quinta-feira, 28 de julho de 2016

19º Capitulo

*Nicole on.

Acordei com dor de cabeça, e mal me lembrava do que havia acontecido ontem, com a maior preguiça do mundo puxei meu celular que estava no meio das minhas cobertas e vi que já eram 15:00 h da tarde, então teria que levantar logo, mesmo não tendo a minima disposição. Tomei um banho, e coloquei uma roupa qualquer, estava afim de ficar em casa o dia inteiro, e talvez sair á noite para não ter que aturar o meu pai, e foi pensar nele que me lembrei mais ou menos o que aconteceu, a unica certeza que eu tinha era que mais uma vez ele arruinou minha noite. 

-Bom dia Cidoca-disse a cumprimentando enquanto ela lavava louça na cozinha
-Bom dia Nick, ta com fome?
-Tô, fez o que de almoço?
-Seu pai saiu cedo e disse que comeria fora e até agora não voltou, quer comer o que Nick?
-Faz um lanche pra mim então, não tô afim de comida mesmo-disse indo até a fruteira e pegando uma banana

Fiquei comendo minha banana e conversando com Cida que preparava o meu lanche. Assim que acabei de comer fui subir novamente para o meu quarto e escuto meu pai chegar em casa, ia subindo as escadas sem o dar importância até que o escuto me chamar.

-Nicole?
-Oi-falei ainda subindo as escadas sem o olhar
-Nicole, precisamos conversar
-Pai você já acabou com minha festa ontem, então não precisa me falar mais nada, eu já sei tudo o que tem pra me dizer
-Tem certeza?-disse subindo as escadas logo atrás de mim e parei para o encarar-vamos para o seu quarto Nicole

Seguimos para o meu quarto e meu pai estava com uma expressão séria, muito séria mesmo e tinha certeza que vinha chumbo grosso pro meu lado.

-Nicole, você sabe o quanto te amo minha filha-disse olhando em meus olhos e eu via que ele não estava bem-mas o que você fez ontem me fez repensar seriamente sobre você, e se eu te eduquei da forma certa
-Olha pai, desculpa ta, eu só queria me divertir com os meus amigos e...
-Nicole eu sei, você queria se divertir, se mostrar, e fazer eles ver que você pode tudo nessa casa, mas as coisas não são assim Nicole, você ainda é minha filha e tem que me obedecer, tem que pelo menos ter respeito comigo, e ultimamente você mal tem falado comigo, que mal eu fiz pra você? eu apenas te dei todo amor do mundo, te dei tudo o que você pedia e mais além, será que eu merecia uma filha como você?-dizia me olhando com uma expressão que eu não conseguia decifrar
-Ta bom pai, desculpa, eu...
-Não Nicole, dessa vez pra mim já deu-disse respirando fundo-eu já resolvi tudo, só falta você arrumar suas coisas, pois a partir de hoje você vai morar com a sua mãe
-O QUE?-o perguntei sem acreditar nessa palhaçada-pai ta de brincadeira comigo? hoje não é dia primeiro de abril, e isso não tem graça
-Não é pra ter graça Nicole, eu nunca falei tão sério na minha vida, vou mandar a Cida vir arrumar suas coisas-disse virando as costas pra mim e saindo dali
-PAI NÃO FAZ ISSO COMIGO, PAI-fui atrás dele e ele me ignorou entrando em seu quarto trancando a porta-PAI, POR FAVOR, PAI-eu já não controlava minhas lágrimas-NÃO FAZ ISSO COMIGO, POR FAVOR, PAI EU NÃO QUERO, PAAAAAI-o gritava, esmurrava a porta e ele não abria
-Meu Deus Nicole, o que aconteceu?-disse Cida chegando ali assustada
-Meu pai não me ama mais Cida-disse caindo no choro e a senti me abraçar
-Não diz isso Nick, o seu pai ama você, se acalme
-Não Cida-eu apenas chorava-porque ele fez isso comigo? PORQUE? PAAAAAAAI-comecei a gritar e bater em sua porta novamente
-Nicole tente se acalmar, vai pro seu quarto que eu tento falar com o seu pai
-Não Cida, ele não me quer mais nessa casa, e quer saber-disse enxugando minhas lágrimas-vou agora mesmo pegar minhas coisas, e sair dessa casa

Estava fora de mim, abri várias malas e comecei a enfiar minhas roupas, sapatos e todas as outras coisas lá dentro de qualquer jeito, eu estava com raiva do meu pai, foi ele quem quis assim, se ele me quer morando com minha mãe então eu vou, mas a partir de hoje ele morreu pra mim. Cida correu pro meu quarto tentando me acalmar, e apenas a pedi para me ajudar a arrumar minhas coisas. Era inevitável não chorar, enquanto fazia as malas eu chorava feito criança, nunca imaginei que meu próprio pai faria isso comigo, foi a pior humilhação, a pior dor, a pessoa que mais dizia me amar me expulsar de casa, foi definitivamente o fim pra mim.

