Kemy estava muito mal devido o estado do pai, imagino como ela se sente indefesa, de mãos atadas, e se culpando por isso, ela só sabia chorar, e eu a abracei a dando forças, com certeza minha melhor decisão foi ter vindo aqui ficar com ela.
-Meu amor, chega de chorar-fiz carinho no rosto dela-quer comer alguma coisa?
-Não-negou enxugando as próprias lágrimas-preciso voltar para o quarto e ficar com o meu pai, tinha vindo até aqui para ligar no hotel onde minha mãe e meus irmãos estão hospedados, ai te vi ali na recepção
-Que hotel eles estão, quer que eu vá até lá ver eles?
-Faria isso por mim?
-Claro amor, o que eu não faço por você-sorri para ela-mas e você, comeu algo?
-Ainda não, tô sem fome desde ontem
-Kemy, você precisa se alimentar, acho que vi uma lanchonete aqui perto, vamos lá comer rapidinho, eu tambem não comi nada antes de vir
-Mas eu não posso deixar meu pai sozinho
-Ele não vai ficar sozinho, esse hospital é cheio de médicos, enfermeiros, fica tranquila, é ali do lado, vamos comer e voltar rapidinho
-Eu não tô com fome
-Mas precisa comer, minha coisinha-alisei o rosto dela, ela estava tão triste e abatida-vamos lá sim-beijei a testa dela, enquanto ela suspirava
Entrelacei nossas mãos, e praticamente a arrastei até a lanchonete que vi ali em frente, como era cedo, ainda tinha nenhum movimento, pedi pão de queijo e cappuccino pra gente, e ela só comeu porque insisti e disse que não deixaria ela voltar para o hospital se não comesse.
-Agora já comi, preciso ir ficar com o meu pai-disse toda preocupada, quando voltamos para o hospital
-Ta bom-sorri vendo o amor e a preocupação que ela tinha com ele-seu pai é um homem de muita sorte, em ter uma filha como você, acho que se fosse comigo, a Nicole iria estar nem ai
-Não fala besteira Luan, é claro que ela iria se preocupar, que filho não se preocupa com o próprio pai, em uma situação dessas? só se for muito coração duro
-Pois é, os filhos tem que valorizar os pais mesmo, só quem é pai sabe como é complicado criar um filho-disse sincero, pensando em mim mesmo
-Meu bem, vou lá, qualquer coisa me liga
-Ta bom, e vou lá no hotel que sua mãe e seus irmãos estão, fica com Deus-a abracei
-Vai com Ele tambem-sorriu pra mim
-Te amo-beijei a testa dela
-Te amo muito mais, obrigada por tudo
Fiquei a olhando entrar por outro corredor enorme, e então segui até a parte de fora do hospital para pegar um táxi e ir até o hotel que ela me passou o endereço, não parecia ser tão longe dali, mas como não conheço nada, o melhor é ir de táxi. Cheguei no hotel, e como eu tinha a chave, que Kemy me deu, segui direto para o elevador, mesmo com as pessoas da recepção me olhando. Destranquei a porta do quarto indicado, e logo vi os irmãos de Kemy deitados na cama vendo TV, mais que depressa correram até mim, vindo me abraçar.
-Tio Luan, que bom que veio ver a gente-disse Kauã
-Eu vim sim rapaizinho-o abracei
-Você ta mais grandão-disse Kamilly, grudando em minha camisa pra mim pega-la no colo
-Cê acha?-ri a olhando enquanto a pegava no colo-grandes estão vocês, olha como estão lindos e espertos
-Eu tô ficando homenzinho já-disse Kauã se gabando
-Com certeza-ri dele-cadê a mãe de vocês?-perguntei não a vendo no quarto
-A mamãe ta ali fora-apontou Kamilly para a sacada
-Vou lá falar com ela-beijei o rosto dela e a coloquei no chão, já estava bem pesada para ficar no colo
-Cadê a Kemy?-perguntou, antes que eu fosse até a sacada
-Ficou com o pai de vocês, eles estão bem-disse sorrindo para disfarçar e os pequenos assentiram voltando para a cama, para assistir desenho animado
Segui até a sacada, e ali havia uma cadeira, onde a mãe de Kemy estava sentada olhando para o nada, parecia bem triste, então me aproximei e toquei o ombro dela.
