que estacionei de qualquer jeito em frente a agência daquela desgraçada, e infelizmente estava tudo fechado, droga, hoje é feriado então nada funciona, mas mesmo assim não me dei por vencido, e fui até a casa dela. Cheguei no condomínio que aquela bruxa mora, e fui barrado, tentei entrar a qualquer custo, estava quase apanhando dos seguranças, até que ouço o meu celular tocar, e vi que era Nicole, estava com muita raiva para atender, e como eu não iria conseguir entrar no condomínio que Cristina mora, desliguei o meu celular irritado e voltei para o hospital, pois Kemy precisava de mim.
-Pai, aonde você foi? tentei te ligar, mas...-veio me abraçar com uma cara de choro
-Eu sei Nicole-disse todo grosso a cortando-mas prefiro saber pessoalmente-disse com a voz embargada
-Eu nem sei o que dizer-ela me abraçou e eu apenas fechei os olhos e deixei lágrimas cair
-Cadê o médico? alguem para me informar?-perguntei tentando me fazer de forte
-Eles apenas ligaram para casa dizendo que era urgente, ai eu soube que você não estava aqui, então vim saber o que aconteceu, minha vó esta em observação em um quarto, a pressão dela se descontrolou e ela esta muito abalada
-Não é para menos, ela é mãe-deixei lágrimas cair
-Eu não queria te ver passar por isso-ela me olhou chorosa
-É a vida minha filha-enxuguei as minhas próprias lágrimas e então vi o médico que cuida de Kemy aparecer, com uma cara nada boa
-Que bom que o senhor esta aqui-me olhou suspirando e eu já esperava pela pior notícia
-Pode dizer doutor, seja direto, vai doer de qualquer jeito mesmo-fechei os olhos abraçando a minha filha, aguardando a notícia
-Eu sei que não esta sendo fácil, saber que a sua mulher estava em coma, mas aconteceu esse ocorrido, de uma mulher não identificada desconectar os aparelhos dela, e tentar cometer um assassinato dentro do hospital, por sorte ou não, a mãe da vitima chegou a tempo, mas os aparelhos já estavam desconectados o que levou a Kemilly a sofrer uma parada cardíaca-deixei lágrimas cair ouvindo tudo isso, e só fazendo meu ódio por Cristina aumentar-eu confesso que achei que havíamos perdido a nossa paciente-ele suspirou e então eu o olhei-ela ficou por cinco minutos tendo a parada cardíaca, e por muito pouco, conseguíamos reanima-la, mas eu mandei chamar a família pois essa mulher pode tentar voltar e atacar outra vez a paciente, e infelizmente o quadro dela agravou, pois os pulmões e o coração ficaram muito fragilizados no momento que tentamos reanima-la
-Então a minha mulher não morreu?-perguntei deixando lágrimas cair
-Por muito pouco, ela não se foi-ele suspirou
-Doutor e sobre essa mulher, eu sei quem é, ela não vai sair impune dessa, eu vou contratar seguranças para vigiar noite e dia o quarto da Kemilly, ela nunca mais vai se aproximar dela
-A direção do hospital está investigando o caso, olhando as câmeras de segurança, e o relato da dona Célia que presenciou a fuga, tambem conta como testemunha, ela ainda esta em choque com tudo o que viu, vai ficar um tempo em observação até controlar a pressão, e logo será liberada
-Posso ir ver a minha vó?-Nicole perguntou ao médico
-Sim-ele assentiu-é até bom que ela receba companhia
-E você vai ficar bem?-minha filha me perguntou
-Vou-assenti meio aéreo
-Vou ficar com a minha vó, tenta se acalmar, pelo menos o pior não aconteceu-disse beijando o meu rosto-tudo vai ficar bem paizinho
Nick seguiu o médico e foi ver a avó, e eu me sentei na sala de espera tentando colocar meus pensamentos em ordem, e digerir tudo o que aconteceu, meu ódio por Cristina só aumentou, mas de certa forma o meu coração estava aliviado, por saber que o coração de Kemy ainda batia. Fiquei pensativo, e de certa forma eu tinha que agradecer a Deus por não ter levado o meu amor para longe de mim para sempre, fechei os olhos, e mesmo sem saber ao certo o que pedir, só agradeci a Deus pelo milagre que aconteceu, e pedi que se Ele a deu outra chance de voltar a viver, para Ele a trazer de volta pra mim, pedi tambem para que a justiça seja feita, e que depois de tudo de ruim que já passei nessa vida, eu tenha um pouco de paz.
Mais alguns dias se passaram, e descobri que Cristina estava foragida, falei com Paola e ela disse que Cristina sumiu, nem o marido dela sabia onde ela estava, a desgraçada sumiu do mapa, mas tenho certeza que um dia ainda vou a encontrar, e ela vai pagar muito caro por ter tentado contra a vida de Kemilly. Era véspera de ano novo, e o clima não melhorava em casa, dessa vez eu não quis ir para lugar nenhum, até cancelei os meus shows de fim de ano, incentivei Nicole a viajar com o Lucas para o Rio de Janeiro, e com muito custo ela foi e levou Alice junto com ela, restando apenas Bento, Maria e eu em casa, mas meus planos eram outros, e como Kemy agora estava de volta ao quarto, conversei no hospital, e deixaram que eu ficasse com os meus filhos no quarto junto com ela. Dispensei os seguranças que agora ficam 24 horas na porta do quarto dela, e fiquei na noite do dia 31 de dezembro junto da minha mulher com os meus filhos, mesmo que ela não esteja nos vendo, sei que ela sente a nossa presença, e o nosso amor por ela.