-Cida obrigada por tudo, eu amo você-disse a abraçando após colocar minhas coisas em meu carro
-Nicole fica e conversa com seu pai, ele tava nervoso e...
-Não Cida, eu não tenho mais pai, obrigada por sempre cuidar de mim, nunca vou me esquecer de você
-Nicole...-disse Cida não segurando as lágrimas e chorando ao me abraçar
-Preciso ir Cida-disse tentando me fazer de forte e enxugando minhas lágrimas-adeus
-Vai com Deus menina Nicole, cuidado ao dirigir, e se cuida-disse me dando um beijo na testa

Foi a pior dor da minha vida, me despedi de Cida e segui rumo ao condomínio onde minha mãe morava, eu não sabia ao certo onde era, pois só sabia dela pelo o que eu via falar em revistas e sites de moda. Assim que cheguei em frente ao condomínio, como ninguem ali me conhecia não me deixaram entrar, o que me frustrou mais ainda, então pensei em ir até a agencia de Cristina, e olhei na internet para ver como chegaria até lá. 

-Quero falar com a Cristina-disse para a recepcionista assim que entrei na agencia
-A dona Cristina no momento está...
-Por mim foda-se o que ela está fazendo, avisa ela que a Nicole esta aqui
-Mas ela está ocupada
-Me fala onde é a sala daquela mulher? se não quer falar, eu procuro
-Moça você não pode ir...

Comecei abrir as portas daquela agencia e todos que trabalhavam ali estavam me olhando surpresos, até que enfim achei a sala da minha mãe e entrei assustando todos que estavam ali.

-O que faz aqui garota? você e seu pai não tem educação mesmo, invadem a sala dos outros sem nem ter permissão-disse me olhando nervosa
-Eu não vim atrapalhar, eu só quero sua liberação pra mim entrar no seu condomínio, ou esqueceu que agora vou morar com você... mamãe-disse em tom de ironia
-Garota sai daqui, tem razão do seu pai não suportar você
-Moça vem comigo-disse a recepcionista me tirando dali

Me sentei em uma cadeira que tinha em um corredor, e me pus a chorar, não me importei com as pessoas que estavam ali me vendo, minha vida já estava uma droga mesmo. Não demorou para saírem as pessoas da sala de Cristina e todos me olhando curiosos, outra vez entrei em sua sala e ela já revirou os olhos me vendo.

-Garota pensei que você tinha ido embora, o que quer aqui?
-Cristina, meu pai disse que vou morar com você, ele não quer nem olhar na minha cara, mas se não me quiser debaixo do mesmo teto que você eu arrumo qualquer canto pra mim
-Eu tô nem ai pra sua relação com o seu pai-disse rindo-mas já que seu paizinho insistiu tanto pra mim abrigar você filhinha, me espere acabar aqui e ir pra casa, e ai lá você se vira com quarto e o resto de suas coisas
-Ok, pelo menos aceitou com que eu vivesse no mesmo teto que você

Esperei Cristina fazer mil ligações, e ela só xingava as pessoas do outro lado, exigia milhões de coisas, e dizia se não estivesse do jeito dela, eles iriam refazer tudo de novo ou iriam pro olho da rua. Depois de muito esperar a vontade dela de ir embora, finalmente saímos da agência, mas cada uma em seu carro, e dessa vez tive entrada liberada quando chegamos no condomínio.

-Garota a casa é essa, procura uma das empregadas e pede pra alguma delas ver um quarto pra você, pois preciso tomar um banho e relaxar, se vira-disse Cristina assim que entramos em sua casa, e ela já foi subindo as escadas

A casa era linda e enorme como a do meu pai, e fiquei feito barata tonta ali, não sabendo para onde iria, até que encontrei uma empregada.

-Oi, eu sou Nicole
-Oi Nicole, em que posso ajudar?-me respondeu simpática
-Eu vou morar aqui agora-disse respirando fundo-sou filha da Cristina e...
-Sim, claro é pra já, vem comigo senhorita Nicole

Segui a empregada até um dos quartos do comodo de cima, e achei até confortável o quarto que ela me levou.