-Oi-disse a fazendo me olhar, e ela enxugou algumas lágrimas com um lencinho que segurava nas mãos, junto de um terço
-Oi-sorriu sem animo-o que faz aqui rapaz?
-Vim ver como a senhora e as crianças estão, tudo bem?
-Indo-deu um longo suspiro-foi minha filha que mandou você vir?
-Não dona Célia, ela disse que queria saber como vocês estavam, então me ofereci em vir ficar com vocês
-Você é um bom rapaz-sorriu pra mim-minha filha teve sorte em encontrar você
-Eu quem tive sorte de encontra-la-disse sorrindo-Kemilly é a mulher mais maravilhosa do mundo, a senhora deve se orgulhar muito dela
-Sim-sorriu suspirando-mas ela bateu asas, e cada vez está voando mais alto-olhou para o céu-fico feliz e me alegro vendo que ela foi a luta pelos sonhos que ela carregava, meu coração de mãe fica apertado não a tendo por perto, mas aqui dentro sempre tenho a certeza que ela vai voltar-sorriu colocando as duas mãos no rumo do coração
-Vai sim-me agachei segurando as mãos dela-a senhora não faz ideia do quanto ela ama vocês, e nunca os esquece, por isso sempre que dá certo, ela esta aqui, e mesmo de longe ela faz de tudo para cuidar de vocês e os deixar da melhor forma possível
-Mamãe, posso ligar pedindo lanche? eu tô com fome-disse Kauã aparecendo ali
-Não fica abusando filho, sua irmã quem está pagando tudo-disse ela o olhando
-Mas ontem a senhora não deixou a gente pegar nem sobremesa-ele reclamou
-Deixa eles comerem o que quiserem-a olhei e ela suspirou-pode ligar Kauã, pede o que quiser-o avisei e ele ainda olhava para a mãe, esperando a resposta dela
-Tudo bem filho-disse assentindo e ele saiu todo alegre, com certeza já correu para pegar o telefone do hotel e ligar pedindo o que quisesse
-A senhora não precisa ser tão rígida com eles, pois são crianças, eles querem comer toda hora, e a Kemilly deixou vocês aqui, exatamente para terem todo o conforto possível, enquanto ela fica com o seu marido no hospital, ela quer ter certeza que todos estão bem cuidados
-Eu me contento com pouco rapaz, acho besteira ter que ficar presa aqui nesse lugar, queria mesmo era estar com o meu marido em casa, meus filhos, essa é minha vida, não gosto de luxo
-Não é luxo, é conforto, bem estar
-Mas não gosto dessas coisas rapaz-suspirou-e como está o meu marido? você o viu?-perguntou
-Eu não o vi, mas parece que está estável
-Queria ficar com ele no hospital, mas a Kemilly não deixou, só eu sei cuidar do meu marido, ele deve estar estranhando ficar com ela
-A senhora tem que confiar mais na Kemilly e naquilo que ela faz por vocês, pode ter certeza que ele está bem com ela sim, ela é filha de vocês, que pai não estaria bem ao lado da filha? então fica tranquila-segurei nas mãos dela, a passando firmeza
-Só queria ver meu marido-suspirou
-Logo a senhora vai vê-lo, espera ele ficar melhor, ser liberado para ir para a casa, e lá a senhora vai cuidar dele, como sempre cuidou
Ouvimos batidas na porta, e eu logo apareci para abrir, pois não deixaria as crianças abrir a porta sem saber quem poderia ser, era o café da manhã, e tinha bastante coisa, a funcionária do hotel arrumou tudo em uma mesa, e saiu logo em seguida nos desejando um bom dia.