Mais alguns dias se passaram, e descobri que Cristina estava foragida, falei com Paola e ela disse que Cristina sumiu, nem o marido dela sabia onde ela estava, a desgraçada sumiu do mapa, mas tenho certeza que um dia ainda vou a encontrar, e ela vai pagar muito caro por ter tentado contra a vida de Kemilly. Era véspera de ano novo, e o clima não melhorava em casa, dessa vez eu não quis ir para lugar nenhum, até cancelei os meus shows de fim de ano, incentivei Nicole a viajar com o Lucas para o Rio de Janeiro, e com muito custo ela foi e levou Alice junto com ela, restando apenas Bento, Maria e eu em casa, mas meus planos eram outros, e como Kemy agora estava de volta ao quarto, conversei no hospital, e deixaram que eu ficasse com os meus filhos no quarto junto com ela. Dispensei os seguranças que agora ficam 24 horas na porta do quarto dela, e fiquei na noite do dia 31 de dezembro junto da minha mulher com os meus filhos, mesmo que ela não esteja nos vendo, sei que ela sente a nossa presença, e o nosso amor por ela.
-Papai, porque a mamãe ainda não acorda?-perguntou Maria que estava sentada perto da mãe
-Uma hora ela vai acordar meu amor-suspirei-mas enquanto isso não acontece, vem aqui com o papai-a puxei para se sentar em meu colo e ficar vendo comigo os fogos de artifício pela janela do quarto
-O Bento não gosta muito desses barulhos-disse Maria vendo o irmão resmungar, o carrinho dele estava perto da gente
-É, ele não é muito fã de barulho, de fogos, e essas coisas-sorri de canto o olhando-quer vir com o papai-o olhei e ele continuava resmungando, então o peguei no colo-vamos ver a mamãe-me aproximei da cama de Kemy com ele no colo, e era horrível a olhar naquele estado
-A mamãe esta muito branca-disse Maria subindo no banquinho para a olhar
-É porque ela não esta tomando sol, e só esta aqui nessa cama-suspirei
-Queria que ela acordasse para comemorar o ano novo com a gente, o natal foi tão chato sem ela-disse Maria a olhando e eu suspirei
-Pois é Marivi, mas pelo menos a gente esta aqui perto dela
As horas pareciam não passar, e eu ás vezes achava loucura demais estar fazendo isso, e colocando os meus filhos nessa comigo, mas eu queria que a Kemilly não se sentisse sozinha, pois somos a família dela, somos quem mais a amamos nesse mundo, minha sogra esta em uma depressão profunda depois que viu Cristina tentando matar Kemy, eu até pensei em trazer ela comigo e com as crianças, mas minha mãe achou melhor evitar que ela viesse ao hospital e passasse mal, então ela ficou com Kamilly e Kauã na casa dos meus pais, aonde eu sei que ela vai poder se distrair e não pensar na cena horrível que presenciou.
-Ta com sono Marivi?-abracei Maria que estava com a cabeça encostada na cama da mãe e com a maior carinha de sono
-Só um pouquinho-bocejou
-Vem cá, deita aqui-a levei para se deitar no largo sofá, a cobri e beijei a testa dela-boa noite, dorme com os anjos, o papai esta aqui perto
-Boa noite papai-assentiu bocejando e fechando os olhinhos
Ainda faltavam algumas horas para virar o ano, e Maria dormia toda tranquila no sofá, Bento tambem acabou dormindo no seu carrinho, e eu fiquei acordado sentado ao lado de Kemy, a fazendo carinho, segurando sua mão, deixando lágrimas rolar, a dizendo que estava ao seu lado, sempre demonstrando todo o meu amor por ela.
-Agora falta pouco para virar o ano meu amor, e mais uma vez, vou estar ao seu lado-sorri em meio as lágrimas-e eu desejo que esse ano realmente seja novo para nós, principalmente para você, então acorda logo, e vem viver esse novo ano todinho que esta prestes a surgir, ao meu lado-alisei o rosto dela-você continua tão linda, tão minha, nossos filhos estão aqui por você, eu estou aqui por você, então volta logo que a gente esta te esperando, eu te amo meu amor-beijei a testa dela e encostei nossas testas por um momento
O ano estava prestes a virar e eu não saía do lado de Kemilly, segurava sua mão entrelaçada com a minha, escorei minha cabeça na beirada da sua cama, eu já estava cansado, e logo o sono me venceria, fechei os olhos pedindo a Deus que abençoasse esse novo ano, e que fosse tudo diferente, estava tão cansado que acabei pegando no sono e nem vi quando o ano virou, só sei que estava ao lado da mulher que eu amo, segurando a sua mão, a passando toda minha positividade e amor.
*Kemilly on.
Eu não sabia aonde estava, e nem o que se passava comigo, só sei que eu ouvia as pessoas a minha volta, sentia a presença delas, mas eu não conseguia as olhar, nem falar nada, era estranha demais essa sensação. Luan é quem eu mais ouvia, ele parecia chorar todas as vezes, e quando não falava nada, eu apenas sentia seu toque, seu cheiro, e seu beijo em meu rosto. Passei por um momento muito estranho e que me encheu de medo, ouvi Cristina me dizendo coisas absurdas, e eu não podia fazer nada, comecei a me sentir sufocada, ouvia sua voz e suas risadas se afastarem, e parece que naquele momento eu iria finalmente partir, pois foi tudo se apagando, memórias e lembranças se passavam como um flash, até que tudo se escureceu de vez e eu senti que não estava mais ali.