-Senhorita Nicole, vou trocar o jogo de cama, aspirar o pó dos móveis, e tudo mais o que a senhorita desejar, trouxe malas? quer que eu arrume suas coisas?
-Calma-disse rindo da preocupação dela-só me deixa aqui sozinha, e depois me viro com minhas coisas
-Deseja comer algo?
-Não, obrigada, mas qual é seu nome?
-Margarete, qualquer coisa é só me chamar, ou chamar uma das outras empregadas, tem a Lucia e a Norma, vou falar para elas de você, e qualquer coisa estamos a seu serviço
-Ok-disse rindo-mas me deixa sozinha Margarete, preciso descansar
-Como quiser senhorita Nicole

Então eu me encontrava sozinha naquele quarto, daquela casa que sempre repudiei, daquela mulher que nunca se importou comigo, como é as voltas que o mundo dá, meu pai nunca me escondeu que Cristina era minha mãe, quando eu tinha uns 8 ou 9 anos eu insisti pra ir morar com ela, pois queria uma mãe, queria saber como era ter uma mãe e viver com ela, não aguentei uma semana ali, pois ela me via como um tanto faz, pior mãe do mundo, me deixou todos os dias que passei ali sozinha, e dependendo de empregada para comer, tomar banho ou me vestir e o seu marido odiava minha presença ali, além de me xingar de peste quando me via pela casa, e desde então nunca mais quis saber nada dessa mulher, por isso sempre que eu fazia algo de errado meu pai me assustava dizendo que me faria morar com minha mãe, e agora com 18 anos estou aqui nessa casa horrível outra vez, pode até ser linda e luxuosa, mas as pessoas que viviam dentro dela eram vazias e podres por dentro. Minha unica distração foi meu celular, mas infelizmente logo acabou a bateria e mesmo não querendo ver ninguem daquela casa, tive que ir no meu carro buscar minhas coisas, ainda bem que Margarete me ajudou a levar as malas, e disse que organizaria tudo pra mim, mas preferi não organizar nada, pois estava com outros planos.

-Senhorita Nicole, a janta está pronta-Margarete apareceu em meu quarto para me avisar
-Prefiro comer depois, obrigada
-Tem certeza?
-Tenho, depois eu como

Passei o dia trancada no quarto, chorando, mexendo no meu celular, e quando via a foto do contato do meu pai, meu coração se partia em mil pedacinhos, eu amava demais aquele homem, e não queria que as coisas fossem assim, ele sempre foi o meu tudo, e depois que cresci fomos nos distanciando, eu não queria que isso acontecesse, e infelizmente agora ele não me ama mais, e nem me quer dentro de sua casa, essa foi minha pior dor, minha pior decepção. Entrei em meu instagram e vi que meu pai estava online pois tinha curtido foto de duas mulheres quase peladas, o que era comum ele só curtir foto de piriguete, então decidi postar algo, e foda-se o que iam falar de mim depois.


@santananick : Decepção não mata, ensina a viver... obrigada por me ensinar isso da pior forma @luansantana 😔👏👏

Assim que postei, já sai do instagram pois sabia que iria começar a chegar um monte de notificações, e eu não estava com paciência pra isso, meu recado foi dado e meu pai que se vire com explicações depois, pois eu sabia que iriam especular o porque da filha dele ter postado isso. Já se passava da meia noite, e eu estava sem fome, mas sentia sede, muita sede e então tive que me arriscar a sair do quarto, podendo dar de topa com a bruxa ou o marido dela a qualquer momento. Sai de fininho do meu quarto, e pelo visto estavam todos dormindo, ou não, pois se ouvia gemidos, gritos, risos ou sei lá o que era aquilo vindo da ultima porta do corredor, deveria ser Cristina e seu marido, então respirei aliviada pois com certeza não sairiam dali tão cedo. Desci as escadas, e vi dois vultos correndo no meio da sala o que me deixou assustada.

-Tem alguem ai?-perguntei morrendo de medo, pois a sala estava escura e os vultos sumiram

Mesmo com medo fui me aproximando, e não tive coragem de ir no centro da sala olhar o que era, pensei em voltar pra trás, pensei em sair correndo, mas minha curiosidade foi maior e então fui ver o que era.

-BUUUU
-HAAAAAAAAAA-dei um grito

Vi duas menininhas começarem a rir e meu coração estava acelerado devido o grito que deram, e elas não paravam de rir de mim, certamente eram as filhas de Cristina, ou seja, minhas meias irmãs.