-Quanta coisa-disse Kauã olhando a mesa
-Oba, tem bolo-disse Kamilly já pegando dois pedaços
-Bora comer crianças, vou chamar a mãe de vocês para comer tambem
-A mamãe não gosta muito-disse Kamilly e mesmo assim voltei até a sacada para a chamar
-Dona Célia, vem comer um pouco, tomar café
-Estou sem fome rapaz
-Mas você precisa comer, precisa ficar forte, para cuidar dos seus filhos, e do seu marido
A olhei insistente e ela respirou fundo, se levantando, apoiando na cadeira, e vindo com seus passos lentos até a mesa e se sentando perto das crianças, me sentei com eles, e como havia comido a pouco tempo, só os observava comer, e aproveitei para mandar mensagem para Kemy e avisar que estava tudo bem com eles.
-Até que é gostoso o cafézinho daqui-disse dona Célia, tomando mais uma xícara de café
-Ta vendo só-sorri para ela-a senhora precisa experimentar coisas novas sogrinha, para descobrir que tambem são boas
-É, mas isso ainda não é totalmente da minha vontade, não queria ter vindo ficar aqui
-A senhora só reclama-disse Kauã e ela o encarou-desculpa-disse engolindo um pedaço de pão e eu comecei a rir da situação
-Respeita sua mãe rapaiz, deixa para falar isso quando ela não estiver por perto-o olhei cúmplice e ele riu
-Não precisa cochichar com ele, achando que sou uma velha surda-disse a mãe dele nos encarando
-Foi mal sogrinha, é que ás vezes escapa-sorri para ela
-Tio Luan e a Nicole?-disse Kamilly, perguntando do nada sobre a minha filha
-Cê lembra da Nicole?-a olhei
-Sim, ela é linda-elogiou minha filha-ela é muito legal, porque ela não veio tambem?
-Ela ta com a nossa família, passando o natal em Londrina, aliás, feliz natal para vocês-me levantei indo os abraçar um por um
-Hoje nem parece natal, ta tão chato-disse Kamilly
-Mas é natal-ri a olhando
-Faltou a Tata e o papai aqui-disse fazendo bico tristinha
-Princesa, olha aqui para o tio-a coloquei em meu colo-eles não puderam estar aqui hoje, mas no próximo natal, tenho certeza que vocês vão passar juntinhos
-Você e a Nicole tambem vão estar?-perguntou Kauã entrando no assunto
-Quem sabe-sorri de canto, e no fundo torcendo para que um milagre aconteça e estejamos sim
-Quem é essa Nicole que tanto falam?-perguntou minha sogra
-É minha filha-disse sorrindo
-É mesmo, me lembro que já disse que tinha uma filha
-Tenho uma só, e pretendo ter mais, logo a senhora vai ser avó
-A Kemilly não me disse nada sobre querer ter filhos
-É que ela quer terminar os estudos primeiro, e eu quero que a gente se case primeiro, para depois termos os nossos filhos
-Está certo-concordou-só quero estar viva para conhecer os meus netos
-Vai estar sim sogrinha, eles ainda vão correr muito pela casa da senhora-sorri imaginando
-A Kemilly vai ter bebê?-perguntou Kamilly, que estava em meu colo não entendendo o assunto
-Vai um dia, mas não agora princesa
-Porque não? eu gostaria de ter um bebê, são tão fofinhos-disse toda meiga
-Mas bebê da trabalho para cuidar viu, não é fácil não-suspirei me lembrando de Nicole grávida, com esse assunto de bebês-mas cê sabia que a Nick vai ter bebê?-a olhei
-Sério?-disse toda feliz-eu quero ver ele
-Na verdade é ela-sorri pensando na Alice-é menina, vai chamar Alice
-Que nome lindo, de princesa
-Espera, você vai ser avô?-perguntou minha sogra
-Vou-sorri sem graça
-Sua filha tem que idade, para estar grávida?