Voltei a ouvir vozes confusas a minha volta, barulhos de aparelhos apitando, e minha cabeça só se confundia mais, dessa vez eu ouvia tudo muito vagamente, como se fosse em um sonho. Demorei ouvir a voz de Luan outra vez e sentir sua presença, ele chorava mais do que nunca, e isso me deixava sem entender nada, ouvi a voz de Maria falando comigo, e era tão surreal, que até os choros e resmungos do meu filho eu ouvia, eu queria tanto o pegar, o dar colo, sentia que o meu filho precisava de mim, mas eu nada podia fazer. Luan conversava comigo de uma forma que me assustava, como se eu estivesse ali e não estivesse ao mesmo tempo, sentia sua mão entrelaçada na minha, e eu não conseguia retribuir seu toque, seu cheiro estava tão perto de mim, seu corpo quente, e eu ainda não conseguia o ver, o responder, era muito sufocante tudo isso. Não sei ao certo o que aconteceu, que eu senti uma vontade enorme de estar ali, de estar com ele, com o nosso filho, busquei o ar em meus pulmões e demorei os encontrar, busquei sentir o toque de Luan em minhas mãos, e quando me concentrei nele, em estar com ele, finalmente consegui pegar a sua mão que estava entrelaçada na minha, e perceber que ele estava ali, fez minha mente dar um estalo, parecia estar embaralhada, mas aos poucos fui voltando a consciência, ouvia barulhos de aparelhos apitando e quando consegui abrir os olhos, estava tudo embaçado, e uma luz forte quase me cegou, fechei meus olhos novamente e respirei fundo, tentando raciocinar o que aconteceu.
Voltei a ouvir vozes confusas a minha volta, barulhos de aparelhos apitando, e minha cabeça só se confundia mais, dessa vez eu ouvia tudo muito vagamente, como se fosse em um sonho. Demorei ouvir a voz de Luan outra vez e sentir sua presença, ele chorava mais do que nunca, e isso me deixava sem entender nada, ouvi a voz de Maria falando comigo, e era tão surreal, que até os choros e resmungos do meu filho eu ouvia, eu queria tanto o pegar, o dar colo, sentia que o meu filho precisava de mim, mas eu nada podia fazer. Luan conversava comigo de uma forma que me assustava, como se eu estivesse ali e não estivesse ao mesmo tempo, sentia sua mão entrelaçada na minha, e eu não conseguia retribuir seu toque, seu cheiro estava tão perto de mim, seu corpo quente, e eu ainda não conseguia o ver, o responder, era muito sufocante tudo isso. Não sei ao certo o que aconteceu, que eu senti uma vontade enorme de estar ali, de estar com ele, com o nosso filho, busquei o ar em meus pulmões e demorei os encontrar, busquei sentir o toque de Luan em minhas mãos, e quando me concentrei nele, em estar com ele, finalmente consegui pegar a sua mão que estava entrelaçada na minha, e perceber que ele estava ali, fez minha mente dar um estalo, parecia estar embaralhada, mas aos poucos fui voltando a consciência, ouvia barulhos de aparelhos apitando e quando consegui abrir os olhos, estava tudo embaçado, e uma luz forte quase me cegou, fechei meus olhos novamente e respirei fundo, tentando raciocinar o que aconteceu.
-Mamãe-ouvi a voz de Maria-mamãe, você acordou?-a senti me cutucar animada-mamãe-senti de novo ela me cutucar e com muita dificuldade abri os meus olhos, estava tudo embaçado-a mamãe acordou-disse toda feliz me olhando
Eu ainda estava totalmente desnorteada, ouvindo Maria falar que eu acordei, tentei me mexer, mas meu corpo não me obedecia, tentei falar, mas a voz não saia, eu me sentia travada, era horrível essa sensação.
-Mamãe, ainda bem que você acordou-ela subiu em cima de mim e beijou o meu rosto-vou falar para o papai-disse toda animada descendo, e só então vi que ao meu lado estava Luan, todo torto com a cabeça e os braços em cima da cama, olhei um pouco para cima com esforço e vi alguns aparelhos ligados, só então entendi que estava em um hospital-papai, papai-vi Maria cutucar Luan-papai, acorda
-Oi-ele disse ainda escorado na cama, com uma voz de sono
-Papai, a mamãe acordou-disse toda feliz
-O que?-ele se levantou de uma vez quase caindo e me olhou estático-meu Deus, isso não é possível-começou a chorar me olhando de uma forma estranha, como se eu não fosse desse mundo-meu amor, você voltou-se aproximou de mim alisando o meu rosto e eu o olhava assustada-eu te amo-chorava me abraçando e aquilo me sufocou um pouco, ele era pesado e jogou quase todo o seu peso em cima de mim-obrigado meu Deus, obrigado, essa é mais uma prova que o Senhor sempre me escuta
-Papai, o Bento acordou-disse Maria e eu logo ouvi o chorinho do meu filho
-Eu sei-disse Luan enxugando as lágrimas e me olhando feito bobo-eu amo você-beijou o meu rosto
Vi ele virar as costas, e estava agoniada ouvindo o meu filho chorar, se eu estava em um hospital, porque o meu filho estava ali tambem? tentava virar o meu pescoço para olhar o que estava acontecendo, mas me sentia travada, dura, e doía muito se eu forçasse qualquer movimento.
-Oi mamãe-disse Luan ainda chorando, colocando o Bento em cima de mim e eu queria muito o segurar-sua mamãe voltou meu amor-senti o corpinho quente do meu filho e deixei lágrimas cair-ele tambem sentiu a sua falta-disse Luan nos olhando em meio a lágrimas
-Papai, ainda estão soltando fogos-disse Maria e Luan sorriu de canto
-Já é ano novo Marivi, e esse ano realmente começou novo-sorriu me olhando-feliz ano novo meu amor-Luan selou os meus lábios e encostou nossas testas-eu sabia que te teria de volta, para viver esse novo ano e os outros que virão, ao meu lado
Eu só me sentia mais perdida ainda, ano novo? Bento ainda chorava e eu tentava mexer os meus braços para o segurar, mas eles não me obedeciam, tentava falar alguma coisa, mas eu não conseguia, que agonia meus Deus.