-Que susto, vocês não deviam estar dormindo crianças?
-Não-me respondeu uma delas-quem é você? e o que faz na minha casa?
-Eu sou a Nicole-disse me abaixando até elas que estavam sentadas no chão-sou irmã de vocês
-Mas você é grandona, a gente não te conhece-disse a outra me olhando desconfiada
-Na verdade nem eu conheço vocês-disse as vendo pela primeira vez, e eram lindas-como vocês se chamam?
-Eu sou a Maria Eduarda-disse uma
-Eu sou a Maria Clara-disse a outra-mas nós não temos irmã-ainda me olhava desconfiada
-É que a mãe de vocês nunca deve ter falado de mim, e eu morava em outra casa, mas eu sou irmã de vocês sim
-Que legal-disse a Maria Eduarda, se não me engano, já que as duas eram idênticas
-Gostaram da ideia de ter uma irmã mais velha?
-Não sei-disse a outra ainda me olhando desconfiada
-Mas o que fazem acordadas ainda? é hora de estarem na cama
-Minha mãe não liga com isso, porque você ligaria?-disse Maria Clara, eu acho, o que me deixou espantada
-Ta bom, mas quantos aninhos vocês tem?
-Seis-as duas responderam juntas
-E não estão com sono?
-Não-responderam juntas rindo
-Vocês gostam de brigadeiro?
-Que isso?-me perguntou a mais educada
-Vocês nunca comeram brigadeiro?-fiquei horrorizada com aquilo, eu desde pequena já comia brigadeiro, mesmo a maioria das vezes saindo queimado, mas era o melhor do mundo pois era meu pai quem fazia só porque eu tinha vontade
-Não-responderam me tirando de meus pensamentos
-Então venham comigo, que vou fazer um brigadeiro especial pra vocês duas

Eu ainda não conhecia a casa direito, e então as deixei me guiar até a cozinha, tomei minha água, e fiquei procurando as coisas para fazer um brigadeiro bem gostoso, e as duas se sentaram na mesa e ficaram apenas me observando e cochichando.

-Prontinho, só cuidando que ta quente-disse após finalizar o brigadeiro, e elas olhavam curiosas
-Isso que é brigadeiro?-uma me perguntou
-Sim meu amor, tenho certeza que vão amar

Peguei três colheres, e enquanto o brigadeiro esfriava fiquei as perguntando algumas coisas simples que criança geralmente costumam fazer, e elas não sabiam metade das coisas, apenas diziam que a rotina era ficar o dia todo na escola, ter aula de balé, de inglês, e depois a tia Norma as dava banho, comida e colocava pra dormir, em nenhum momento elas citaram a participação de Cristina ou seu marido na vida delas, o que me entristeceu muito. 

-Acho que o brigadeiro já esfriou, vou experimentar, e ai se não tiver quente vocês podem comer

Levei a colher de brigadeiro na minha boca e elas ficaram curiosas vendo minha reação.

-Está uma delicia, e não ta quente, podem comer meninas

Mais que depressa elas enfiaram a colher na panela e lotaram de brigadeiro, foi demais ver a carinha delas de felicidade ao experimentar o doce, e enquanto aquele brigadeiro não acabou, não saímos da cozinha.

-Foi ótimo conhecer vocês pequenas-disse as dando um beijo e um abraço assim que as deixei em seu quarto
-Nick eu ainda tô sem sono-eu as ensinei me chamar assim e achei fofo o jeito que Maria Eduarda me pediu
-Mas vocês precisam dormir mocinhas, quer que a Nick conte uma historinha pra vocês?
-Sim-disseram juntas e me olhando curiosas
-Então cada uma deita na sua caminha que eu vou contar

As camas delas era em formato de um castelo de princesa todo cor de rosa, e era uma ao lado da outra, puxei um tapete rosa que havia no quarto delas e o coloquei entre as camas me sentando ali para as contar um historinha, mas eu nunca fui muito de gostar dessas coisas, então me lembrei que quando eu era pequena e não conseguia dormir meu pai me levava para o seu quarto e inventava historias para me fazer dormir, eram as mais malucas, divertidas e melhores historias possíveis.

-Nick, ta dormindo?-perguntou Maria Clara me cutucando e me tirando de meus pensamentos
-Não-disse rindo-to aqui pensando em uma historia pra contar pra vocês, e me lembrei de uma, que aconteceu a muito, muito tempo atrás, onde duas princesinhas encontraram uma fada, e essa fada realizava desejos, e fazia coisas que essas duas princesas nunca imaginavam que existia...

Comecei a inventar, e logo fui vendo as duas fechando os olhinhos, até que dormiram, as cobri, dei um beijo em suas testinhas e apaguei o abajur para as deixar dormir, com certeza essa noite ficaria marcada em mim, foi a primeira vez que tive contato com minhas únicas irmãs e isso me fez tão bem, que dormi leve e sem nenhuma preocupação ou me lembrar que estava na casa de Cristina.

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Olá amores, desculpa a demora, tô tão sem ideia pra fic e acabei fazendo capitulo pequeno, comentem ai o que estão achando, bjooooooooos



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