-Ela tem 19, faz 20 mês que vem, e no fim do mês nasce minha neta
-Meu Deus, como esse mundo ta perdido-respirou fundo, olhando para o alto e negando
-A senhora sabe que eu sou mais velho que a Kemy né?-a olhei e ela assentiu-eu tambem não esperava por isso, mas como iria impedir a minha filha de ir lá e fazer? aconteceu, e tô feliz pela minha neta que vai nascer
-Você vai ter neta?-disse Kamilly me olhando-mas você não é velho para ser vovô
-Sou lindo e novo para isso né-a olhei e ela assentiu-mas acontece que a Nick vai ter bebê, então eu vou ser vovô
-Que legal-sorriu-você agora vai ser o vovô Luan-me olhou rindo sapeca
-Vou sim princesa-ri tambem
-Mas e a Kemy? ela vai ser vovó então?-disse Kauã, que apenas observava o assunto
-Não-comecei a rir-se você falar isso, a sua irmã te mata, só eu vou ser avô, mas eu bem que falo para a sua irmã que ela vai ser vovó tambem, e ela fica brava
-Mãe, quando a Kemy tiver bebê, eu vou ser o que do bebê?-perguntou Kamilly, olhando para a minha sogra
-Titia, mas chega desse assunto Kamilly, porque sua irmã não vai ter bebê ainda-disse a olhando brava
-Vai sim, até a Nicole vai ter-disse inocente
-Mas não agora Mily, é preciso ser decidido, pensado, e estar muito bem preparado antes de ter um bebê-a olhei, tentando a explicar
-Eu vou pedir para ela ter agora, quero ser titia-me olhou sorrindo animada
-Melhor parar com esse assunto-respirei fundo vendo que minha sogra não estava gostando do rumo da conversa-termina de comer, que preciso fazer uma ligação
A coloquei sentada na cadeira e fui até a sacada, precisava ligar para alguem lá na chacra e avisar onde eu estava, liguei para a minha mãe, e a expliquei o que aconteceu, sabia que ela era a unica que iria me entender, não encheria o meu saco reclamando, e avisaria a quem perguntasse de mim. Ainda fiquei pensando na conversa que tivemos á mesa, como os irmãos de Kemy eram ingênuos, achavam que era fácil ter um bebê, que bastava apenas querer, sorri os olhando ao longe, conversarem animados com a mãe que parecia não ter muita paciência. Eles tinham muitas curiosidades, eram muito espertos, pena que viviam presos naquela pequena cidadezinha, e os pais são muito antigos e sistemáticos, parece não ter dialogo com eles, os explicar nada da vida, por falta de conhecimento mesmo, principalmente a mãe deles, que só pensa em cuidar do marido, e já é bem de idade para cuidar de duas crianças, pois é preciso paciência e muita disposição, agora entendo tudo o que Kemy já passou, por ser inocente demais, e me dói só de lembrar do que ela me contou, sobre o abuso que sofreu na infância. Tambem fiquei com o pensamento em ser pai outra vez, e em como as crianças ficaram felizes com a possibilidade da irmã ter um bebê, essa gravidez seria muito bem aceita por eles, pois são puros, não tem maus pensamentos, mas ao ver como a mãe deles age, fiquei com medo de ficar muito velho para ter filhos, e depois não ter mais paciência, nem disposição para cuidar de criança, por isso insisto tanto em ter filhos logo com a Kemy, mas tenho que ver o lado dela, pois ela é nova e não quer tão cedo, isso ainda precisa ser um assunto bem discutido entre nós dois.
-Dona Célia, podemos conversar?-a chamei, quando vi ela voltar para a sacada, se sentando na cadeira que estava antes
-Sim-sorriu pra mim
-Só um minuto
Fui dentro do quarto pegar uma cadeira, para me sentar com ela e conversar, precisava a dizer minha real intenção em ter vindo até aqui.
-Agora sim-sorri colocando a cadeira de frente com ela e me sentando-a senhora se importa se eu fazer algumas perguntas?