-Deixa eu te fazer dormir de novo meu amor-disse Luan o pegando e eu o olhei com pesar, queria ficar com o meu filho perto de mim
-Mamãe, agora você vai poder voltar para casa?-Maria perguntou me olhando e eu apenas a olhava, sem conseguir responder
-Ainda não, mas logo ela esta de volta-disse Luan que estava por perto, fazendo Bento dormir
Ouvia Luan e Maria conversando, falando comigo, mas eu não conseguia os responder, apenas os olhava sem entender nada, e com muito esforço consegui abrir a boca.
-Lu... an...-disse me esforçando o máximo possível e saiu tão baixo, mas ele ainda ouviu
-Oi meu amor, eu estou aqui-sorriu alisando o meu rosto-você não deve estar entendendo nada, só fica quietinha agora, o Bento dormiu de novo, e agora eu estou aqui para te fazer companhia-entrelaçou suas mãos nas minhas e eu apertei a sua mão-você ainda consegue ter força nas mãos-sorriu emocionado-isso é incrível-levou minha mão até a sua boca e a beijou-tenta descansar, não precisa ter medo, eu não vou sair daqui
-Nem eu-disse Maria que apareceu do outro lado da cama-agora que a mamãe acordou, ela não precisa dormir de novo
-Claro que precisa-disse Luan rindo-não com a mesma frequência, mas ela esta cansada, deve estar confusa, então melhor deixar a mamãe descansar
-Então você cuida sozinho dela?
-Cuido sim
-Ta bom então-disse dando um beijo em meu rosto-te amo mamãe, o papai vai cuidar de você-a olhei e ela deu um sorriso me olhando
-É um anjinho essa menina-disse Luan a olhando sorrindo-e você ainda esta com essa carinha de assustada-alisou o meu rosto-o pior já passou meu amor, essa noite eu estou aqui com você, amanhã cedo os médicos vem te ver, e te explicar o que aconteceu, só quero que você se sinta protegida e amada por hoje-beijou o meu rosto-eu amo você-me olhava cheio de amor-ainda temos muita coisa para conversar, mas o que importa agora, é a sua recuperação
Luan ficou comigo o tempo todo, me dando carinho, me contando coisas como se eu estivesse ali a anos, eu não conseguia dormir, tinha medo de fechar os olhos outra vez e nunca mais voltar, e a companhia dele me fazia bem, era tão bom poder o olhar de novo, Luan parecia tão abatido, mas estava com um brilho nos olhos e sorria a todo momento, estava um pouco descuidado, cabelos brancos á vista, barba mal feita, esse não era o Luan que eu conhecia, mas com certeza era o homem que eu amava. Quando amanheceu, apareceu alguem no quarto, e Luan foi todo feliz conversar com a pessoa, eu não podia mexer o meu pescoço para ver quem era, então apenas ouvia a conversa.
-Ela acordou nessa madrugada, chama o médico dela para ver
-Nossa, isso é um milagre-ouvi a outra pessoa dizer-mas você devia ter avisado assim que ela acordou
-Era madrugada, não tinha ninguem aqui para ver ela, ainda mais pleno ano novo, então agora que já sabe, manda o médico vim ver como ela esta
Ouvi a porta se fechar, e logo senti Luan perto de mim de novo.
-Eu estou tão feliz, que não cabe em mim-me olhou sorridente-agora acho que vou ter que te deixar um pouquinho sozinha, mas assim que der, eu volto-beijou a minha testa
Não demorou para que aparecesse um monte de gente a minha volta, e eu não entendia nada do que falavam, um médico veio para cima de mim com uma luz olhando os meus olhos, meu nariz, minha garganta, outros colocavam aparelho de pressão, um aparelho em meu dedo, e eu estava me sentindo sufocada com tanta gente em cima de mim, e sem poder entender nada. Viraram o meu pescoço, e vi que Luan nem as crianças estavam ali, eu estava apenas cercada de médicos e enfermeiros, que agonia. Passei o dia todo fazendo exames, ouvindo os médicos me perguntarem milhares de coisas, gente vindo mexer todo o meu corpo, me dando água, e só um pouco mais á noite consegui voltar a falar, mas era pouca coisa.
-Doutor, o que aconteceu comigo?-perguntei com a minha voz falha e fraca, após realizar mais um monte de exames
-Agora que você voltou Kemilly, aos poucos você vai entender tudo, só não se esforce muito para falar, nem para se mexer, tudo vai voltar ao normal, em questão de semanas, agora você vai ficar em observação e é melhor descansar
-Cadê o Luan?-perguntei, pois não o via a horas
-Ele não pode te ver agora, ninguem ainda pode te visitar, você vai ficar 24 horas em observação, vamos analisar seus exames e conforme estiver os resultados, logo você vai poder receber visitas
E o tempo parecia não passar, eu não conseguia voltar a dormir, uma enfermeira estava ao meu lado para tudo que eu precisasse, e toda hora vinha algum especialista em meu quarto, médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, enfermeiros... e eu aos poucos desconfiava do que havia acontecido comigo.
*Luan on.
Saber que a Kemilly saiu do coma foi o melhor presente nesse novo ano, a família vibrou com a notícia, pena que ela precisava passar por muitos exames e procedimentos, ficar em observação, e só receberia visitas quando confirmassem que ela esta bem. Já se passaram dois dias que a Kemilly voltou, e eu sempre ia no hospital na expectativa de poder vê-la, mas ainda não era hora, e infelizmente eu teria que aguardar. Era o aniversário de minha filha Nicole, me sentia tão velho, ver a minha bebê completar 30 anos, eu a avisei que Kemy acordou do coma, mas ela tinha a vida dela, e não queria que ela se preocupasse comigo, então a incentivei a ficar no Rio de Janeiro e passar o seu aniversário por lá, claro que doeu ficar longe dela nessa data tão importante, mas eu a parabenizei por telefone, e ela me garantiu que logo voltaria para casa, quando Kemy já pudesse receber visitas.