-Não rapaz, fique á vontade
-Bom, então a senhora poderia me explicar um pouco melhor sobre a doença do seu marido? quando começou? o que ele fazia antes disso acontecer? porque eu preciso entender, já que pelo o que a Kemilly diz, ela sempre o viu doente desde pequena
-É complicado-disse com os olhos marejando-tem coisas que eu e ele passamos que ele acabou sendo o mais fraco, e se entregou a bebida, aos jogos, e foi isso que acabou com ele-enxugou os olhos com um lencinho
-Então ele bebia muito e jogava?
-Sim, mas ele era um bom marido, ele nunca foi de agredir, apenas bebia, e ficava atrás de jogos para conseguir algum dinheiro, mas o que mais fazia era dividas-deixou algumas lágrimas cair-prefiro não tocar nesse assunto, pois só trouxe desgraça
-Acho que entendo o porque-suspirei me lembrando da história de Kemy-foi pelo o que aconteceu com a Kemy quando era pequena, não é?-a olhei e ela chorava
-Nunca imaginei que ela sofreria aquilo, na época eu engravidei das crianças, não aguentava trabalhar, e o meu marido muito menos, já que ninguem iria dar emprego a um homem que só gastava com bebida, ela me ajudava a vender os doces que eu fazia, e...-começou a chorar
-Não precisa continuar-disse me segurando para não chorar, pois isso tambem doía em mim-mas isso tornou a Kemy a mulher forte e determinada que ela é hoje, e isso não é mais lembrado por ela, eu não a deixo lembrar
-Sempre tive muito medo de como ela seria quando crescesse, poderia ser uma menina revoltada, poderia nos abandonar, mas graças a Deus, ela só pensou em estudar, e dona Sônia sempre a ajudou e orientou em tudo, por isso devo boa parte da educação de Kemilly a ela, por isso minha filha chegou aonde está hoje-suspirou enxugando as lágrimas com o lenço
-Ela tem a alma pura, boa, por isso ela conquistou tanta coisa-sorri para ela-sua filha é a menina mais preciosa que eu já conheci, eu a amo, ela é a minha vida, só descobri a razão da minha vida, quando a conheci
-Que bom que você ama a minha filha de verdade, vejo em seus olhos esse amor-tocou em meu rosto com suas mãos enrugadas, e coloquei minha mão sobre as dela
-Amo muito, e porque eu a amo, que eu quero ver a senhora bem, seu marido bem, e seus filhos bem, pois vocês são a família dela, então dona Célia, eu queria proporcionar algo melhor a vocês, sei que seu marido está doente a anos, e essa doença dele que ninguem descobre o que é, precisa ser tratada com especialistas, então...
-Olha rapaz, eu sei que você ama a minha filha, mas do meu marido eu cuido, acho bobeira ficar trazendo ele para o hospital, pois ninguem sabe o que se passa com ele, só eu sei
-Se a senhora sabe, o que é então?
-Não posso dizer rapaz-suspirou soltando as mãos do meu rosto
-Porque não? eu estou aqui para ajudar
-Nisso ninguem nunca pode ajudar-voltou a chorar-é algo que acabou totalmente com nossas vidas, eu ainda fui mais forte depois que tive a Kemilly, mas ele nunca superou, e por isso não quis mais viver
-É grave assim?-a olhei não entendendo nada, mas ficando com medo dessa história
-Prefiro não falar, por favor, nunca mais toque nesse assunto, é a minha pior dor-chorava de dar dó
-Pior do que o abuso que aconteceu com a Kemy?
-Rapaz, pare, por favor, não fique tentando arrancar de mim minhas dores, porque isso vai morrer comigo
-Eu só quero entender dona Célia, ajudar...