-Dona Célia, esta tudo bem?-perguntei a minha sogra, que agora estava um pouco melhor quando soube que a Kemy saiu do coma, mas ela ainda estava com a saúde fragilizada e eu a vi ter uma leve tontura quando foi descer as escadas
-Tudo sim-assentiu se escorando em mim
-Não acha melhor ir deitar um pouco?
-Tô cansada de me mandarem ir me deitar, não sou cachorro
-Claro que não sogrinha, mas é que a senhora não anda bem esses dias, a gente só se preocupa com a sua saúde
-Eu preciso ir ver a minha filha, me desculpar com ela
-Dona Célia, a Kemy ainda não pode receber visitas, nem eu pude a ver ainda-suspirei
-Então esta bem-suspirou voltando para o seu quarto
-Se precisar de alguma coisa, é só me chamar
Minha mãe era quem mais estava me ajudando por esses dias, ficando com as crianças enquanto eu ia no hospital, e fazendo companhia a minha sogra.
-Mãe, fica de olho na dona Célia, ela não me parece nada bem-comentei com a minha mãe, que estava na sala dando a mamadeira de Bento
-Eu sei meu filho, ela ainda não superou o que viu aquele dia no hospital, mas fica tranquilo, que eu estou de olho nela
-E esse garotão gulosinho?-brinquei com as mãozinhas do meu filho que mamava todo quietinho no colo da avó
-Ele não da trabalho nenhum, só ás vezes quando faz manha e chora, que é meio difícil lidar com ele, mas a vovó já sabe direitinho cuidar dele
-Ainda bem, você sempre me ajudando Xum-beijei o rosto dela-vou lá no hospital ver se tem novidades, cuida do meu garotão, e de tudo aqui
-Pode deixar meu filho, vai tranquilo
-Ainda bem que a Bruna levou a Maria para a fazenda por esses dias, porque ela vive 24 horas por dia perguntando da mãe, quando ela volta para casa
-Ela é uma menina muito doce, apenas sente saudades da mãe, e quer vê-la bem
-Eu sei, e pena que eu não pude passar o aniversário da Nick com ela, depois de tantos anos, essa é a primeira vez que fico longe
-Você é um pai muito coruja-ela riu-mas tem que se acostumar meu filho, você mesmo passou tantos aniversários longe de mim
-Pois é, agora que é comigo, vejo que não é fácil-suspirei
-Mas pelo menos ela esta feliz, junto com o Lucas e a Alice
-Ainda bem que o Lucas cuida bem dela, e sei que ele a faz feliz
-Agora chega de papo, e vai logo para o hospital meu filho
-Vou sim Xum-beijei o rosto dela-e você se comporta com a vovó garotão-beijei a cabecinha do meu filho
Segui para o hospital, e sentia que algo bom iria acontecer, entrei com esperanças de que tivesse boas notícias, e logo encontrei o médico de Kemilly pelo corredor.
-Oi doutor, que bom que te encontrei-o cumprimentei com um aperto de mão-já tem notícias da minha mulher?
-Bom Luan, fizemos alguns exames nela agora pouco, e acho que ela já pode receber visitas
-Sério?-sorri largo
-Sim, mas tenha cuidado com o que for falar com ela, Kemilly anda respondendo bem ao processo de reabilitação, e por tudo o que verificamos, ela não apresenta nenhuma sequela
-Posso entrar então?
-Pode, mas com cuidado e cautela
-Obrigado-o agradeci e segui para o quarto de Kemilly
Meu coração batia acelerado, e o sorriso estava estampado em meu rosto, abri a porta devagar, e quando coloquei o meu rosto lá dentro, a vi sentada na cama, e ela virou o rosto para me olhar, seus olhos foram de encontro aos meus, e parecia como se fosse a primeira vez que havíamos nos encontrado, ela fazia alguns exercícios com os braços e as mãos, e sorriu ao me ver entrar.
-Com licença, não quero atrapalhar, só entrei porque o médico me deu permissão-me expliquei com a moça que ajudava Kemy nos exercícios
-Tudo bem, ela já esta acabando a seção
Fiquei apenas olhando ela terminar os exercícios, e assim que a moça terminou, conversou algo com Kemy, e logo saiu.
-Oi-a disse me sentando na cadeira ao lado de sua cama
-Oi-respondeu sorrindo de canto
-Já esta podendo falar?-perguntei com um pouco de receio e ela assentiu
-Um pouco
-Esta se sentindo bem?-busquei sua mão e entrelacei com a minha
-Ainda estou um pouco perdida, confusa, mas acho que estou bem
-Eu sei que esta sendo difícil para você, desculpa não aparecer antes, mas é que eu não pude vir, então...