-Vai ajudar ficando calado e não se intrometendo-disse se levantando cabisbaixa e seguindo para o banheiro
Fiquei espantado com tudo isso, e tinha alguma história escondida, que nem Kemilly sabia, pelo o que dona Célia falou, foi algo antes da minha namorada nascer, e agora eu precisava descobrir o que era, pois eu sentia que isso era algo ligado a mais pessoas, e eu nem fazia ideia quais eram. Passei boa parte do dia com eles no hotel, fiquei mais com as crianças, vendo desenho, deixando elas jogar com meu celular, até dei uma volta com eles pelo hotel, que estava vazio devido ser natal e não ter quase ninguem hospedado, enquanto dona Célia permaneceu sentada naquele cantinho da sacada com seu terço em mãos e hora ou outra enxugando as lágrimas que caiam com o lencinho, me dava pena a ver assim, mas no fundo, eu sentia que ela era assim por não colocar para fora aquilo que sente, aquilo que sabe.
-Dona Célia-toquei o ombro dela-a senhora quer ir no hospital ficar com o seu marido? vou buscar a Kemy, ela precisa descansar um pouco-a chamei e ela me olhou abrindo um sorriso
-Mas é claro, só agora que entendeu que era isso que eu queria
Como eu não podia deixar as crianças sozinhas no hotel, decidi leva-las com a gente, além de que eles queriam sair dali logo, já que criança odeia ficar presa muito tempo. Seguimos de táxi até o hospital, e dona Célia já correu na recepção para perguntar do marido, onde ele estava e tudo mais, eu quis a controlar, e conversei com a atendente para que eu pudesse entrar e chamar Kemy, depois dona Célia entrava e ficava com ele direto.
-Sogrinha, fica aqui com as crianças, que eu vou lá dentro chamar a Kemy, e depois a senhora entra, tudo bem?
-Esperei até agora para vir aqui, o que custa esperar mais um pouco-disse suspirando
Me perdi um pouco em meio a tantos corredores, mas consegui ajuda de uma enfermeira, que me levou até o quarto que me disseram que o pai de Kemy estava internado, a agradeci, e fui entrando devagar, a vi deitada toda torta na poltrona, parecia bem cansada, olhei para o pai dela cheio de aparelhos e tubos, e fiquei triste o vendo naquela situação, um homem que tinha tudo para ver os filhos crescer, ver a filha maravilhosa que tem conquistando várias coisas, apenas respira. Me aproximei dele deitado naquela cama, e realmente senti muita pena, olhei bem para o rosto dele, e parecia um semblante triste, cansado, toquei a mão dele, toda enrugada, e levei um susto quando ele abriu os olhos me olhando, aqueles olhos verdes, iguais o da minha namorada, só me fez sentir mais pena dele.
-Ta tudo bem-sussurrei para ele, que mantinha os olhos arregalados, fixados em mim-o senhor vai sair dessa-segurei firme a mão dele
Voltei a olhar para a minha namorada, pois não gostava de ficar vendo gente em leito de hospital, é muito sofrimento, ainda mais quando é alguem que eu tenho algum sentimento e consideração.
-Oi amor-mexi nos cabelos dela-se ajeita-tentei a ajeitar na poltrona e ela começou a acordar
-Oi-me olhou sonolenta
-Oi-sorri para ela-vem cá-a puxei para um abraço, a fazendo se levantar, e ela se agarrou em mim me abraçando forte-como você está?
-Bem-disse suspirando
-Tava toda torta, precisa descansar, dormir melhor-acariciei o rosto dela
-Eu não devia ter dormido, precisava ter ficado cuidando dele-disse indo para perto do pai, que a olhou-oi pai, que bom que acordou-segurou a mão dele
-Ele acordou assim que entrei-a abracei pela cintura, beijando o rosto dela-parece estar bem
-Na verdade, nem sei quando ele está bem ou mal-olhava para o pai tristinha
-Mas ele deve estar bem feliz, tendo você aqui
-Tomara-sorriu de canto-e como você entrou aqui amor? já é horário de visitas?