-Eu sei-assentiu apertando a minha mão-o doutor me disse que eu não iria receber ninguem, mas que bom que veio
-Eu sempre estive por perto, louco para te ver-beijei a mão dela-e agora te vendo assim, sorrindo, me olhando, é a melhor coisa, senti tanta falta de ver esses lindos olhos verdes-alisei o rosto dela
-Se eu estou aqui, é porque você não desistiu de mim, obrigada
-Não tem nada que me agradecer Kemy, eu só não queria que o nosso filho crescesse sem uma mãe, e eu não queria te perder
-Eu sei-sorriu me olhando-eu de certa forma, sempre soube disso tudo
-Você ouvia o que eu te dizia?-perguntei, afinal sempre dizem que quem esta em coma ouve a gente
-Acho que sim-assentiu confusa-pois sua voz sempre esteve presente, seu toque, seu cheiro
-Isso é incrível-sorri a ouvindo dizer-então você sabe que eu não desisti de nós?-a olhei nos olhos
-E você sabe que se eu voltei, foi por não desistir tambem-me olhou sincera e eu sorri sem saber o que a dizer-eu te amo-beijou a minha mão que estava entrelaçada na sua
-Eu que amo você-me aproximei dela e beijei sua testa
-E o Bento, como o meu pequeno esta? sinto tanta saudade
-Ele tambem esta morrendo de saudade de você, esta tão lindo, esperto-sorri bobo falando do nosso pequeno e ela sorriu, deixando uma lágrima cair
-O que eu menos queria era ficar longe dele, quero sair daqui logo para cuidar do meu filho
-Ele esta bem meu amor, eu estou cuidando bem dele, por nós dois, e eu nunca deixei ele te esquecer
-Mas não é a mesma coisa-ela suspirou
-A Maria tambem sente a sua falta, ela sempre que podia vinha aqui te ver
-Eu sei, tambem ouvia ela-sorriu de canto
-Inclusive, tenho uma coisa para você-me lembrei das cartinhas que Maria fez para a mãe, e estavam todas guardadas na gaveta-acho que isso vai te fazer bem-peguei as várias cartinhas e a entreguei
-O que é isso?-Kemy olhou sem entender
-É da nossa menina, ela nunca se esquece de você, então me pediu para te entregar quando você acordasse
-De Maria Vitória, para mamãe-ela sorriu de canto vendo uma das cartinhas
-Vou fazer uma ligação, e te dar um tempinho para ler
-Ta bom-ela assentiu abrindo uma das cartinhas
Beijei sua testa e saí, ela precisava desse momento para ler o que a Maria escreveu para ela, e se sentir amada por ela, além de se arrepender por rejeitar a nossa filha, que sempre quis apenas ter uma mãe, e receber um pouco de amor e consideração.
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Olá amores, Kemy voltou do coma, e será que agora ela vai se arrepender por ter rejeitado a Maria? Cristina sumiu após tentar matar nossa menina, mas será que vai ficar escondida por muito tempo? aguenta que ainda vai vir muita coisa, comenteeem bastante, e não me abandonem, bjoos
-Papai, ainda estão soltando fogos-disse Maria e Luan sorriu de canto
-Já é ano novo Marivi, e esse ano realmente começou novo-sorriu me olhando-feliz ano novo meu amor-Luan selou os meus lábios e encostou nossas testas-eu sabia que te teria de volta, para viver esse novo ano e os outros que virão, ao meu lado
Eu só me sentia mais perdida ainda, ano novo? Bento ainda chorava e eu tentava mexer os meus braços para o segurar, mas eles não me obedeciam, tentava falar alguma coisa, mas eu não conseguia, que agonia meus Deus.
-Deixa eu te fazer dormir de novo meu amor-disse Luan o pegando e eu o olhei com pesar, queria ficar com o meu filho perto de mim
-Mamãe, agora você vai poder voltar para casa?-Maria perguntou me olhando e eu apenas a olhava, sem conseguir responder
-Ainda não, mas logo ela esta de volta-disse Luan que estava por perto, fazendo Bento dormir
Ouvia Luan e Maria conversando, falando comigo, mas eu não conseguia os responder, apenas os olhava sem entender nada, e com muito esforço consegui abrir a boca.
-Lu... an...-disse me esforçando o máximo possível e saiu tão baixo, mas ele ainda ouviu
-Oi meu amor, eu estou aqui-sorriu alisando o meu rosto-você não deve estar entendendo nada, só fica quietinha agora, o Bento dormiu de novo, e agora eu estou aqui para te fazer companhia-entrelaçou suas mãos nas minhas e eu apertei a sua mão-você ainda consegue ter força nas mãos-sorriu emocionado-isso é incrível-levou minha mão até a sua boca e a beijou-tenta descansar, não precisa ter medo, eu não vou sair daqui
-Nem eu-disse Maria que apareceu do outro lado da cama-agora que a mamãe acordou, ela não precisa dormir de novo
-Claro que precisa-disse Luan rindo-não com a mesma frequência, mas ela esta cansada, deve estar confusa, então melhor deixar a mamãe descansar
-Então você cuida sozinho dela?
-Cuido sim
-Ta bom então-disse dando um beijo em meu rosto-te amo mamãe, o papai vai cuidar de você-a olhei e ela deu um sorriso me olhando
-É um anjinho essa menina-disse Luan a olhando sorrindo-e você ainda esta com essa carinha de assustada-alisou o meu rosto-o pior já passou meu amor, essa noite eu estou aqui com você, amanhã cedo os médicos vem te ver, e te explicar o que aconteceu, só quero que você se sinta protegida e amada por hoje-beijou o meu rosto-eu amo você-me olhava cheio de amor-ainda temos muita coisa para conversar, mas o que importa agora, é a sua recuperação
Luan ficou comigo o tempo todo, me dando carinho, me contando coisas como se eu estivesse ali a anos, eu não conseguia dormir, tinha medo de fechar os olhos outra vez e nunca mais voltar, e a companhia dele me fazia bem, era tão bom poder o olhar de novo, Luan parecia tão abatido, mas estava com um brilho nos olhos e sorria a todo momento, estava um pouco descuidado, cabelos brancos á vista, barba mal feita, esse não era o Luan que eu conhecia, mas com certeza era o homem que eu amava. Quando amanheceu, apareceu alguem no quarto, e Luan foi todo feliz conversar com a pessoa, eu não podia mexer o meu pescoço para ver quem era, então apenas ouvia a conversa.
-Ela acordou nessa madrugada, chama o médico dela para ver
-Nossa, isso é um milagre-ouvi a outra pessoa dizer-mas você devia ter avisado assim que ela acordou
-Era madrugada, não tinha ninguem aqui para ver ela, ainda mais pleno ano novo, então agora que já sabe, manda o médico vim ver como ela esta
Ouvi a porta se fechar, e logo senti Luan perto de mim de novo.
-Eu estou tão feliz, que não cabe em mim-me olhou sorridente-agora acho que vou ter que te deixar um pouquinho sozinha, mas assim que der, eu volto-beijou a minha testa
Não demorou para que aparecesse um monte de gente a minha volta, e eu não entendia nada do que falavam, um médico veio para cima de mim com uma luz olhando os meus olhos, meu nariz, minha garganta, outros colocavam aparelho de pressão, um aparelho em meu dedo, e eu estava me sentindo sufocada com tanta gente em cima de mim, e sem poder entender nada. Viraram o meu pescoço, e vi que Luan nem as crianças estavam ali, eu estava apenas cercada de médicos e enfermeiros, que agonia. Passei o dia todo fazendo exames, ouvindo os médicos me perguntarem milhares de coisas, gente vindo mexer todo o meu corpo, me dando água, e só um pouco mais á noite consegui voltar a falar, mas era pouca coisa.
-Doutor, o que aconteceu comigo?-perguntei com a minha voz falha e fraca, após realizar mais um monte de exames
-Agora que você voltou Kemilly, aos poucos você vai entender tudo, só não se esforce muito para falar, nem para se mexer, tudo vai voltar ao normal, em questão de semanas, agora você vai ficar em observação e é melhor descansar
-Cadê o Luan?-perguntei, pois não o via a horas
-Ele não pode te ver agora, ninguem ainda pode te visitar, você vai ficar 24 horas em observação, vamos analisar seus exames e conforme estiver os resultados, logo você vai poder receber visitas
E o tempo parecia não passar, eu não conseguia voltar a dormir, uma enfermeira estava ao meu lado para tudo que eu precisasse, e toda hora vinha algum especialista em meu quarto, médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, enfermeiros... e eu aos poucos desconfiava do que havia acontecido comigo.
*Luan on.
Saber que a Kemilly saiu do coma foi o melhor presente nesse novo ano, a família vibrou com a notícia, pena que ela precisava passar por muitos exames e procedimentos, ficar em observação, e só receberia visitas quando confirmassem que ela esta bem. Já se passaram dois dias que a Kemilly voltou, e eu sempre ia no hospital na expectativa de poder vê-la, mas ainda não era hora, e infelizmente eu teria que aguardar. Era o aniversário de minha filha Nicole, me sentia tão velho, ver a minha bebê completar 30 anos, eu a avisei que Kemy acordou do coma, mas ela tinha a vida dela, e não queria que ela se preocupasse comigo, então a incentivei a ficar no Rio de Janeiro e passar o seu aniversário por lá, claro que doeu ficar longe dela nessa data tão importante, mas eu a parabenizei por telefone, e ela me garantiu que logo voltaria para casa, quando Kemy já pudesse receber visitas.
-Dona Célia, esta tudo bem?-perguntei a minha sogra, que agora estava um pouco melhor quando soube que a Kemy saiu do coma, mas ela ainda estava com a saúde fragilizada e eu a vi ter uma leve tontura quando foi descer as escadas
-Tudo sim-assentiu se escorando em mim
-Não acha melhor ir deitar um pouco?
-Tô cansada de me mandarem ir me deitar, não sou cachorro
-Claro que não sogrinha, mas é que a senhora não anda bem esses dias, a gente só se preocupa com a sua saúde
-Eu preciso ir ver a minha filha, me desculpar com ela
-Dona Célia, a Kemy ainda não pode receber visitas, nem eu pude a ver ainda-suspirei
-Então esta bem-suspirou voltando para o seu quarto
-Se precisar de alguma coisa, é só me chamar
Minha mãe era quem mais estava me ajudando por esses dias, ficando com as crianças enquanto eu ia no hospital, e fazendo companhia a minha sogra.
-Mãe, fica de olho na dona Célia, ela não me parece nada bem-comentei com a minha mãe, que estava na sala dando a mamadeira de Bento
-Eu sei meu filho, ela ainda não superou o que viu aquele dia no hospital, mas fica tranquilo, que eu estou de olho nela
-E esse garotão gulosinho?-brinquei com as mãozinhas do meu filho que mamava todo quietinho no colo da avó
-Ele não da trabalho nenhum, só ás vezes quando faz manha e chora, que é meio difícil lidar com ele, mas a vovó já sabe direitinho cuidar dele
-Ainda bem, você sempre me ajudando Xum-beijei o rosto dela-vou lá no hospital ver se tem novidades, cuida do meu garotão, e de tudo aqui
-Pode deixar meu filho, vai tranquilo
-Ainda bem que a Bruna levou a Maria para a fazenda por esses dias, porque ela vive 24 horas por dia perguntando da mãe, quando ela volta para casa
-Ela é uma menina muito doce, apenas sente saudades da mãe, e quer vê-la bem
-Eu sei, e pena que eu não pude passar o aniversário da Nick com ela, depois de tantos anos, essa é a primeira vez que fico longe
-Você é um pai muito coruja-ela riu-mas tem que se acostumar meu filho, você mesmo passou tantos aniversários longe de mim
-Pois é, agora que é comigo, vejo que não é fácil-suspirei
-Mas pelo menos ela esta feliz, junto com o Lucas e a Alice
-Ainda bem que o Lucas cuida bem dela, e sei que ele a faz feliz
-Agora chega de papo, e vai logo para o hospital meu filho
-Vou sim Xum-beijei o rosto dela-e você se comporta com a vovó garotão-beijei a cabecinha do meu filho
Segui para o hospital, e sentia que algo bom iria acontecer, entrei com esperanças de que tivesse boas notícias, e logo encontrei o médico de Kemilly pelo corredor.