-Não sei, eu conversei na recepção e me deixaram entrar, sua mãe ta lá fora doida para ficar com ele, mas eu pedi para entrar antes, porque vai que ele estava mal ou algo assim
-Minha mãe já é acostumada em ver ele assim-suspirou olhando para ele-acho que logo ele recebe alta, já que o estado dele nunca muda
-Mas porque o trouxe para o hospital?
-É que eu cheguei em casa, e parecia tudo normal, mas á noite ele começou ter alguma dor no peito, ficar paralisado, e então quis o trazer para o hospital, jamais me perdoaria se algo acontecesse com ele, bem no dia que voltei para casa-segurava a mão dele-por favor, nunca mais me assuste assim pai-o olhava-mas preferi que ficássemos aqui, porque ele é bem cuidado
-Pela sua mãe, ele estaria em casa, com ela cuidando dele-a olhei e ela assentiu
-Sempre foi assim, mas vou ver quando ele vai ter alta
-Acho melhor deixar ele mais uma noite aqui no hospital, e conversar amanhã cedo para ver se está tudo bem, e se já vão libera-lo
-Sim, mas então vou ficar com ele aqui de novo
-Sua mãe ta lá fora, e quer ficar com ele-a avisei e ela suspirou-você sabe que ela é doida por ele, e não vai deixar você continuar aqui
-Não mesmo-respirou fundo-vou ali no banheiro, e depois pegar minhas coisas que trouxe, pelo menos fiz a minha parte-levou a mão dele até a boca e beijou-sei que o senhor quer a mamãe aqui, ela sabe melhor do que eu, como cuidar de você
Kemy foi até o banheiro do quarto, e para ir adiantando as coisas, peguei a bolsa dela que estava em cima de uma mesa, e fui guardando as coisas que sabia que era dela, tinha uma blusa de frio de Kemy pendurada perto do pé da cama, onde o pai dela estava, então fui pegar a blusa para guardar, e acabei observando o pé do meu sogro, que tinha uma pinta bem na planta do pé, e aquilo me chamou a atenção, pois era exatamente igual a uma pinta que minha filha Nicole tambem tinha, o que era totalmente estranho, e coincidência.
-Amor, não precisava pegar minhas coisas-disse Kemy saindo do banheiro e vendo que eu segurava a bolsa dela e guardava as coisas ali dentro
-Precisava sim, sei que está cansada meu amor, só quis ajudar
-Você me ajuda tanto, que nem sei como retribuir-sorriu beijando meu rosto
-Amor, e essa pinta no pé do seu pai?-perguntei, ainda olhando fixamente para a pinta
-O que tem?
-Você ou algum dos seus irmãos tem igual?
-Não sei-ela riu-mas porque ta perguntando isso Luan?
-Sei lá
-Nunca reparei que meu pai tinha uma pinta ai, bem observador você-riu me olhando-agora vou me despedir dele, se quiser, pode chamar a minha mãe para entrar
-Ta-assenti
Saí do quarto ainda intrigado e fui chamar a minha sogra, que já esperava ansiosa para poder entrar, ela me abraçou e me agradeceu antes de seguir para o quarto, e então eu fiquei com as crianças, sentado no corredor do hospital. Não demorou para Kemy aparecer, e os irmãos dela a abraçaram, eles a amam muito, e já alegavam estar com saudade da irmã.
-Agora vamos sair desse hospital, porque sua irmã precisa descansar-disse para as crianças, que ainda abraçavam Kemy
-Tata, você vai me dar um sobrinho-disse Kamilly a olhando e Kemy a olhou espantada
-O que? de onde tirou isso Mily?
-O tio Luan disse que a Nicole vai ter bebê, então você tambem podia ter um-explicou para Kemy, que me olhou
-O que você disse a eles Luan?