-Oi doutor, que bom que te encontrei-o cumprimentei com um aperto de mão-já tem notícias da minha mulher?
-Bom Luan, fizemos alguns exames nela agora pouco, e acho que ela já pode receber visitas
-Sério?-sorri largo
-Sim, mas tenha cuidado com o que for falar com ela, Kemilly anda respondendo bem ao processo de reabilitação, e por tudo o que verificamos, ela não apresenta nenhuma sequela
-Posso entrar então?
-Pode, mas com cuidado e cautela
-Obrigado-o agradeci e segui para o quarto de Kemilly
Meu coração batia acelerado, e o sorriso estava estampado em meu rosto, abri a porta devagar, e quando coloquei o meu rosto lá dentro, a vi sentada na cama, e ela virou o rosto para me olhar, seus olhos foram de encontro aos meus, e parecia como se fosse a primeira vez que havíamos nos encontrado, ela fazia alguns exercícios com os braços e as mãos, e sorriu ao me ver entrar.
-Com licença, não quero atrapalhar, só entrei porque o médico me deu permissão-me expliquei com a moça que ajudava Kemy nos exercícios
-Tudo bem, ela já esta acabando a seção
Fiquei apenas olhando ela terminar os exercícios, e assim que a moça terminou, conversou algo com Kemy, e logo saiu.
-Oi-a disse me sentando na cadeira ao lado de sua cama
-Oi-respondeu sorrindo de canto
-Já esta podendo falar?-perguntei com um pouco de receio e ela assentiu
-Um pouco
-Esta se sentindo bem?-busquei sua mão e entrelacei com a minha
-Ainda estou um pouco perdida, confusa, mas acho que estou bem
-Eu sei que esta sendo difícil para você, desculpa não aparecer antes, mas é que eu não pude vir, então...
-Eu sei-assentiu apertando a minha mão-o doutor me disse que eu não iria receber ninguem, mas que bom que veio
-Eu sempre estive por perto, louco para te ver-beijei a mão dela-e agora te vendo assim, sorrindo, me olhando, é a melhor coisa, senti tanta falta de ver esses lindos olhos verdes-alisei o rosto dela
-Se eu estou aqui, é porque você não desistiu de mim, obrigada
-Não tem nada que me agradecer Kemy, eu só não queria que o nosso filho crescesse sem uma mãe, e eu não queria te perder
-Eu sei-sorriu me olhando-eu de certa forma, sempre soube disso tudo
-Você ouvia o que eu te dizia?-perguntei, afinal sempre dizem que quem esta em coma ouve a gente
-Acho que sim-assentiu confusa-pois sua voz sempre esteve presente, seu toque, seu cheiro
-Isso é incrível-sorri a ouvindo dizer-então você sabe que eu não desisti de nós?-a olhei nos olhos
-E você sabe que se eu voltei, foi por não desistir tambem-me olhou sincera e eu sorri sem saber o que a dizer-eu te amo-beijou a minha mão que estava entrelaçada na sua
-Eu que amo você-me aproximei dela e beijei sua testa
-E o Bento, como o meu pequeno esta? sinto tanta saudade
-Ele tambem esta morrendo de saudade de você, esta tão lindo, esperto-sorri bobo falando do nosso pequeno e ela sorriu, deixando uma lágrima cair
-O que eu menos queria era ficar longe dele, quero sair daqui logo para cuidar do meu filho
-Ele esta bem meu amor, eu estou cuidando bem dele, por nós dois, e eu nunca deixei ele te esquecer
-Mas não é a mesma coisa-ela suspirou
-A Maria tambem sente a sua falta, ela sempre que podia vinha aqui te ver
-Eu sei, tambem ouvia ela-sorriu de canto
-Inclusive, tenho uma coisa para você-me lembrei das cartinhas que Maria fez para a mãe, e estavam todas guardadas na gaveta-acho que isso vai te fazer bem-peguei as várias cartinhas e a entreguei
-O que é isso?-Kemy olhou sem entender
-É da nossa menina, ela nunca se esquece de você, então me pediu para te entregar quando você acordasse
-De Maria Vitória, para mamãe-ela sorriu de canto vendo uma das cartinhas
-Vou fazer uma ligação, e te dar um tempinho para ler
-Ta bom-ela assentiu abrindo uma das cartinhas
Beijei sua testa e saí, ela precisava desse momento para ler o que a Maria escreveu para ela, e se sentir amada por ela, além de se arrepender por rejeitar a nossa filha, que sempre quis apenas ter uma mãe, e receber um pouco de amor e consideração.
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Olá amores, Kemy voltou do coma, e será que agora ela vai se arrepender por ter rejeitado a Maria? Cristina sumiu após tentar matar nossa menina, mas será que vai ficar escondida por muito tempo? aguenta que ainda vai vir muita coisa, comenteeem bastante, e não me abandonem, bjoos
Posta logo outro por favor!
ResponderExcluiraaaaaa já sinto que vou chorar no próximo capítulo de tão bonito que será!!! era isso que queríamos o/ obrigada!!! Posta logo!!
ResponderExcluirSábia que a bruxa ia fugir!! tomara que ela sofra aonde ele tá porque conserteza ele levou dinheiro e uma hora esse dinheiro vai acabar e ela para casa não pode volta tomara que vire mendinga para aprender. Que bom Kemy acordou e a primeira pessoa que ela viu foi Maria, agora Deus quera que ela se emocione com as cartas que ele vai ler e veja o quanto a filha a ama e mude o modo de tratar a coitadinha que sofreu também junto com o Luan perguntando todo os dias quando a mamãe dela ia acordar... 🙏🙏🙏 continua logo estou muito ansiosa para o próximo capítulo ❤
ResponderExcluirQue bom que ela acordou ❤️ Tomara q o amor q ela sentia por Maria volte duas vezes maior, pois esse anjinho merece!
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