-Eu só falei da Nicole amor, nem citei você
-Ele disse que você vai ser vovó-disse Kauã rindo sapeca e Kemy me encarou
-Bom saber, o que meu namorado fica falando de mim pelas costas, além de colocar minhoca na cabeça de vocês
-Vocês dois só me ferram-olhei para os pequenos que riam-agora vamos voltar logo para o hotel, e encerrar esse assunto
-Melhor encerrar mesmo, porque não sei o que o louco do Luan falou para vocês, só saibam que não vou ter bebê nenhum
Voltamos para o hotel, e Kemy estava bem cansada, tomou um banho, colocou uma camisola fresca e se deitou em uma das camas do quarto, me deitei com ela a abraçando para a dar carinho, e logo os irmãos dela pularam em cima de nós, esses dois são fogo.
-Deixem a irmã de vocês dormir um pouco-pedi os olhando
-A gente estava com saudade-disse Kamilly fazendo a irmã a abraçar
-Eu tambem senti saudade de vocês, meus amores-Kemy os abraçou-mas fiquem quietinhos, porque tô cansada
-Tata, feliz natal-disse Kauã
-Feliz natal-o respondeu
-Feliz natal, Tata-disse Kamilly
-Feliz natal-tambem a respondeu
-É mesmo amor, feliz natal-beijei o rosto dela-sei que não foi o mais feliz para você, mas desejo que no ano que vem, você tenha um natal melhor e mais feliz
-Feliz natal meu bem-me olhou-desculpa estragar seu momento com a sua família, sei que eles devem estar me odiando, por você mais uma vez ter passado o natal comigo e não com eles
-Eu mal os vejo mesmo-dei de ombros-e pra mim não teria felicidade nenhuma, se eu não estivesse com você
-Hoje ainda é natal, então podíamos sair para comemorar-disse Kemy me olhando
-Não quer descansar amor?
-Depois eu descanso, quero ao menos que você comemore amor, não quero que passe em branco para você por minha causa, na praça da cidade tem decoração, e alguns lugares abrem para as famílias irem jantar, se quiser sair, eu aceito
-Então ta bom-sorri concordando-bora se arrumar para o natal
As crianças tambem se animaram, e Kemy os ajudou a colocar uma roupa melhor, que haviam trazido na mala, ela tambem se arrumou, e eu tomei um banho rápido e troquei de roupa, não estávamos tão chiques como de costume, mas estávamos dispostos a aproveitar o resto do dia de natal. Pegamos um táxi e por indicação do próprio taxista, ele nos levou em um dos melhores restaurantes da cidade, segundo ele, e ali passamos a noite, depois fomos caminhando até a praça que não era longe e ficamos vendo a decoração de natal, algumas famílias andando por ali, tirando fotos, e tinha até um papai noel distribuindo balas, claro que aproveitamos muito e nos divertimos. Voltamos bem tarde para o hotel, dormindo os quatro na mesma cama, já que os pequenos queriam ficar perto da irmã a todo momento, no meio da noite acordei e fiquei os observando, ela seria uma ótima mãe, cuida tão bem dos irmãos, no pouco tempo que os vê e passa com eles, e até imagino quando tivermos nossos filhos e passarmos por essa situação, deles dormirem na nossa cama. Mesmo estando longe daqueles que são os meus familiares de sangue, eu estava com aqueles que amo de coração, com a mulher que eu amo, que escolhi para a minha vida e os irmãos dela, que tambem aprendi a amar, pois eles me cativaram muito e sempre tiveram um carinho enorme por mim, a lição que tirei disso, é que, o que torna o momento feliz, não é o dia ser comemorativo ou não, mas sim as pessoas com quem estamos, isso com certeza faz qualquer dia triste, virar dia de alegria, de festa, e de comemoração.
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Olá amores, estão gostando da fic? cadê meus leitores, ninguem comenta, ou demonstra interesse, se está ruim comentem me dando dicas para melhorar, quero fazer o melhor para vocês, então quem está lendo comentaaaa, bjooos
Que ver que Cristina roubou Nicole e ela é irmã da kemy séria massa para cara da Nicole, e por isso o pai dela é doente... continua por favor
ResponderExcluirTaquepariu �� Tu só acaba com as minhas teorias Kkkkk Tô amando ��
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